quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Década perdida! O destino infeliz de Kamen Rider Kuuga no Brasil

O primeiro Rider da era Heisei

Se você acompanhava as notícias sobre séries japonesas que estavam no páreo para serem veiculadas no Brasil entre 2002-2003, provavelmente você deve lembrar do possível lançamento de Kamen Rider Kuuga por aqui. Revistas e sites especializados publicaram sobre a volta da franquia dos motoqueiros mascarados na TV brasileira. Foi um título que causou expectativa para muitos de nós que ficamos órfãos de produções originais do estilo tokusatsu desde o repentino cancelamento de Ultraman Tiga na Record (todas as três exibições sem o final).

Lembro que em outubro de 2003, a primeira das três edições do extinto site Awika! (revista eletrônica mensal de tokusatsu na internet tocado por Ricardo Cruz e cia), destacou a estreia de Kamen Rider Kuuga que poderia acontecer em algum momento de 2004. Porém, sem emissora e dublagens definidas. Luiz Angelotti, que na época era representante da empresa de licenciamento Dá Licença, estava empolgado e certo de que poderia mesmo acontecer o lançamento oficial do primeiro Rider da então nova geração, assim como aconteceu com Os Cavaleiros do Zodíaco no Cartoon Network e na Band. Afinal, a marca ainda era forte na memória do público que assistiu Kamen Rider Black e Kamen Rider Black RX na extinta Rede Manchete. O Awika! também ressaltou a importância de Kamen Rider Kuuga, a história da franquia da Toei, e o potencial que Kuuga tinha para cativar/impactar o público. Infelizmente o licenciamento não vingou. Rumores foram surgindo quanto aos motivos do fracasso e no fim das contas perdemos uma chance de ter oficialmente mais um Rider legítimo da terra do sol nascente.

A primeira parte da entrevista com o sr. Luiz Angelotti lançada neste fim de semana pelo canal do JBox no YouTube esclareceu esse episódio. Algumas séries como Kamen Rider Kuuga, o animê Pretty Cure, entre outros foram vendidas para emissoras de TV aberta e simplesmente ficaram na gaveta. Obviamente que não foi culpa dos licenciadores, entenda. Eles fizeram suas partes. O problema mesmo era a falta de aproveitamento das próprias emissoras.

O terreno estava fértil no começo da década de 2000. Hoje o investimento em séries tokusatsu para a TV aberta é um tanto improvável devido ao esfriamento desse tipo de produto para o mercado brasileiro para este veículo. Hoje a salvação seria os serviços de streaming (focados em nichos específicos) e já falei várias vezes sobre isso aqui no blog. Só que hoje as coisas são diferentes. O "grande público" de séries tokusatsu demora para se renovar (justamente por esses problemas com Ultraman Tiga e Kamen Rider Kuuga), é exigente e boa parte é saudosista -- esses geralmente ficam presos no "museu" da Toei Company e da Rede Manchete. E não custa lembrar: Power Rangers não tem nada a ver com o problema. Quem tem culpa no cartório são as próprias emissoras de TV aberta. A essa altura do campeonato, não cabe a nós sabermos qual foi exatamente a emissora que  comprou a série tokusatsu. Tudo é questão de ética/sigilo e tentar especular não vai adiantar nada.

Se tudo desse certo, quem sabe Kamen Rider Kuuga poderia ser um sucesso e ter a dignidade da memória afetiva de muitos fã, não é? Mais do que isso. O herói-título poderia abrir a porteira para outras séries da franquia e despertar o interesse por tokusatsu para a geração dos anos 2000. Foi um fracasso antes de qualquer possibilidade de lançamento oficial. Esse problema gerou uma grande lacuna para o tokusatsu no Brasil e vários anos sem um lançamento de uma série inédita até 2009, quando estreou Ryukendo na RedeTV!. As coisas seriam diferentes se as emissoras tivessem boa vontade.

8 comentários:

  1. Foi justamente o sumiço de Ultraman Tiga que me fez experimentar
    Power Rangers in Space na emissora concorrente quando garoto.Sem
    isso hoje provavelmente seria um purista declarando pérolas como
    Go Onger ser superior a PR RPM.

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    1. Oi, Anderson. Eu já conhecia Power Rangers no Espaço em 1999, pela Fox Kids, e até hoje é a minha temporada favorita. O Ultraman Tiga tinha tudo pra ser um grande destaque ao lado de Pokémon. Infelizmente a Record desperdiçou uma grande chance e uma "arma" contra Digimon no ano 2000. Sem contar que o gigante de luz estava com números acima de Ash & Pikachu. Além do filme A Odisseia Final, a série do Ultraman Dyna também estava nos planos da Mundial e elenco de dublagem escalado. Particularmente, a década de 2000 foi bem fraca. Na época eu quase passei a detestar Power Rangers devido a escassez de séries japonesas. Com informação e pesquisa eu percebi que isso é bobagem. Valeu! Abraços!

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  3. Lembro quando assisti Kuuga pela primeira vez em 2000 em fita ,alugada nas finadas locadoras japonesas da liberdade..... achei o máximo! Até hoje a melhor série Rider da era Heisei ! Eu também sou saudosista e muito...principalmente da Tvs, Record e Tupi...mas sempre vejo o que acontece no mundo Tokusatsu ! Kuuga gostei logo de primeira e acredito que faria sucesso e hoje iria ser lembrado com muito carinho pelos fãs,pena que não vingou .

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    1. Oi, Livre. Eu assisti o Kamen Rider Kuuga pela primeira vez anos atrás via fansubs. Comecei tempos depois de ter lido a matéria no extinto site Awika!, onde despertou meu interesse pela série e minha esperança pelo lançamento na TV que não aconteceu. Kuuga é uma das melhores da era Heisei, tinha um herói sonolento e carismático (Yusuke Godai), histórias com carga dramática digna de um TV drama e por aí vai. Tá certo que era exibido nas manhãs de domingo da TV Asahi, mas Kamen Rider Kuuga sempre teve cara de uma série da madrugada, até pela narrativa da época. Eu ainda quero escrever sobre essa produção aqui no blog. A fila tá grande em meio a correria, mas vou me empenhar pra acontecer em algum momento do próximo ano. Valeu! Abraços!

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    2. Rapaz faca isso . Vou pesquisar mais, antes desta matéria,não me lembro de ter algum conhecimento , aliás destes mais novos o mais legal que vi foi Kabuto

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  4. O fim dos anos 80 houve um programa ( não me lembrarei o nome) na rádio USP FM aqui de São Paulo 93,7 que trazia uma longa entrevista com uma professora da faculdade sobre animes e tokusatsu na TV brasileira. Lembro me de tela ouvido citar que embora particularmente ela gostasse mais do material japonês entendia que as emissoras se acomodavam cada vez mais em adquirir títulos na feira de Las Vegas" Espécie de evento que reunia distribuidores e executivos de TV pra comercialização de programas ,filmes séries etc . Já naquela época ela prévia dificuldades para as produções japonesas continuarem em profusão nas redes locais . O fato é que anos mais tarde sua fala se provou acertada. Aos poucos várias séries e animes foram sumindo.voltaram como espasmos mercadológicos em momentos críticos.( Não é novidade pra ninguém a manchete começou a exploração deste nicho por problemas financeiros,Tb) depois da sua extinção ,outras emissoras extraordináriamente colocaram um outro produto mais por pressão de algum êxito da concorrência. Findo este período até os desenhos e similares americanos sumiram quase que por completo da TV aberta no Brasil. Contrariando ( sem base técnica ou avaliação ) Mestre Nagado acredito ser possível ainda um novo boom na TV aberta exatamente porque não há nada parecido há quase duas décadas. Seria uma aposta de risco ,claro que seria viável apenas com um grande patrocinador ,porém.se desse certo mesmo com a internet ,acredito que despertaria interesse de outros canais. Mas claro e apenas um delírio. Como diz a matéria perderam se condições ideais,que jamais se repetirão ,tudo em nome de " revelar artistas e talentos locais" que em contrapartida enriquecer am e não deixaram legado algum.

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    1. Oi, Job. Bem, eu não sou o Mestre Nagado, mas me considero um aprendiz dele. Não mereço, mas agradeço. Então, não sei se um novo boom aconteceria com o tokusatsu na TV aberta, porém o mercado ainda é rentável para os animês. Visto o sucesso de Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z na Rede Brasil. Não repete o mesmo fenômeno que foram no passado, mas está muito bem segmentado para o público específico e em horário nobre. Voltando sobre o tokusatsu no Brasil, hoje o destino certo são os canais de streaming (Netflix, Crunchyroll, etc). O que não impede de acontecer um ou outro lançamento na TV aberta. Sucesso igual a Jaspion e Changemana jamais se repetirá novamente. Mesmo com todos as dificuldades, aquele momento foi único e tem seu valor na história da TV brasileira. Abraços.

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