quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Beetleborgs, a última série Metal Hero da Saban, completa 20 anos

Beetleborgs, heróis por acaso

Mighty Morphin Power Rangers é sem dúvida alguma um dos grandes ícones da nostalgia dos anos 90, bem como Jaspion e cia. Rendeu spin-offs como VR Troopers (adaptação americana de Metalder, Spielvan e Shaider), Masked Rider (de Kamen Rider Black RX, Kamen Rider ZO e Kamen Rider J), Os Cavaleiros Místicos de Tir Na Nog (produção de tokusatsu 100% original) e até As Tartarugas Ninja: Nova Mutação. Depois da difícil missão de juntar duas séries Metal Hero por temporada numa mesma série, a Saban Entertainment (atual Saban Brands) resolveu investir em mais uma série da franquia que esteve na TV japonesa nos anos 80 e 90.

Em 1996, a Saban lançou Mighty Morphin Alien Rangers, uma série de apenas 10 episódios que se encaixa como epílogo de MMPR e foi baseado em Ninja Sentai Kakuranger (o Super Sentai de 1994). Seguiu com Power Rangers Zeo, adaptação americana de Choriki Sentai Ohranger (de 1995). Nesse mesmo pacote, a Saban adquiriu a série Juukou B-Fighter, o Metal Hero do ano anterior, para continuar com o "legado" de Ryan Steele e seus inseparáveis amigos com as adaptações dos heróis metálicos nos EUA. Ao contrário de B-Fighter, que é de um nível absolutamente maduro e mais violento, a Saban resolveu andar na contramão e partir para uma comédia-pastelão infanto-juvenil de tokusatsu.


Os heróis na primeira temporada

Assim surgia Big Bad Beetleborgs no dia 7 de setembro daquele ano, pelo extinto bloco Fox Kids, da Fox americana. A historinha se passava numa fictícia e pacata cidade chamada Charterville onde três crianças - Drew, Jo e Roland -resolvem entrar na mal-assombrada Mansão Hillhurst. Isso para desafiar a dupla de playboyzinhos esnobes Van e Trip. Lá, o trio encontra um fantasma camarada (sem trocadilhos) chamado Flabber. Com ele estão a múmia Mums, o vampiro Conde Fangula, o monstro Frankenbeans, as cantoras multicoloridas Pipettes (também conhecidas como Flabbetes) e a estátua Ghoulum. Mas tarde eles acolhem o lobisomem Wolfgang "Wolfie" Smith. Em gratidão à amizade de Flabber para com os garotos, ele lhes concede um direito a um desejo. O trio resolve se tornar em Beetleborgs, os heróis de uma famosa série de HQs. Assim, com os dispositivos Beetle Bonders (B-Commanders em B-Fighter), Drew se transforma em Blue Stinger Beetleborg (contraparte de Takuya Kai/Blue Beet); Roland em Green Hunter Beetleborg (Daisaku Kitagiri/G-Stag); e Jo em Red Striker Beetleborg (Rei Hayama/Reddle I e Mai Katatori/Reddle II). Como poderes extras, Drew ganha o dom da telecinese, Jo da super-força e Roland da alta-velocidade.

Porém, tal desejo fez com que os vilões Magnavors (Jamahl) saíssem dos quadrinhos e tivessem livre acesso ao mundo real. Bem como invocar naves de combate e monstros com bem entendessem. O líder dos Magnavors é o fantasmagórico Vexor (Gaohm) e seus subordinados são os patéticos Typhus (Gigaro), Noxic (Schwartz) e Jara (Jera) que criam planos desde medianos até os mais imbecis. Sem muitos recursos (ao contrário do que acontecia na série japonesa), os vilões se refugiam num cemitério.


O espirituoso Flabber e alguns de seus amigos
Beetleborgs possui um outro núcleo, o Zoom Comics. A loja especializada em HQs é uma propriedade da família de Roland. Mais precisamente do seu pai Aaron e da sua avó Nano, que treina artes marciais e anda sempre de bem com a vida. Uma curiosidade inútil sobre a senhora é que ela tem medo de policiais porque pensa que eles vão lhe vender bilhetes de loteria (Cuma?!). Com eles, ajudava a adolescente Heather. Ela faz o tipo de garota mais bonita da cidade. Consequentemente é a paixão secreta de Drew, que tenta agradá-la sem ter coragem de dizer o que sente pela mesma.

Um dos episódios da primeira temporada, se passava no famoso evento Comic Con. Curiosamente aparecem os vilões Bill Goldy e Mademoiselle Q/Queen, respectivamente das séries Tokusou Robo Janperson (1993-94) e Blue SWAT (1994-95). Ambas inéditas no Brasil. Os dois foram rebatizados respectivamente como Goldex e Wingar. Vale citar que as cenas de ação reaproveitadas para o mesmo são nada mais e nada menos do penúltimo episódio de B-Fighter, onde rola a aparição de Janperson, Gun Gibson e do trio Blue SWAT. Os dois primeiros ganharam suas contrapartes americanas: Karato (Robô na dublagem) e Silver Ray, respectivamente. As cenas japonesas foram muito rápidas (como de costume em Beetleborgs) e o desfecho deixou a desejar. Quem escapou dessa bagaça foram Shô, Sara e Sig por razões bastante óbvias. Mas foi um episódio curioso e divertido, até.


Karato (Janperson) e Silver Ray (Gun Gibson) contra Goldex (Billy Gold)

Fugindo um pouco das situações esdrúxulas, Beetleborgs teve um arco de seis episódios que apresentava Shadowborg (Black Beet), um vilão perigosíssimo e talvez o mais memorável que rouba os poderes do trio de heróis. Correndo contra o tempo, o criador dos quadrinhos dos Beetleborgs, Art Fortunes (chamado algumas vezes na dublagem como Art "Fortuna"), é chamado para criar um novo herói. Seu nome é White Blaster Beetleborg (Kabuto). Diferente de B-Fighter, o herói secundário tem um alter-ego. O novo garoto boa praça Josh, que se tornou involuntariamente um rival de Drew.

A primeira temporada totalizou 53 episódios. Apesar da mesma quantidade de B-Fighter, a versão nipo-americana precisou reduzir o número de episódios japoneses para adaptação. Devido aos episódios violentos de B-Fighter que exigiam mais maturidade. Alguns monstros que aparecem são criações originais da Saban. Os últimos dois episódios fazem uma ligação com a segunda temporada intitulada Beetleborgs Metalix, contraparte de B-Fighter Kabuto (1996~97). Estreando Nukus (Raija), um vilão superpoderoso de outra história de HQ mais inteligente, estrategista que os próprios Magnavors. Nukus surge praticamente humilhando Vexor e seus capangas (ou seriam capengas?) armando ciladas devastadoras contra os Beetleborgs.


A vilania formada pelos Magnavors

Em Beetleborgs Metalix, os novos inimigos são os Crustaceans. Ironicamente os monstros da semana são criados pelo irmão mais velho de Art, Lester Fortunes, a ovelha negra da família do autor de quadrinhos. Por ele também foram criados os vilões principais da segunda temporada Horribelle (Miolra), Vilor (Dezzle) e os soldados Dregs (Bodyguards).

Em contrapartida, Fortunes cria novas armaduras para o trio. Drew passa a se apresentar como Chromium Gold Beetleborg (Kouhei Toba/B-Fighter Kabuto), Jo como Platinum Purple Beetleborg (Ran Ayukawa/B-Fighter Tento) e Roland como Titanium Silver Beetleborg (Kengo Tachibana/B-Fighter Kuwager). Obviamente como novos poderes, novas armas e novos mechas. No meio da temporada surge o quarteto Astralborgs (Shin B-Fighter), formado por Dragonborg (Mac Windy/B-Fighter Yanma), Fireborg (Julio Rivera/B-Fighter Genji), Lightninborg (Li Wen/B-Fighter Min) e Ladyborg (Sophie Villeneuve/B-Fighter Ageha). Diferente da versão original, os heróis extra não possuem alter-ego.


Balanço da série


Os Beetleborgs Metalix e os Astralborgs

A interação das cenas japonesas são pequenas se comparadas às demais séries tokusatsu da Saban. Basicamente há cenas de batalha dos mechas, dos heróis e tchau. As lutas não chegam ser tão intensas como nas duas séries B-Fighter. Nisso, Beetleborgs perde para VR Troopers. Lá houve um bom (ou mal) proveito das cenas de ação das séries originais. Aliás, se pesarmos na balança, VR Troopers é bem mais adulto que Beetleborgs (sendo que ambas ficam devendo às séries que lhes deram origem, veja bem). Uma pena não vermos o monstro da semana explodir ao ser derrotado, pois eles retornam aos quadrinhos. Até surgem momentos engraçadinhos. Nada que uma boa montagem não conciliasse.


Shannon Chandler, a primeira
 Jo hoje em dia
A versão americana é praticamente desprendida das situações impostas pelas séries japonesas e seguem rumo independente. Um pouco mais que VR Troopers e com uma carga a menos na adaptação, considerando que aqui há uma contraparte específica pra cada temporada. Provavelmente a presença da temática de Halloween e Transilvânia tenha sido embalada pelo sucesso da série Goosebumps (exibida no Brasil pela GloboFox Kids e atualmente disponível na Netflix com redublagem), que já era exibida nos EUA desde 1995. Além da mesma ser distribuída pela Saban InternationalA ideia de transformar crianças em super-heróis, convenhamos, é válida. Afinal, quem de nós não gostaria de ser um Jaspion, um Ultraman ou um Kamen Rider da vida, né? Alguns momentos dá pra se divertir de letra. Em outros você pasma ao ver situações constrangedoras. São exemplos como uma espiã chamada Monstella, o primo de Drew e Jo que pensava ser um Beetleborg (é preciso que se diga que o pivete é mais mala que qualquer criança de série japonesa), bandidos que assaltaram um banco usando (é sério!) uma sacola de supermercado na cabeça, etc, etc, etc. De vez em quando havia uns excessos de "fantasmagoria" cômica. Sem contar no meio da primeira temporada a atriz Shannon Chandler (ela pode ser vista no filme Gasparzinho - Como Tudo Começou, de 1997) sai da série e quem a substitui é a pequena Brittany Konarzewski. Ou seja, Jo teve uma mudança de rosto. E a desculpa? A mais esfarrapada que a Saban já arrumou. É preciso que se diga que em Jukoou B-Fighter houve uma mudança de atriz em volta da heroína Reddle. O alter-ego mudou, porém sem transição. Tudo feito na cara dura pela Toei. Perde apenas para a mudança da atriz da Jo da versão americana que foi pra lá de absurdo.

Outra coisa que atrapalhou no desenvolvimento das batalhas é a descontinuidade da sequencia de episódios de B-Fighter. Durante a série original, os heróis ganham novas armas e mechas. São detalhes que teriam que ser comentados de um por um episódio pra comparar. Falando em armas, os Sonic Lasers dos heróis americanos são de cor púrpura, mas nas japonesas aparecem lampejos dos Input Magnums com a cor cinza. Talvez seja algum tipo de "impacto" comercial. A sorte é que as armaduras vistas nas cenas americanas são cópias legítimas importadas do Japão. Por isso a perfeição. Nada de trajes risíveis e mal feitos como víamos em VR Troopers.

Big Bad Beetleborgs pode ser encarada como uma "paródia" de B-Fighter. O que dá pra comparar mesmo são as cenas de ação e nada mais. Beetleborgs consegue agradar às vezes e entediar em outras com situações infantiloide. Algumas vezes chega a ser abusivo a ponto de subestimar a inteligência das crianças da época. Pra não dizer que a série não valha a pena (pelo menos pra atiçar a curiosidade de analisar), Flabber é gênio. Poderia ser muito bem interpretado pelo saudoso Robin Williams, pois a performance do fantasma lembra diversas vezes a Sra. Doubtfire do filme Uma Babá Quase Perfeita (1993). Os seus amigos também fazem seus gracejos. Quando você assiste a Beetleborgs, a impressão é de que boa parte dos problemas se resolvem em Hillhurst. Ás vezes os malinhas Van e Trip é quem dão corda pros visitantes da cidade. Por outro lado, os tema sobre fantasmas ajuda na diminuição de uso das cenas de B-Fighter.

Beetleborgs é a série menos lembrada por mancheteiros e haters da Saban (quando vão externar suas raivinhas na internet por causa de meras séries de TV japonesa). Motivo? B-Fighter nunca foi exibido no Brasil. (Manchete, esses teus órfãos, é o seguinte...) Aliás, não daria tempo da série vir pra cá pois a janela que separava o final de B-Fighter no Japão e a estreia de Beetleborgs nos EUA foi de apenas seis meses. Dentre os spin-offs de Power Rangers que serviram de adaptação de tokusatsu original, Beetleborgs fica em terceiro lugar no rankings das adaptações mais trashes da história da Saban. Perde para Masked Rider (merece o primeiro lugar por ser uma série burra) e VR Troopers (tentou ser séria, mas ficou hilariantemente por forçar em duas adaptaões num mesmo programa). As cenas japonesas valem sim por despertar a curiosidade dos fãs antigos e novos a assistirem aos Metal Heroes originais. Que digam os americanos. Pois tanto Beetleborgs quanto B-Fighter ainda possuem um nicho fiel nos EUA onde há divulgação e comentários entre os fãs locais.


Heróis por Acaso


O encontro dos Beetleborgs Metalix com 
Power Rangers Turbo num especial em HQs
No Brasil, Beetleborgs foi exibido primeiramente na TV por assinatura pela extinta Fox Kids, quando inaugurada no final de 1997. A Globo exibiu no início de 1998, inicialmente às quartas-feiras às onze da manhã no Angel Mix (apresentado pela Angélica). Fazendo rodízio com outras séries infanto-juvenis da época que eram inéditas na TV aberta. Ainda com a estranha mania de trocar títulos sugeridos pelas distribuidoras, a Globo apresentava o programa como Heróis por Acaso(NOTA: Não confunda com Herói por Acaso [My Secret Identity], de 1988-91, também exibida na Globo nos anos 90.) A primeira exibição foi curta, porém os demais episódios só foram exibidos em meados de 2000, durante as madrugadas dos reclames do plim-plim. Atualmente as duas temporadas de Beetleborgs podem ser vistas pelo canal de streaming Netflix. A dublagem clássica permanece. Mas alguns episódios infelizmente foram redublados. Sem dúvida a mudança mais gritante foi com a troca de voz do Drew.

Em novembro de 1997 acontecia o crossover Power Rangers Turbo vs. Beetleborgs Metalix nos quadrinhos. No ano seguinte, alguns monstros de Beetleborgs foram reaproveitados num episódio de Power Rangers no EspaçoEm 2002, no episódio 34 de Power Rangers Força Animal, acontecia algo hilário. Shadowborg aparece como General Venjix (dublado por Archie Kao, o Kai/Ranger Azul de Power Rangers na Galáxia Perdida), o líder dos Cinco Generais. Na sequencia vemos Green Hunter Beetleborg como Gerrok (dublado por Walter Jones, o Zack/Ranger Preto de Mighty Morphin Power Rangers), Ladyborg como Tezzla (dublado por Catherine Sutherland, a Kat/Ranger Rosa de MMPR, Zeo e Turbo), Fireborg como Automon (dublado por David Walsh, a voz do Centurião Azul de Power Rangers Turbo) e Dragonborg como Steelon (dublado por Scott Page-Pagter, produtor e dublador do vilão Porto em Power Rangers Turbo). Não tem como não lembrar dos personagens "originais" apesar de uns "retoques" nos trajes. Pode ser considerado como uma referência a Beetleborgs, mas o único vilão a ter feição maligna foi Venjix, por motivos óbvios. Isso pode ser visto no épico "Forever Red", que serviu de comemoração aos 10 anos dos esquadrões multi-coloridos estadunidenses.


Power Rangers e Beetleborgs juntos?

Um comentário:

  1. Mas para mim a pior série da Saban foi TMNT Next Mutation que não
    tinha a desculpa de adaptar uma série japonesa, conseguiu ser bem
    mais boba que o desenho antigo das tartarugas e ainda deram origem
    ao único episódio ruim de Power rangers in Space.

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