terça-feira, 28 de novembro de 2017

Bin Furuya no Brasil: A sorte de Ultraman está mudando nos eventos locais de cultura pop?

Bin Furuya fazendo a famosa pose de batalha do Ultraman
Em 2016 escrevi esse texto onde eu dizia que os eventos brasileiros de cultura pop deveriam ter mais Ultraman e evitar pedestais criados pelo saudosismo da geração Manchete. Falei um pouco da dificuldade de levar esse tema adiante, em meio a falta de interesse e subestimação. A Comic Con Experience anunciou nesta sexta (24) que Bin Furuya, o dublê do Ultraman original, estará na próxima edição que acontece agora em dezembro. Ele também foi o oficial Amagi em Ultra Seven.

Quando escrevi o artigo eu pensava que a possibilidade de algum ator das séries Ultra vir ao Brasil seria zero. Confesso que não tinha a menor esperança. Na ocasião eu tinha acabado de apresentar uma palestra sobre os 50 anos de Ultraman aqui mesmo na capital alencarina. Foi legal, porém não foi nada fácil tocar a temática para um público que só tem (ou tinha) apenas a Manchete e a Toei Company como únicas e exclusivas referências ao gênero tokusatsu. A responsabilidade foi pesadíssima para e mim e meu fiel escudeiro de eventos, pois contamos com poucas pessoas que realmente acreditaram e só mesmo quem esteve no palco sabe quais foram as provações que enfrentamos (desde o planejamento até o momento de apresentação). No fim das contas não fiquei totalmente satisfeito. O número de espectadores foi razoável (já esperava por isso). Atualmente estou desligado dessas atividades.

Olhando para o lado positivo, a vinda de Bin Furuya ao Brasil deverá ser um marco. Ele já participou de vários eventos, principalmente nos EUA. Numa dessas viagens, no ano passado, Furuya esteve ao lado de Hiroko Sakurai (a Akiko de Ultraman) e Akira Takarada (o eterno astro de Godzilla). Foi um sucesso e teve gente de todas as gerações estavam lá pedindo autógrafo, tirando fotos e conversando com eles. Um sonho ainda distante para mim que não moro nos "States" nem em São Paulo.

Tenho certeza de que lá na "terra da garoa" o momento será um sucesso. Lá tem muitos fãs de Ultraman e existia o evento Ultracon (nunca vi algo parecido aqui no Nordeste). Pelo que pude acompanhar por informações na internet, a CCXP sabe como difundir cada tema trabalhado. Não que os outros eventos não saibam, entenda bem. É que infelizmente a grande maioria dos eventos de cultura pop no Brasil não aproveitam bem a marca Ultraman ou simplesmente ignoram a história do tokusatsu. Acaba sobrando para Jaspion e cia que estão mais saturados a cada ano. Nada contra divulgá-los, ok? Só acho que deveria haver um equilíbrio de divulgação dos gêneros das franquias.

Os que subestimam a Família Ultra que me perdoem, mas mal sabem eles do potencial que a franquia da Tsuburaya tem. Eu poderia aqui escrever um post inteiro explicando a importância de Ultraman, Godzilla, Kamen Rider, mas de nada adianta se pouca gente envolvida compra ideia, valoriza a história do tokusatsu e procurar se atualizar. Inovar conteúdo (nem que seja com uma coisa "velha" e que quase ninguém viu). A presença de Bin Furuya no Brasil, pela CCXP, será um belo exemplo pra essa turma, além de ser uma grande oportunidade para outros eventos começarem a enxergar o Ultraman com outros olhos, como sempre deveria ser.

Ao lado de Kenji "Gavan" Ohba, outro veterano do tokusatsu, Furuya deve conquistar o público paulistano com sua simpatia e servir de referência para outros eventos no Brasil. Mas para que isso aconteça, os organizadores dos respectivos eventos locais (alguns são meus amigos e tenho apreço por cada um) devem compreender o valor da franquia Ultra para o gênero tokusatsu e passar a difundir mais e mais a relevância em suas programações. A franquia Ultra é a que mais teve materiais oficiais de tokusatsu lançados em nosso país nos últimos dez anos, ao lado de Power Rangers. Além de ser o ano do cinquentenário de Ultra Seven, 2017 foi marcado pelo lançamento de Ultraman Geed, mais uma série transmitida oficialmente pelo canal de streaming Crunchyroll. Tivemos o lançamento do primeiro livro dedicado ao Ultraman, escrito por meu amigo Danilo Modolo, do canal TokuDoc. O ano fechará com chave de ouro com a inesperada visita de um ator/dublê da série original.

Ultraman é rentável no Brasil? Sim. Só precisa ser mais difundo nos demais eventos brasileiros e ser melhor aproveitado. Venhamos e convenhamos: já está mais do que na hora de divulgar o tokusatsu como valor cultural ao invés de puramente agradar saudosistas. Felizmente existem eventos que fazem caminho contrário das mesmices, porém são poucos.

A CCXP está de parabéns pela iniciativa. Isso pode mudar os rumos dos Ultras nos eventos no Brasil e servi-los de inspiração. Em todo caso, as coisas estão mudando aos poucos nos últimos tempos.

9 comentários:

  1. Isso poderia ser diferente se uma certa apresentadora não tivesse
    removido prematuramente Ultraman Tiga por achar muito "violento"-mas
    aceitava Superman Tas e Batman do Futuro no seu programa por serem
    Superman e Batman...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Anderson. Dizem que a Eliana tinha uma parcela de culpa por Ultraman Tiga sair do ar quando faltavam apenas quatro episódio para finalizar. Particularmente eu acredito nisso. O fato é que tínhamos uma chance que foi desperdiçada lá no ano 2000. Do contrário, teríamos um público maior do que temos atualmente que curte Ultraman.

      Excluir
  2. Já estava na hora, porque isso até chega a doer os meus ouvidos falando dos "Tokusatsus" (sem sal) da Manchete e da "empresa mais gananciosa do Japão" (Sim, estou falando da Toei Company). A franquia Ultra sempre foi (e sempre será) o que mais marcou não só a minha infância mas também a minha vida (junto com Godzilla) do que esses seriados espalhafatosos da TV Manchete, quer dizer, eu não quero te ofender César mas essas séries não me trouxeram nada de impacto para mim ainda mais para aqueles que se consideram "saudosistas".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com todo respeito, Ranger Hawk, mas não entendo tanta revolta. As séries de tokusatsu (sempre no singular) exibidas na extinta Manchete também tem suas devidas importâncias e assim como os Ultras e o Godzilla também passam boas mensagens. Basta prestar atenção e absorver as boas lições e deixar a raiva de lado. As obras de Eiji Tsuburaya devem sim ser lembradas/valorizadas/reverenciadas. O que não significa que temos que menosprezar as séries da Toei. Se não fosse pelas série que assistia na Manchete, eu nem teria conhecido outras produções. Aí vai da boa vontade de cada um. E não sou saudosista, só pra constar.

      Excluir
  3. Lembro que aqui é um espaço para debatermos sobre os assuntos abordados de maneira respeitosa. Se você gosta de alguma série ou filme, pode comentar. Se não gosta, pode comentar também de boas. O que eu não vou liberar aqui é espaço pra briguinha pra saber se geração X, Y, Z, M (de Manchete) ou qualquer outra letrinha da "sopa da Xuxa" é melhor. Combinado? Conto com vocês.

    E segue a programação...

    ResponderExcluir
  4. As séries exibidas pela manchete tiveram seu valor no contexto histórico:fomentar uma nova onda destas produções que haviam sido esquecidas pelas TVs Aberta ( até então única maneira de acompanhar este material.) A qualidade comparável com a das séries Ultras era covardia.Mas naquele momento era uma retomada de um nicho esquecido que , serviu aos dois lados .A emissora que ganhou audiência com uma atração "barata", e a distribuidora que viu no sucesso de seus títulos ,um mercado havido por mais coisas do gênero. Foi um momento ímpar bem aproveitado,e que rendeu frutos e saudades. Quanto a Eliana , sua proposta era ser vista pelo mercado como alguém que se preocupava com.educacao e bons valores pras crianças, possivelmente as pressões de anunciantes e empresários fizeram com que ela pedisse o término do seriado em seu programa. E de fato concordo foi desperdiçada uma oportunidade de ouro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Job. Eu não sou um entusiasta da era Manchete, porém gosto muito das séries japonesas que lá foram exibidas e sou grato por essa época maravilhosa. Se não fosse pela iniciativa do sr. Toshi e da própria Manchete, dificilmente estaríamos falando sobre tokusatsu. Eu sei que custa para os mais novos que curtem tokusatsu entenderem como a essa época foi essencial para o tokusatsu no Brasil, apesar dos problemas de saturação causada pelas próprias emissoras de TV aberta nos anos 90.

      A qualidade do Ultraman e do National Kid (ambos reprisados na emissora carioca) nunca foram problema pra mim. Já tinha algum interesse por séries mais antigas. Infelizmente demorei anos para ver os episódios que jamais foram exibidos em 1996.

      Sobre a Eliana, eu não sei bem se posso dizer se no programa dela na Record tinha mesmo alguma preocupação de bons valores. Além de ter o Chquinho e suas piadas sem graça, lá tinha espaço para meninas dançando um "Tchan" e uma "Boquinha da Garrafa". Lamentável. Ultraman Tiga tinha uns pontinhos a mais de audiência do que Pokémon (que estava em sua segunda temporada). Mas não era o melhor horário para uma ótima série. Creio que o horário nobre seria o melhor para o guerreiro da luz.

      Forte abraço!

      Excluir
  5. Vou mandar foto para voce amigo! estarei la realizando sonho de infancia!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Renato. Se puder enviar também as fotos do Kenji Ohba no evento, ficarei grato. :D

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.