sábado, 30 de abril de 2016

Pela última vez: Jaspion e cia redublado é só e somente só um boato

Jaspion redublado? Quem foi que disse essa sandice?

Faz quase um ano que a Sato Company divulgou a aquisição das séries de tokusatsu Jaspion, Changeman, National Kid, Flashman, Jiraiya e Jiban e que em breve as mesmas estarão na Netflix. (Antes que me perguntem sobre Kamen Rider Black, assista esta entrevista do Nelson Sato para o site Jbox) Nada oficial no momento pelo serviço on demand de streaming, mas vai rolar. Se você acompanha o canal Tokudoc, do amigo Danilo Modolo, deve saber da informação que ele obteve em primeira mão sobre o motivo da demora. Assista neste link.

Então, em plena era digital e informações a mais de oito mil, a falta de informação ainda impera em alguns pontos das redes sociais. A internet facilitou também o espaço para a boataria. Por exemplo, numa página do Facebook é possível você ver comentários desavisados do tipo "ah, que legal", "quando é?", "vão passar todos os que passaram na Manchete". Tem também do tipo "burocracia da Toei" (Cuma???) e por aí vai.

A falsa nota que mais me incomoda é sobre a suposta redublagem. Isso porque alguém da imprensa interpretou errado quando a nota exclusiva do Jbox falava sobre o custo de dublagem de uma série inédita como Garo (outra aquisição da Sato Company) e confundiu com a dublagem das séries clássicas. Desde então isso viralizou como se fosse mesmo verdade. Sendo que o próprio Jbox desmentiu o assunto numa nota sobre a aquisição do anime Street Fighter II pela distribuidora. Isso não vai acontecer, até onde realmente se sabe, e há chances sim de vir com a dublagem clássica. Redublagem representa mais gastos e a Sato não conseguiu bancar a dublagem do filme Mordomo de Preto, que foi uma exceção dentre os vários títulos licenciados da Sato e que ganharam dublagem.

Então, antes de espalhar boatos e acreditar em qualquer baboseira, pesquise. Nesse meio tempo eu já vi muitos fãs (da Manchete, óbvio) acordando do inverno como se fosse urso, sites não especializados em tokusatsu noticiando com meses de atraso e teve até quem teimou dizendo que "isso é um boato da própria Sato já que a Netflix não confirmou nada ainda". De boa, seja fã de tokusatsu, mas não viaje demais no saudosismo. Um pouco de atualização, boa informação, bom senso e pés no chão não faz mal a ninguém. E digo mais: o mal do brasileiro vem por não pesquisar sobre licenciamento antes de fazer qualquer mimimi por aí.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Série clássica de Sailor Moon estreava há 20 anos no Brasil

As marinheiras que agitaram os fins de tarde da Manchete

Sailor Moon ainda é uma marca forte no Japão e é uma das grande referências dos animes shoujo. E nesta sexta-feira (29) a série clássica completa 20 anos de sua estreia no Brasil. Alguns se referem à esta fase como "Sailor Moon Classic", o que é errado por não ser um título oficial registrado (e ainda por cima inventado por algum fã).

Enfim, durante as primeiras chamadas da Manchete, nos idos de 1996, fiquei curioso pra saber que desenho era aquele onde uma loirinha dizia "pelo poder do prisma lunar" e tinha uma transformação bem diferente e bonita até. Apesar de fugir um pouco da linha poética/romantizada da autora Naoko Takeuchi, o anime de Sailor Moon possuiu episódios fillers isolados para ganhar tempo com o andamento do mangá e foi carregado de comédia. O que não é ruim, apesar de alguns puristas afirmarem que é a primeira versão produzida pela Toei Animation "não é legal". Nada de tão boboca como uma Super Doll Licca-chan ou uma Super Pig, por exemplo.

Se tem uma coisa que a primeira série de Sailor Moon me faz ter arrepios até hoje é a sua trilha sonora. Principalmente as BGMs de transformação (tanto para Sailor quanto para disfarce). Certamente os mais novinhos não vão sentir nada disso, mas quem viveu a época de ouro dos animes na Manchete sabe do que eu tô falando. Eu pelo menos não consigo descrever tamanha emoção.

A Manchete precisava de algo diferente pra não ficar na mesmice das reprises de Seiya e cia. Sailor Moon foi a primeira a surgir por lá numa leva de novos animes que estavam chegando à saudosa emissora carioca dos Bloch e em outros canais como SBT e Record, por exemplo. Foi a primeira depois da febre de Os Cavaleiros do Zodíaco, apesar de não ter sido popular entre as meninas como a Samtoy queria e ter seus produtos encalhados nas lojas. Bom, fez sucesso com os garotos (como eu) que acompanhava e estava em casa antes das cinco e quarenta e cinco da tarde.

A dublagem era da Gota Mágica, a mesma de CdZ entre 1994 e 1995. Marli Bortoletto até hoje é lembrada por seu trabalho como a "marinheira lunar". Com direção do grande Gilberto "Saga de Gêmeos" Baroli, a tradução foi feita em cima das masters com dublagem mexicana. Infelizmente o elenco de dublagem do anime original de Sailor Moon não voltou para dublar as séries seguintes (R, S, Super S e Stars). Nos anos 2000 estas mesmas foram exibidas no Cartoon Network, com distribuição da Cloverway. Não houve informação da empresa que a primeira série passou nos anos 90 - apesar dos avisos dos dubladores - e obviamente causou um susto no espectador ao ligar a TV e se deparar com outras vozes. Ainda sobre a Gota Mágica, um erro grotesco foi cometido. É que a direção só notou que Darien (Mamoru no original) e Tuxedo Mask são a mesma pessoa depois dos primeiros episódios. (Pô, Gilberto! Ajuda aí, meu!) Daí a mudança de voz de Darien como civil. A primeira versão brasileira de "Moonlight Densetsu", feita por Mário Lúcio Freitas (dono da Gota Mágica e responsável por tantos outros temas nacionais de animes da época), se tornou um dos hinos da nostalgia noventista no Brasil. Quem cantava era sua esposa, Sarah Regina que é uma profissional competente que deixou sua voz marcada em animes como Angel, Cavaleiros, etc.

Se você é daqueles que passou a conhecer Sailor Moon através da série Crystal, dê uma boa googada e se divirta. Comparar as situações serão inevitáveis e melhor ainda se for de mente aberta.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Tokusatsu e binge-watching: a combinação que irá declarar oficialmente o obituário do velho formato da TV

Ultraseven X é a mais nova série tokusatsu no Brasil (Foto: Divulgação/Netflix)

A grande parte do público que curte tokusatsu no Brasil viveu a geração Manchete e alguns a geração dos heróis cult como Vingadores do Espaço, Robô Gigante, Spectreman, Ultra Q, Ultraman, Ésper, etc. No geral, a era do tokusatsu na TV brasileira se deu entre a estreia de National Kid nos anos 60 até a última exibição de Ryukendo em 2011. (Rede Brasil e derivados que fazem transmissões piratas não contam. Por favor, não insista.) Isso sem contar com eventuais exibições de Power Rangers. Aos poucos os resquícios da era em que as emissoras andavam na contramão das tradicionais exibições semanais da TV japonesa para exibir os episódios de tokusatsu diariamente está chegando ao fim.

Hoje estamos em uma nova era em que o tokusatsu está crescente nos serviços oficiais de streaming. Por enquanto apenas a Netflix e a Crunchyroll são os que possuem títulos do estilo em seus catálogos. É fácil encontrar séries e filmes das franquias Ultraman e Power Rangers. Daqui a pouco haverá o a invasão dos clássicos da era Manchete. Não dá pra reclamar nem muito menos dizer "o Brasil não tem mais tokusatsu". Isso é balela, coisa de saudosista que ficou escorado no paredão do tempo.

Quem é marinheiro de primeira viagem e está começando a acompanhar o tokusatsu por estes meios (ou mesmo série inéditas no Brasil por meios alternativos) provavelmente deve estar passando pelo efeito de maratonas chamado binge-watching e não faz ideia do que é esperar dias/semanas para chegar até o final da série. Vou mais longe: imagine ter que esperar cerca de dois anos e meio para ver o final do Jaspion e reprises infindáveis segurando o suspense e a audiência.

Maratona não é uma novidade de hoje, mas está se tornando uma coisa comum em vários nichos da cultura pop. Coisa que se deve à influência positiva da Netflix e isso se elevou mais ainda nos últimos três anos com o crescimento das suas Originals (séries exclusivas que consequentemente recebem o selo do serviço). Indo para o lado das séries japonesas - anime e tokusatsu, a TV japonesa ainda exibe suas séries semanalmente com cronogramas de médio/longo prazo para concluir. Dificilmente essa realidade irá mudar. Tal elemento é o forte dos serviços como Crunchyroll e Daisuki. Por um lado isso é bom pois ainda existe o hábito de comentarmos episódios semana após semana (e, sem desmerecer, nos livra dos atrasos das fansubs). Quem me acompanha por este blog percebe que isso é uma das coisas que alimenta a coluna, apesar de requerer tempo, foco e um certo drible pra acompanhar as principais séries do momento.

O efeito binge-watching tem uma vantagem: Ultraseven X, por exemplo, foi lançado em 1 de abril. Por questão de tempo e de compromissos eu ainda não consegui pegar um domingo inteiro para torrar todos os 12 episódios. O jeito foi assistir um episódio por dia e concluir dessa forma. Mas muita gente conseguiu assistir em uma ou duas sentadas. Já fiz essa experiência com algumas séries e é bacana você acompanhar tudo de uma vez. Você não fica dependendo de horário de TV e você mesmo cria sua própria grade. Sabe, você até esquece que a TV existe e não fica por aí pedindo pra ver alguma série ou filme japonês na TV. Não tem como mais. Daí vem a parte dramática da história, a série acaba mais rápido e você quer ver uma ou outra série. Em outras palavras, é uma "ejaculação precoce" de séries.

Agora estamos no final de abril. Ultraseven X estava muito badalado nas duas primeiras semanas e ainda mais pela dublagem surpresa. Já não é mais novidade pra ninguém e em menos de um ciclo inteiro da lua o lançamento virou uma nota fria. Aumentou mais ainda a expectativa de ver Garo na Netflix que em questão de poucos dias de lançamento vai ficar pra trás. É um lado que gera uma certa pressão pra assistir e acompanhar os lançamentos. Nem sempre é fácil.

Como blogueiro, a minha vontade é de assistir tudo. Ainda tenho muitas séries e filmes na lista pra assistir. É angustiante você não poder assistir a tudo quando se tem outras prioridades pessoais, metas pra alcançar, interesses variados e vontade pra respirar outros ares. Mas faz parte da vida de quem toca o barco. Confesso que sou meio tradicional ainda e assisto uma ou outra série por semana. É o que eu faço atualmente com Ultraman Leo, por exemplo. Um ritmo ainda antiquado (brincar de TV japonesa) diante aos novos tempos, confesso, mas que estou procurando me adaptar e deixando de lado o antigo formato. É algo que preciso fazer e dividir as séries que chegam de uma vez por temporada, sendo que esse fato é uma realidade no cenário da cultura pop japonesa. Mas não é fácil quando olho pra imensidão de programas que quero assistir (e resenhá-las) e outras que eu tenho e quero fazer. Sei que vou conseguir com o tempo. Bem, cada um tem o seu próprio ritmo. O importante é que as séries estão disponíveis pra vermos quando quisermos e a hora que quisermos. Essa é a vantagem que mudou o jeito de acompanhar essas tralhas inúteis que a gente tanto gosta.

Os nichos do cinema, das séries americanas e dos animes estão evoluindo. Restam alguns fãs do "verdadeiro tokusatsu" saírem da estagnação, acordarem pra vida e enxergar esse caminho pro futuro.

Haruka é a maior Don Juan da história de Sailor Moon Crystal

Haruka no momento em que conversava com Usagi (Foto: Reprodução/Crunchyroll)

Não sei qual a sua reação ao ver semanalmente Sailor Moon Crystal. A terceira temporada está em sua quarta semana e, como eu disse dias antes da estreia, Haruka e Michiru brilhariam mais que a própria Usagi e seu amado Mamoru. O casal gay está causando e roubando cenas. Haruka tem mais impacto por ser mulher e trajar como homem. Já era de se esperar, pois a história é fiel ao mangá original de Naoko Takeuchi e os tons ganham um toque de romantização na TV.

Foi aí que surgiu uma cena pra lá de inusitada, por mais séria que seja. Usagi já vem suspeitando que Haruka é parecida com Sailor Uranus. Os dois (digo, digo, as duas) se encontram e Haruka posa com charme de "Don Juan" pra cima de Usagi lhe entregando convites para o concerto de Michiru e um pouco mais de papo cá e charminho pra lá. O curioso é a reação de Usagi que fica confusa ao pensar se Haruka é homem ou mulher. Rolou até uma BGM (trilha de fundo) que toca profundamente e tal.

Entenda, meus comentário não são pra apoiar nem desapoiar o lesbianismo. Mas isso vem sendo bem engraçado em Sailor Moon Crystal. É que Haruka tem ganhado um tratamento mais fidedigno ao mangá e isso está caindo bem na atual versão do que na versão antiga dos anos 90 que tinha uma pegada mais cômica. O jeitão sexy de Haruka ser é confuso pra quem não é um bom observador e esse "suspense" na trama é que acaba divertindo involuntariamente o telespectador. Não tem jeito.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Ultraman a la Decade; é tudo o que a Tsuburaya precisava para as comemorações de 50 anos do clássico

Hideo Ishiguro como Gai Kurenai/Ultraman Orb

Neste fim de semana a Tsuburaya anunciou oficialmente a série Ultraman Orb. O novo membro da Família Ultra tem estreia marcada para o dia 9 de julho de 2016, dentro do bloco New Ultramen Retsuden. Para quem não sabe, este programa está no ar desde julho de 2011 e outrora era chamado apenas de Ultraman Retsuden (apresentado nada mais e nada menos por Ultraman Zero). Desde o último dia 2 de abril o bloco inaugurou seu mais novo horário na faixa das nove da manhã de sábado (o quarto desde o lançamento). Até março era exibido às terças-ferias no começo da noite e ocupou a faixa por dois anos.

Isso significa que se Ultraman Orb for lançado mundialmente via streaming pela Crunchyroll, assim como Ultraman X no ano passado, nós brasileiros poderemos acompanhar a nova série todas as sextas à noite (a partir de 8 de julho), se tudo der certo. Sinceramente espero que as fansubs ajudem nesse ponto, não pirateiem Ultraman Orb e aprendam a incentivar os títulos oficiais por aqui (coisa que fansubs de outros países fazem em respeito). Pois já é bastante difícil ter materiais oficiais de tokusatsu no Brasil e (vamos ser honestos, amigos) a Tsuburaya não está investindo dinheiro pra ser torrado por cópias ilegais, presumindo que a série tenha ou venha a ter DIREITOS em nosso país. Os fãs tem que ter essa consciência, ajudar o tokusatsu no Brasil e parar de reclamar de barriga cheia. Aliás, nada melhor do que você assistir com todo mundo ao invés de atrasar e ficar esperando o fim de semana passar pra assistir, né? Milagres de uma "arara vermelha" com uma "garça violeta" que não dá pra trocar de experiência.

Voltando sobre a série: Gostei de saber que o novo herói poderá se transformar em outros Ultras. Coisa que já vimos em séries da Toei como Kamen Rider Decade e Gokaiger. Ambas foram comemorações de Kamen Rider e Super Sentai. Nada mais justo num ano de comemoração de 50 anos do Ultraman original. Agora o interessante é que até aqui foram divulgadas três formas alternativas de Orb. A primeira é uma fusão entre Tarô e Mebius, a segunda entre Zero e Jack e a terceira entre o Ultraman original e Tiga. Haverá também elemento de cards assim como em Ultraman X. O que não é exclusividade da Tsuburaya. Outro fato que me chamou mais atenção no anúncio foi a declaração do diretor Kiyotaka Taguchi que disse que a produção quer fazer um Ultraman com "ideias livres". O que provavelmente deve prender atenção do público e atrair novos fãs.

Já estou fazendo a contagem regressiva e na expectativa de acompanhar religiosamente Ultraman Orb antes de dormir nas madrugadas de sexta pra sábado.

Batalha entre Goku e Hit poderia ir longe demais em Dragon Ball Super

Goku e Hit nas finais do torneio

Poderíamos ter uma luta de vida ou morte na penúltima rodada do torneio entre os guerreiros do Sexto e do Sétimo Universo. O embate entre Goku e Hit estava chegando aos limites. Tanto que Goku pediu para suspender as regras da competição. Seria demais, pois Hit é um oponente periculoso e poderiam matar Goku com todas as suas forças. Repare, Goku queria ver o poder máximo de Hit, mas sabe-se que suas técnicas são assassinas. Por outro lado, o guerreiro mais poderoso do universos alternativo respeitou as regras e não usou de trapaça como o seu colega Frost (a contraparte de Freeza).

Goku resolveu abrir mão do jogo para um dia lutar novamente contra Hit e longe de regras. Isso jogou a vitória do Sétimo Universo contra a parede. Só não foi na lata do lixo por causa do estranho golpe do Monarca. Hit perdeu apenas com um golpe de um guerreiro baixinho que aparenta ser fracote. Não sei se foi subestimação minha ou se Hit caiu de propósito. A impressão de que tive no começo foi de que Hit foi de que aquela luta não valeria a pena e se entregou. Goku era um guerreiro bem mais forte e digno de uma luta empolgante a ponto de medir forças.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Revisitando os Ultra filmes no Brasil #6 - Superior Ultraman 8 Brothers (2008)

Os oito irmãos Ultra

Com o sucesso do filme Ultraman Mebius & Ultraman Brothers - Yapool Ataca! nos cinemas japoneses em 2006 (leia mais aqui), a Tsuburaya criou uma expectativa no ano seguinte para mais um filme do Ultraman agendado para o outono de 2008. Na época muito se comentava sobre uma continuação. Até que foi anunciado o filme Superior Ultraman 8 Brothers - A Grande Batalha Decisiva. A ideia foi unir os principais Ultras das eras Showa e Heisei de uma forma diferente, explorando um estranho universo alternativo e com fortes mensagens de determinação. Sou suspeito pra falar, pois dos nove filmes lançados aqui no Brasil, este é o meu favorito. Tanto pelas homenagens quanto pelas "brincadeiras" e situações que os personagens passam no decorrer da trama.

No verão de 1966, três crianças - Daigo Madoka, Shin Asuka e Gamu Takayama (os alter-egos de Tiga, Dyna e Gaia) - estão ansiosas para assistir aquela que seria a série que marcou gerações no Japão e no mundo inteiro. No dia 17 de julho daquele ano, pontualmente às sete da noite, o canal TBS estreava a série Ultraman. A partir de então os três amigos se tornam grandes fãs do programa e sonharam com o que desejavam ser quando crescerem.

O tempo passou e agora como adultos os três amigos tem o Ultraman apenas como uma lembrança da infância e abandonaram os seus sonhos. Neste universo alternativo, o trio são amigos dos casais Shin Hayata & Akiko (de Ultraman), Dan Moroboshi & Anne (de Ultra Seven), Hideki Gô & Aki (de O Regresso de Ultraman) e Seiji Hokuto & Yuko (de Ultraman Ace). Obviamente, nenhuma das esposas tem os sobrenomes de origem (e tem seus sobrenomes de casamento omitidos). Daigo é namorado de Rena, que é filha de Hayata (uma referência ao ator Susumu Kurobe e a atriz Takami Yoshimoto serem respectivamente pai e filha na vida real), e os dois ficam na incerteza de casamento.

A cidade de Yokohama passa a acompanhar um estranho fenômeno que forma uma miragem no céu. Daigo passa a ter sonhos e visões dos Ultramen. Em alguns momentos com flashes do filme anterior (como a cena de transformação dos veteranos) e do desconhecido Ultraman Tiga - que sente conhecê-lo de alguma forma. Inesperadamente, surge o monstro Gesla (da série original) e passa a atacar a cidade. Subitamente aparece o Ultraman Mebius - também conhecido pela identidade humana Mirai Hibino (que está com o cabelo mais avolumado), que detém o ataque. Por algum motivo, Mirai se perde no tal universo Superior e conta para Daigo que está seguindo uma pista que lhe havia dito para unir os sete lendários Ultraman. A partir de então começa a busca dos tais heróis e recobrar suas memórias de "vidas passadas" e deter uma força maligna que está despertando os monstros.


As gerações Heisei (à esq.) e Showa (à dir.) da Família Ultra

Superior Ultraman 8 Brothers intensifica as homenagens e procura fidelizar as referências de alguma forma. Tal propósito levou a Tsuburaya a reproduzir a vista aérea de Yokohama de 1966 através de CG, baseada em informações de imagens e depoimentos da época. O cenário deu direito a reprodução da vinheta da Takeda Yakuhin (a indústria farmacêutica que patrocinava Ultraman e demais séries que passaram pelo bloco Takeda Hour na faixa dominical das sete da noite entre 1958 e 1974) e a narração de Koji Ishizawa. Uma volta ao tempo pra quem testemunhou isso no Japão.

O que não ficou claro foi o furo na passagem de tempo. É que pela idade de Daigo, Asuka e Gamu, eles estariam na faixa dos 30-35 anos. Ou seja, a história se passaria aproximadamente no início da década de 90. Mas assistindo ao filme a impressão que fica é que a história é contemporânea a produção. Sendo assim, matematicamente o trio seria formado por cinquentões. Apesar disso, esse detalhe não atrapalha em nada na diversão e pode ser levado como uma "brincadeira" do roteirista Keichii Hasegawa, quem sabe. A única coisa que pode ser confirmada na cronologia é que a trama se passa após os evento filme Mebius & Brothers e antes do final de Ultraman Mebius. É bom lembrar que no universo Superior dá-se a entender que foram exibidas apenas as quatro primeiras séries clássicas.

Neste filme vemos o casal Hayata e Akiko administrando uma loja de bicicletas. Essa é uma referência ao episódio 30 de Ultraman Leo (a série competa está disponível no Brasil via Crunchyroll) onde Susumu Kurobe e Hiroko Sakurai participam como outros personagens e nessa mesma função. Ainda no filme, Dan e Anne são donos do restaurante havaiano San Aloha, que é frequentado por Daigo e seus amigo. Na vida real Kohji Motsurugi e Yuriko Hishimi são proprietários de seus respectivos restaurantes: Joli Chapeau e Asian Taipei. Go, Aki e sua filha Megu tocam a oficina mecânica Sakata. Uma clara referência ao personagem Ken Sakata, o irmão de Aki em O Regresso de Ultraman. Até uma foto dele (interpretado pelo falecido Shin Kishida) surge na oficina, como homenagem. Já Seiji e Yuko administram a casa de pães Pompadour, situada no bairro Motomachi. Na série Ultraman Ace, Seiji trabalhava como entregador de pães antes de se tornar integrante da TAC.

O filme faz um link interessante com o filme anterior através de "flashes" de alguns momentos de ação. Coisa de deixar qualquer fã e amante de Ultraman louco. Tem um momento engraçado que diverte bastante. Pelo menos pra quem tem, pelo menos, noções sobre as referências às Ultra Series. Ou mesmo do filme Mebius & Brothers, quando Mirai o chama de "Hayata-niisan" (Irmão Hayata), que fica sem entender nada, e agradece por ensiná-lo que "os Ultramen não são deuses". Mais legal ainda é quando Mirai chama Gô de "Jack-niisan" (Irmão Jack) e também de "Shin Man" (Shin Ultraman) e de "Kaeri Man" (Kaettekittaa Ultraman). Esses dois últimos nomes eram chamados antes do nome Ultraman Jack ser adotado a partir de 1984. E outra cena cômica é quando Mirai desesperadamente pede para Seiji e Yuko fazerem o "Ultra Touch" com suas alianças de casamento, uma vez que os dois usavam estes anéis para se transformar em Ace na série original.

Não só por trazer os heróis clássicos (e também o Tiga) de volta, mas o filme é divertidíssimo. Ou senão o melhor já trazido para o Brasil. Além de divertir o público, a trama é reflexiva e trás várias mensagem de determinação e sobre consequências de escolhas erradas. E talvez seja esse o filme de Ultraman com maior número de participações através de cameos, dentre atores conhecidos em Ultraman e em outros tokusatsus. Só pra citar: Masanari Nihei (Ide em Ultraman) como um vendedor de doces, Nao Nagasawa (mais conhecida nas séries Super Sentai como a Hurricane Blue em Hurricaneger; participou dos episódios 13 e 14 de Ultraman Max) e Kazuhiko Andô (famoso por interpretar papeis nos anos 70 em séries como Fireman, Gunbarom, Tômei Dorichan, JAKQ Dengeki tai, Battle Fever J, etc) como os respectivos mãe e pai de Daigo, Akioshi Otaki (Munakata em Ultraman Tiga) como o chefe da divisão de turismo Munakata, Shigeki Kagemaru (Shinjô em Ultraman Tiga) como o diretor da FM Yokohama Shinjô.


As esposas dos veteranos da Irmandade Ultra

Mais participações? Então lá vai. O produtor Kiyoshi Suzuki e o diretor Takeshi Yagi (que idealizou a simples representação do bem e do mal através da aparição dois personagens chaves) aparecem como figurantes no filme. Outra breve participação é do ator Kazami Shingo, que havia participado em Mebius & Brothers numa ponta, surge num cameo como Dr. Kido. Uma provável versão alternativa de Kido, seu personagem nos dois primeiros filmes de Ultraman Cosmos.

E claro. O filme reúne vários atores, em sua maioria das Ultra Series. Indispensável citar os veteranos Susumu Kurobe (Hayata/Man), Kohji Moritsugu (Moroboshi/Seven), Jiro Dan (Gô/Jack), Keiji Takamine (Hokuto/Ace) e a volta dos protagonistas da atual era Hiroshi Nagano (Daigo/Tiga), Takeshi Tsuruno (Asuka/Dyna), Takeshi Yoshioka (Gamu/Gaia) e Shunji Igarashi (Mirai/Mebius). Além de demais participações importantes como Hiroko Sakurai (Akiko em Ultraman), Yuriko Hishimi (Anne em Ultra Seven), Rumi Sakibara (Aki em O Regresso de Ultraman), Mitusko Hoshi (Yuko em Ultraman Ace), Takami Yoshimoto (Rena em Ultraman Tiga), Risa Saito (Ryo Yumimura em Ultraman Dyna), Ai Hashimoto (Atsuko Sasaki em Ultraman Gaia).

As referências não param por aí. O kaiju Giga Khimaira seria originalmente um "quimera" (como o seu nome sugere de cara) dos monstros GomoraRed King (ambos de Ultraman), Eleking (de Ultra Seven), Twin Tail (de O Regresso de Ultraman), Vakishim (de Ultraman Ace), TyrantAstromons (ambos de Ultraman Tarô) e Monsarger (de Ultraman Dyna). Possivelmente a combinação foi rejeitada por ser bastante complexa. A título de curiosidade, Tyrant foi uma mescla de outros monstros.

Superior Ultraman 8 Brothers - A Grande Batalha Decisiva era uma continuação que estava sendo bastante cogitada depois do lançamento do primeiro filme de Ultraman Mebius. As primeiras pistas divulgadas no final de 2007 já indicavam Ultraman Tiga como o protagonista ao lado dos quatro Irmãos Ultra. Enquanto os demais foram divulgados com o tempo. Quem acompanhou as notícias da época, a primeira impressão que ficou era de um "abandono às cronologias". Mas o filme criou uma enorme expectativa. Três meses antes do lançamento (que aconteceu em 13 de setembro de 2008) o filme bateu recorde de vendas de ingressos antecipados: cerca de 55 mil.

Bom, o envolvente tema principal "LIGHT IN YOUR HEART" foi cantado pela boy band V6 (do qual Nagano é integrante), que interpretou o tema de abertura de Ultraman Tiga ("TAKE ME HIGHER").


Hiroshi Nagano e sua banda V6 em divulgação do single-tema do filme

A primeira exibição brasileira de Superior Ultraman 8 Brothers se deu na noite de 18 de julho de 2010 no Canal Max (do grupo HBO) onde ganhou o horrendo título "Super Herói Ultraman: 8 Irmãos", apenas com áudio original e legendas em português. No final de 2011, a Focus Filmes lançou o mesmo em DVD num pacote que incluía outros seis filmes da franquia. Atualmente está disponível no serviço Netflix desde 1 de maio de 2015.

Na dublagem da Dubrasil/Rio Sound retornam os respectivos intérpretes brasileiros dos heróis nos filmes anteriores. Destaque para Eduardo Borgerth que voltou a atuar como Daigo/Tiga desde a dublagem de Ultraman Tiga: A Odisseia Final (em 2006 pela Áudio News). Emerson Camargo, a icônica voz de National Kid, atua (mesmo aposentado) como narrador e o Super Alien Hipporito (chamado na versão brasileira como "Hipólito"). Vale mencionar a volta de Marilisi "Shina" Tartarini (in memorian) como Aki. Curiosamente, Zodja Pereira (mãe de Hermes Baroli e que esteve junto com o filho na direção de dublagem deste e de outros filmes do Ultraman) interpreta Yuko, colecionando mais um trabalho em tokusatsu ao lado dos clássicos Jiraiya, Goggle V, Machineman e Jiban (esta última em 2011 na dublagem dos dois episódios finais).

PS: A série de post sobre os filmes do Ultraman volta daqui a duas semanas, no dia 6 de maio. Na próxima sexta teremos um especial de nostalgia aqui no blog. Schwatch!

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Mayoiga virou um reality show descontrolado e cheio de participantes burros

Masaki, vítima ou inocente? (Foto: Reprodução/Crunchyroll)

Semana passada falei sobre o anime Mayoiga um dos animes que está no ar nesta temporada de primavera na TV japonesa (e aqui no Brasil está disponível via streaming pela Crunchyroll). Lá disse que a trama - que foi classificada oficialmente pelo estúdio Diomedéa como um anime de terror, mistério e suspense - começou como uma crise de identidade. Uma "cortesia" da roteirista Mari Okada, a mesma de Kiznaiver. Outro lançamento desta temporada e é bem interessante por sinal.

Outra impressão que escrevi naquele post foi que Mayoiga parece mais um reality show e que o jeito vai ser eliminar algum ou outro participante passageiro do ônibus destinado à Nanakimura. Assisti ao terceiro episódio da série e não deu outra, a impressão continua. Digo mais: é um reality show sem controle, sem regras e cheio de participantes que mal usam a inteligência. Com raríssimas exceções.

O episódio da semana começou com um fato estranho. Masaki foi convidada por Yottsun para dar uma volta. Seria nada demais se o sujeito não tivesse um visual, digamos, malandrão. O normal seria a garota rejeitar ou dar uma desculpa qualquer pra não ir, pois um cara assim não aspira confiança alguma. Mas Masaki foi burra. Ela foi com ele, ficou um tempo inconsciente, a garota acordou com marcas e roupa amarrotada, e Yottsun fugiu. A lógica é que Yottsun se torne suspeito a partir daí. Agora, amigos, incrível como os passageiros pensaram o contrário. Que foi apenas um pega ou um amasso qualquer e até pensaram ter sido um ataque de um urso. (Oi?!) O único personagem que tomou atitude, usou a cabeça e foi atrás do suspeito foi Valkana.

Outra coisa que vem me incomodando é o Mitsumune, o protagonista da série. O carinha é o tipo do rapazote que se interessou por Masaki, fica na dúvida pelo que sente pela garota que conheceu em apenas um dia e ficou com peninha da garota. Poxa, ao menos vá atrás de saber o que aconteceu com a sua amada, meu camarada. Não fica aí parado não. Mitsumune é tão inocente que ainda defendeu Jack, um passageiro que dizem ter sido preso numa penitenciária para menores e aqui tentou matar um de seus colegas de ônibus.

Falei de eliminação noutro parágrafo? Então, Mitsumune encontrou um corpo boiando. Quem foi o óbito só saberemos no próximo episódio. Pelo menos há algo interessante em Mayoiga: teorias da conspiração. Resta saber se isso vai salvar a série desses furos e se ao menos os elementos desse tal mistério vai ser bem trabalhado.

Em Dragon Ball Super, Goku joga com o salto de tempo de Hit e é absolvido de vexames

Goku revigora suas forças

Sem dúvida alguma, Hit é o guerreiro mais poderoso do Sexto Universo. E Goku meio que serviu de "cobaia" para o crescimento do adversário neste torneio. Goku estudou todos os seus movimentos ao assistir o seu embate contra Vegeta. Ele que derrubou o príncipe dos Saiyajin com uma jogada humilhante. Ainda assim isso não tira o mérito de Vegeta, pois ele fez mais que seus colegas ao vencer três lutas seguidas.

Goku surpreendeu agora e voltou a ter aquele jeitão de sempre. Suas lutas contra Botamo e Frost (este último lhe derrotou de vez na primeira rodada) foram superadas pra tamanhos vexames que foram serem esquecidos pra todo o sempre. Goku está revigorado e jogou com a técnica de salto de 0.1 segundo de Hit. O guerreiro do Sexto Universo também analisou e jogou com os mesmos ataques de Goku. Ele não pode se transformar num Super Saiyajin, porém aumentou seu salto de tempo para 0.2 e depois para 0.5 segundos.

Goku conseguiu controlar o seu poder como Super Saiyajin Blue com a técnica Kaioken. A luta poderia acabar ali mesmo, e não vai acabar. Hit tem muito potencial pra mostrar e Goku (com sua sede de luta) não vai sossegar até ver o melhor do poder de seu oponente.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Identidades secretas de Haruka e Michiru são bobagens das mais inocentes em Sailor Moon Crystal

Elas conseguem enganar? O pior é que sim

De vez em quando histórias com super-heróis e super-heroínas tem aquela pitada de inocência. A mais clássica de todas com certeza é quando Clark Kent usa seus óculos e ninguém acha aquele rosto familiar com o Super-Homem. É coisa que a gente tira de letra e isso é padrão nas HQs da DC Comics (como a Mulher-Maravilha, por exemplo). Em Sailor Moon também há essa inocência. Os amigos mais próximos de Usagi (ou Serena pra quem prefere assim chamá-la pela versão brasileira) e sua turma nunca perceberam a verosimilhança com as Sailors.

E no episódio desta segunda (18) de Sailor Moon Crystal rolou uma coisa que arranca risos de nós adultos que estamos acompanhando uma versão fiel ao mangá original de Naoko Takeuchi (e que um dia esteve no rol dos animes infanto-juvenis). É que Haruka e Michiru já apareceram para as heroínas principais desde os primeiros minutos desta nova temporada. No final do episódio da semana passada elas apareceram para as Sailors assumindo os codinomes Uranus e Neptune, respectivamente. Ninguém reconheceu elas. A coisa só não foi mais absurda pois as duas apareceram na análise como "suspeitas" de serem as novas Sailors.

Incrível como Haruka e Michiru enganam fácil os personagens da série. Nem uma criança mais inocente cairia nessa e as reconheceriam sem dificuldades. Falando nisso, é impressionante como Haruka se porta como homem, age como homem, se veste como homem. Até suas curvas são disfarçadas e sua voz é de homem. Quase a Shima do tokusatsu Changeman. Lembrando que a seiyu de Haruka/Sailor Uranus é de Junko Minagawa, que já interpretou personagens masculinos em outros animes.

Enquanto as Sailors são "enganadas", Haruka e Michiru se divertem com elas. Uma faz papel de machão e dá em cima de Usagi e outra posa de princesinha meiga e chama atenção de Mamoru.

sábado, 16 de abril de 2016

Doraemon, a grande aposta da Sato Company para o mercado brasileiro de animes

Doraemon e Noby, a dupla atrapalhada

Um bom fã de animes que se preze já deve ter ao menos ouvido falar de Doraemon. O gato-robô que veio do século XXII é um patrimônio da cultura pop japonesa desde 1969, através do mangá de Fujiko Fujio, publicado pela editora Shogakukan. Doraemon teve sua primeira série de anime em 1973 no canal Nippon TV com apenas 26 episódios (cada um com duas histórias). A segunda na TV Asahi entre 1979 e 2005. Alguns episódios desta versão foram distribuídos pela WTC Comunicações e exibidos na extinta Rede Manchete a partir de outubro de 1992, no programa Clube da Criança (onde o bichano ganhou uma música tosca cantada por Angélica).

A atual série de Doraemon começou em abril de 2005 e está entre os dez animes mais assistidos da TV japonesa, devido a sua exibição semanal no horário nobre da TV Asahi, nas noites de sexta-feira. Os primeiros 26 episódios desta versão foram licenciados pela Sato Company e estão disponíveis desde 10 de dezembro de 2014 via streaming pela Netflix.

O personagem é bastante querido no Japão e também em outros países. Não é errado dizer que o "super gato" (como assim a loira de pinta na perna o chamava nos anos 90) é equivalente à Turma da Mônica. Em 2008, Doraemon foi eleito pelo governo japonês como o embaixador dos animes e mais tarde como embaixador das Olimpíadas de 2020 em Tóquio.


A belíssima atriz Jacqueline Sato interpretou a "Canção do Doraemon" (Foto: Divulgação/Globo)

Doraemon pode ter histórias infantis, mas não tenha intenção nenhuma de retardar e muito menos subestimar a inteligência das crianças como certos programas do gênero atualmente. Muito pelo contrário. Doraemon é diversão garantida ao lado do atrapalhado garoto Nobita Nobi. O gato azul sempre traz consigo algum aparato futurístico para ajudá-lo em situações que acabam dando errado, na grande maioria das vezes. Sempre com momentos inusitados e imprevisíveis. As histórias sempre tem um proveito de lições de amizade e reflexões. Digno para ser assistido entre família e não deixa de ser opção para tirar o estresse (ou o seu mal humor de volta, amigo), independente de idade.

Infelizmente Doraemon não teve o sucesso que merecia aqui no Brasil nos anos 90. O empresário Nelson Sato está apostando forte no anime, planejando exibições na TV brasileira e licenciamento de produtos do personagem no mercado brasileiro. É válido, pois Doraemon é uma grande referência dos animes. Além do mais, ele é um diferencial que pode um dia quebrar o preconceito de leigos que pensam que desenhos japoneses se resumem a apenas animes violentos. Eu torço pra que Doraemon se popularize não só entre as crianças, mas que também caia no gosto de jovens e adultos. E que venham mais episódios.

O tema de abertura chamado "Canção do Doraemon" ganhou notoriedade com a interpretação - e doce voz - da atriz e cantora Jacqueline Sato. Ela é nada mais e nada menos que a filha do sr. Nelson Sato (com todo o respeito, que filha linda e talentosa!) e curiosamente é prima da apresentadora Sabrina Sato, da Record. A dublagem foi realizada no estúdio Zás Trás e os nomes dos personagens foram adotados da versão americana, apesar da matriz ser da versão original japonesa.

E antes que a molecada de hoje diga que "Naruto é melhor do que isso", o ninja loiro está bem longe de ter a mesma representatividade e currículo que Doraemon. Em outras palavras, o gato-robô está anos-luz de se tornar uma passageira modinha das bandanas e das orelhinhas. Assistir Doraemon e não se deixar cativar é impossível.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Dá pra entender a proposta de Mayoiga?

Os passageiros do ônibus de viagem para Nanakimura

Quando li a sinopse do anime Mayoiga (The Lost Village) achei que a trama me levasse a mistérios sobrenaturais da meia-noite, me surpreendesse, me deixasse na ponta do sofá, que eu tomasse um susto na calada noite preta ou coisa parecida. Nem isso aconteceu. Assisti os dois primeiros episódios do anime e nem isso aconteceu.

Pra você entender o problema, Mayoiga conta sobre 30 jovens passageiros que embarcaram para uma cidade ilusória chamada Nanakimura. Cada passageiro com suas expectativas. Uns alegres, uns tristes, uns muito animados outros bem esquisitões. As pessoas que vão para lá querem ser livres de uma vida entediante.

Até aí o espectador pode esperar mesmo uma história que faça realmente jus a mistério/suspense/terror (como oficialmente é definido pela produção do estúdio Diomedéa). Só que Mayoiga vem cheio de personagens carismáticos, com ritmo engraçadinho e até rolou umas musiquinhas dessas que se cantam numa viagem feliz. Nada que venha a ser um musical ou coisa do tipo, entenda.

Outro problema de Mayoiga é o excesso de personagens. Acompanhe meu raciocínio: como um anime de apenas 12 episódios - total confirmado até o momento - vai cuidar de um 30 personagens de uma vez? O jeito vai ser eliminar alguém como num reality show. Aliás, essa foi outra impressão que tive do anime. Mas esse problema pra saber que gênero(s) pode(m) definir Mayoiga é um tragicômico. Você não sabe se é mistério, se é terror, se é suspense como a produção diz ou se é comédia, se é um reality ou se é qualquer outro gênero do tipo que o anime vem apresentando.

A roteirista Mari Okada (que também trabalha atualmente no anime Kiznaiver) parece ter dado uma crise de identidade. Não para algum personagem, mas para a própria trama.

Revisitando os Ultra filmes no Brasil #5 - Ultraman Mebius & Ultraman Brothers - Yapool Ataca (2006)

Mebius e seus Irmãos Ultra prontos para o ataque

Aqui é mais um daqueles filmes divertidos de Ultraman que indico (sem medo de ser feliz) pra se assistir com a família e/ou com os amigos, se possível. Ultraman Mebius & Ultraman Brothers - Yapool Ataca! é o primeiro filme do herói Ultraman Mebius (óbvio, não?), que estava no ar pela emissora japonesa TBS. O longa estreou nos cinemas locais em 16 de setembro de 2006 e antecipou o que muitos fãs queriam já nas vésperas da estreia do herói: a volta dos Irmãos Ultra (outra coisa que o título sugere).

O filme começa em 1986 (cinco anos após o final de Ultraman 80/Eighty e vinte antes de Ultraman Mebius) com uma batalha entre o Ultraman original, Ultraseven, Ultraman Jack e Ultraman Ace contra U-Killersaurus. O monstro é a última arma de Yapool, o icônico ser maligno da série do Ace (inédito no Brasil). Com as forças chegando ao fim, os Irmãos Ultra resolvem selar Yapool e U-Killersaurus no fundo do mar da cidade de Kobe com seus próprios poderes. Em suma, os heróis não poderão mais se transformar ou do contrário suas vidas estarão em risco. O grande feito dos Ultras se tornou história e esse foi um dos motivos que fez com que Mebius fosse pra Terra. 

Mirai Hibino (Shunji Igarashi), que na realidade é o Ultraman Mebius disfarçado na Terra, parte para Kobe em uma missão especial da GUYS (o esquadrão anti-monstros que atua na série). Lá ele conta com a ajuda da oceanógrafa Aya Jinguji, uma antiga recruta da GUYS, numa investigação sobre um incidente de três meses antes dos eventos presentes do filme. O irmão mais novo de Aya, Takato, era fã dos Ultras e da GUYS até presenciar um ataque do kaiju Cherubim (leia: querubim), que apareceu primeiro no episódio 4 de Mebius. Ao mesmo tempo que Mirai tenta conquistar a amizade de Takato para devolver o seu sorriso, o herói lida com o ataque dos seijins Temperor, Zarab, Guts e Nackle (todos eles versões dos respectivos monstros clássicos das Ultra Series). O quarteto planeja uma série de ataques, mas objetivo principal é quebrar o selo que prende Yapool nas profundezas do mar.

Depois do primeiro ataque, aparecem diante de Mirai os veteranos Shin Hayata (Man), Dan Moroboshi (Seven), Hideki Gô (Jack) e Seiji Hokuto (Ace), que passaram a viver normalmente como meros humanos. Eles ensinam ao então atual Ultraman a importância da Terra e de seus habitantes. O motivo pelo qual eles tanto amam, defendem e acreditam.


Mebius contra Alien Temperor

Mebius & Brothers dá a impressão de estarmos assistindo um episódio estendido de Ultraman Mebius. O filme segue o mesmo padrão: fazer referências às séries clássicas de Ultraman. Até o elemento de crucificação está presente, pra se ter uma ideia. O legal é ver como os heróis estavam após o fim de suas respectivas séries. Porém, pode se dizer que o filme adotou um conceito criado pelos americanos. É que originalmente Hayata (que é apenas o nome civil do heroi, amiguinhos) era apenas um humano que teve o corpo dominado e a mente adormecida pelo primeiro Ultraman enquanto atuava na série original de 1966. Enquanto na versão americana (de onde foi adotada para a dublagem clássica brasileira da Cinecastro, de 1969), Hayata era apenas um hospedeiro e consciente da tal simbiose (saiba mais neste texto escrito por Alexandre Nagado).

Enfim, Mebius & Brothers adotou também a velha versão do capacete do Ultraman original. Aquela com aspecto surrado/amassado. Ficou bem esquisito na tela e não agradou muito o público japonês. Mas nada que atrapalhasse a diversão. Muito pelo contrário, tão divertido e intenso a ponto de deixar os Color Timers dos heróis piscando por mais de três minutos (algo que foi excepcionalmente ignorado). Para ajudar os heróis na batalha final surgem também Zoffy e Ultraman Tarô. Para quem ainda acha que Ultraman é uma franquia chata e que tem muita maquete (esta última afirmação não muito diferente das séries atuais) utiliza muita CGI no final. Além de Ultraman Mebius adquirir uma forma exclusiva para o filme. Mebius & Brothers agrada tanto antigos quanto novos fãs. Também serve de referência para quem quer se aprofundar na franquia e não sabe por onde começar.

Impossível deixar de citar a volta dos atores veteranos Susumu Kurobe (Hayata/Man), Kohji Moritsugu (Moroboshi/Seven), Jiro Dan (Gô/Jack) e Keiji Tamamine (Hokuto/Ace). Para os fãs de Super Sentai, a atriz Aiko Ito (a Ranru Itsuki/Abare Yellow de Bakuryu Sentai Abaranger) interpreta Aya Jinguji. Ela, que já se aposentou do meio artístico, volta como a mesma personagem num arco duplo de Ultraman Mebius.


A reunião de Gô (Jack), Hayata (Man), Mirai (Mebius), Moroboshi (Seven)
e Hokuto (Ace)

No Brasil, Ultraman Mebius & Ultraman Brothers estreou primeiro no canal Cinemax, da programadora HBO, em 13 de setembro de 2008. Mesma data da estreia japonesa de sua continuação, Superior Ultraman 8 Brothers (nosso próximo post de sexta que vem). Falando em ambos, os títulos ganharam lançamento em DVD pela Focus Filmes no final de 2011, junto com outros filmes da franquia. Desta vez com dublagem realizada pela Dubrasil (estúdio do dublador Hermes "Dyna" Baroli) que reuniu novamente elencos paulista e carioca.

Primeiro de tudo, vale mencionar a volta dos dubladores Celso Vasconcelos e Ionei Silva (in memorian) emprestando suas vozes mais uma vez para Ultraseven e Ultraman Jack, respectivamente. Tivemos uma baixa da voz original do primeiro Ultraman, já que Ary de Toledo (não confunda com o humorista Ary Toledo, por favor) não está mais entre nós. Quem dublou o idoso Hayata foi Márcio Simões. Aliás, sua voz encaixou bem e a voz de Affonso Amajones (que dublou Hayata na redublagem da BKS nos anos 90) não cairia bem por conta da idade. Para interpretar o Ultraman Ace foi escalado o dublador Orlando Viggiani (o Júpiter em Cybercop - Os Policiais do Futuro).

Quanto aos demais heróis: Mirai/Mebius foi dublado por Rodrigo Andreatto (o Joey Wheeler em Yu-Gi-Oh!); Zoffy por José Carlos Guerra (o Zampa em Jaspion); e Ultraman Tarô por Silvio Giraldi (o Dr. Worm em Ryukendo). Falando em Tarô, há um momento na dublagem em que o herói dispara o seu Storium Ray com o áudio original.

E os monstros contaram com um time de primeira das séries japonesas. Yapool foi interpretado por Luiz Antonio Lobue (Aiolia de Leão em Os Cavaleiros do Zodíaco); Alien Temperor por Gilberto Baroli (Saga de Gêmeos também em Cavaleiros); e Alien Nackle por Carlos Seidl (Dr. Gori em Spectreman). J.C. Guerra e Silvio Giraldi fazem mais de dois papeis neste filme e interpretam Alien Zarab e Alien Guts, respectivamente. Curiosamente, Baroli e Seidl fazem outras vozes fora destes citados.

Ultraman Mebius & Ultraman Brothers - Yapool Ataca! atualmente está disponível na Netflix desde 1 de maio de 2015. A série televisiva de Ultraman Mebius também pode ser assistida oficialmente no Brasil pela Crunchyroll (gratuitamente e por assinatura). Leia mais sobre Ultraman Mebius aqui.


Leia também:

+ Ultraseven X é a mais nova opção para os amantes de ficção científica

+ Revisitando os Ultra filmes no Brasil #4 - Ultraman: The Next

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Casal de Twin Star Excorcists é garantia certa de tapas e bullying nesta temporada

O futuro casal Rokuro e Benio

A temporada de primavera começou forte e cheios de animes interessantes pra selecionar/acompanhar. Estamos na segunda semana de abril e já posso dizer que um dos meus favoritos atende pelo título Twin Star Excorcists (Sousei no Onmyouji).

O primeiro episódio começou bem e o segundo foi melhor ainda. Pra quem não sabe, o anime produzido pelo Studio Pierrot é uma adaptação do mangá de Sukeno Yoshiaki. Conta sobre dois jovens exorcistas que atuam secretamente na luta contra criaturas chamadas kegare. A primeira é Adashino Benio e o segundo é Enmadou Rokuro (este último deixou de lado as atividades após uma tragédia).

Involuntariamente ou não, a parte cômica começa quando os dois se encontram. É que os dois são predestinados a se tornearem um casal e um dia terem um filho que terá um poder supremo para exorcizar os kegare. Pra complicar a situação, os dois não se dão bem. O segundo episódio da série, exibido nesta quarta (13) no Japão e no Brasil, gerou algumas situações engraçadas entre eles. Enquanto Rokuro dormia, Benio colocou dois algodões no nariz do rapaz e ainda colocou um adesivo para tapar sua boca. Um "belo" bullying pra parar de roncar, hein? Na verdade o que Benio queria mesmo era conversar com ele (às 5h da madrugada) sobre a grandiosidade de seu poder e o quanto se sentiu humilhada por isso. Isso porque Benio tem o orgulho de ser uma das maiores exorcistas do submundo e não quer perder para seu novo rival.

Outra cena que me fez rolar de rir foi na hora em que Rokuro estava indo ao banheiro. E sem ler a placa que dizia para não entrar, ele viu sua predestinada ao casamento tomando banho. Fanservice típico de algum ou outro anime que a gente tenha visto por aí. O que foi mais engraçado ainda é que Benio reagiu sacando sua espada e fula de raiva. E como ela se vestiu tão rápido, hein? Coisas de TV.

Vale lembrar que Twin Star Excorcist é exibido na faixa das seis da noite da TV Tokyo. É um rival e tanto para Boku no Hero Academia. Pela sinopse você pensa que é um anime totalmente sério e carrancudo. Tem seu lado sombrio? Tem. Lembra um pouco um YuYu Hakusho da vida, mas com mais moderação (os tempos são outros, ora pois pois). O lado cômico é um ótimo quebra-gelo à parte e tem tudo pra divertir o público. Independente do rumo que levar essa adaptação, Twin Star Excorcists deve garantir boas gargalhadas. Quarta-feira virou o dia certo pra tensão surpreendente e pro humor involuntário. Sensacional.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Madoka Magica, uma obra que jamais deve ser subestimada por sua aparência

Não se deixe enganar pela doçura destas garotas

Se tem um código de ética que sempre carrego comigo como blogueiro (e como palestrante em eventos de anime) é jamais julgar uma obra sem ao menos assistir ou sequer acompanhá-la. Considero um pecado mortal e gravíssimo, principalmente no meio otaku (animes, tokusatsu, etc). Já vi muita gente por aí dizendo que não consegue assistir Puella Magi Madoka Magica por "parecer bobo" e por ter "traços feios". Bem, pra eles digo na boa um simples: "Meus pêsames. Estão perdendo um dos melhores animes dos últimos anos". A verdade mesmo é que quem fica de julgar pela aparência acaba perdendo a oportunidade de analisar conteúdo e apreciar uma boa história. É o mesmo que julgar um livro pela sua capa.

Sou um tanto suspeito pra falar deste anime. Volta e meia sempre revejo e não escondo que se tornou um das minhas séries favoritas, apesar de não ser lá um grande fã do estilo mahou shoujo (garotas mágicas). É uma obra que leva o espectador para um, digamos, submundo onde as heroínas travam contra seus próprios dilemas pessoais numa visão sombria.

Madoka Magica se passa numa fictícia cidade Mitakihara e foca na estudante Madoka Kaname, de 14 aninhos. Um dia ela encontra uma criatura chamada Kyubey (leia: quiúbi) que lhe oferece um contrato para se tornar uma garota mágica e lutar contra monstros que estão distorcendo a realidade. Madoka conta com a ajuda de sua amiga Sayaka Miki e logo as duas são auxiliadas por Mami Tomoe e mais tarde por Kyoko Sakura. Em contrapartida, surge logo nos primeiros episódios a garota Homura Akemi, que é diferente das demais heroínas e guarda um segredo de seu passado. 

Com alta carga dramática, Madoka Magica surpreende ao desenrolar da trama com revelações e reviravoltas que mexem o rumo da história. A reta final é aparentemente confusa, mas é o ponto-chave que liga os eventos da série. Impossível não fica preso a tela e parar de assistir.

Produzido pela Aniplex em parceria da empresa Shaft, Madoka Magica contou com o roteiro de Gen Urobuchi (o mesmo do tokusatsu Kamen Rider Gaim), direção de Akiyuki Shinbo (que esteve envolvido nos storyboards do anime YuYu Hakusho) e arte da character designer Ume AokiO anime possui 12 episódios e estreou no canal MBS em 7 de janeiro de 2011, sempre nas madrugadas de quinta para sexta da temporada de inverno daquele ano. Devido ao terremoto de Tôhoku e tsunami em 11 de março do mesmo ano, os últimos dois episódios foram exibidos em 21 de abril. Seis semanas após o ocorrido.

O título rendeu vários títulos em mangás (algumas publicadas no Brasil pela Editora NewPop), uma série de novels, dois games para Playstation e mais uma trilogia nos cinemas. Além disso, a série de TV foi um sucesso de vendas em Blu-ray, onde foram vendidas mais de 50 mil cópias cada volume. Ganhou vários prêmios como o Newtype Anime Awards, por exemplo.

Madoka Magica estreou no Brasil em 29 de março de 2014 via streaming pela Netflix. Se você ainda não assistiu, fica a dica do blog para fazer umas trocentas maratonas e entenda a magia deste maravilhosa anime.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Power Rangers Super Megaforce, a inexplicável versão "pirata" de Gokaiger

O sexteto "pirata" de Power Rangers

Quem acompanhou o desenrolar das notícias sobre a grande franquia da Saban Brands (antiga Saban Entertainment) há alguns anos atrás deve lembrar que as comemorações de 20 anos de Power Rangers foi dividida em duas partes. Uma em 2013 e outra em 2014. A primeira foi Power Rangers Megaforce (leia mais aqui), a adaptação americana de Tensou Sentai Goseiger - o Super Sentai de 2010.

Se você teve a oportunidade de assistir Kaizoku Sentai Gokaiger (de 2011), talvez você pense (como eu) que a série comemorativa de de 35 anos dos super esquadrões multi-coloridos é uma das poucas a serem inadaptáveis no ocidente. Power Rangers Super Megaforce provou isso como ninguém. O que se podia esperar de uma temporada ruim, acabou se superando quando se trata em forçar a própria homenagem de aniversário.

Super Megaforce começou do ponto onde parou Megaforce, com a chegada do exército The Armada (Uchuu Teikoku Zangyack em Gokaiger). Robo Knight desapareceu e Vrak se refugiou. Para enfrentar a nova "ameaça", os Rangers agora passariam a utilizar as Lengendary Ranger Keys (Ranger Keys) e seus poderes.

No primeiro episódio não há sequer uma explicação para a mudança dos poderes. Tudo fanservice e os elementos foram jogados na cara dura pra vender brinquedos e nada mais que isso. Óbvio. Pra se ter uma ideia, Gosei disse que havia uma explicação para Jake mudar de preto para verde. Mas na hora, Tensou avisa (com aquele jeitinho tosco de desespero) sobre de um novo ataque. A impressão lembrou momentos em que o Chaves tentava dizer com quem morava na casa número 8 e sempre alguém aparecia para cortar conversa. Pior ainda é que logo de cara você percebia que os Rangers simplesmente foram jogados a um matadouro onde eles tinham uma "crise de identidade", como disse o monstro Headridge (Shikabanen em Gokaiger) na estreia.

Quer mais um nonsense que isso? Então lá vai. Onde o contexto pirata se encaixa na trama? Isso nunca foi explicado ou deram uma satisfação convincente do porquê o poder Super Megaforce - que é maior que o modo Ultra Megaforce - possui representação pirata. Em suma, o termo/adjetivo jamais foi mencionado.


Jason David Frank de volta à pele de Tommy

A série é cheia de falhas, começando por pouquíssimas participações de atores séries anteriores (houve um episódios onde alguns atores de Samurai/Super Samurai apareceram através de cenas reaproveitadas). Dá pra perceber que a Saban não fez um mínimo esforço pra homenagear com dignidade, como foi em Gokaiger, que foi praticamente 100% fiel aos Sentais. Como se não bastasse, surgiram do nada Ranger Keys de Super Sentais jamais adaptados nos EUA. Especialmente os Sentais exibidos no Brasil (pela extinta Rede Manchete): Changeman, Flashman, Maskman, além dos inéditos Dairanger (cujo os trajes do quinteto principal ficaram de fora da reciclagem para a segunda temporada de MMPR), Fiveman e até Dynaman (que aparece despercebidamente com uma Ranger Key). Surgiram como "poderes nunca vistos antes pela Terra". Sun Vulcan ficou de fora por um triz. Um provável motivo (jamais admitido) seria por parte dos direitos pertencerem à Marvel. Pra completar a bagaça, teve um episódio onde Troy estava transformado em Change Dragon e em outro take já estava como Red Mask. Erro grotesco que foi pior que as escapadas propositais de cenas nas primeiras séries de Power Rangers. E desta vez não foi tão divertido quanto antigamente.

Outras coisas que atrapalharam a temporada foi o sexto Ranger Orion. O sujeito era apático, sem graça alguma (e perde fácil para sua contraparte, o animadão Gai Ikari). Sem contar que os Rangers ainda poderiam se transformar no modo Goseiger Megaforce. Apesar dos pesares, Super Megaforce consegue divertir algumas vezes pela suas suas sequencias de ação. Seja pelas cenas japonesas quanto pelas cenas originais americanas. Em particular sobre a dublagem brasileira, eu destaco o dublador Paulo Porto (a voz de Jun Masuda de Solbrain) que deu um tom engraçadíssimo para o Príncipe Vekar. Por incrível que pareça, o vilão patético ficou menos chato (e você até esquece da vergonha alheia que foi Warz Gill, de Gokaiger). 

Nos episódios finais, o vilão Vrak retorna e obviamente as cenas japonesas reaproveitas são dos episódios finais de Goseiger. Podemos encarar como um tapa-buraco no clímax deixado por Basco (que não existe na versão americana), mas não foi a mesma coisa que o clímax de Gokaiger e de Goseiger. No último episódio tivemos a tão esperada Batalha Lendária. Um fiasco total que não teve a mesma magia de Gokaiger. Tudo feito nas coxas e sem um pingo de construção. Valeu pela volta de Jason David Frank como Tommy/Ranger Verde e mais alguns atores das outras séries de Power Rangers. Mas poderia ser bem melhor do que foi. Outra bola fora foi a mudança de elenco de dublagem. Mesmo que hoje Power Rangers seja dublado em São Paulo (antigamente era no Rio), Hermes Baroli poderia voltar como Leo, o Ranger Vermelho de Power Rangers na Galáxia Perdida.

De duas uma: ou Power Rangers Super Megaforce teria um número maior de episódios ou nem deveria existir. Fiasco total. E olha que eu sou fã tanto de Power Rangers quanto de Super Sentai pra falar com sinceridade sobre Super Megaforce.