sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Supercampeões: 20 anos de um fiasco no país do futebol

O determinado time Nankatsu

O sucesso d'Os Cavaleiros do Zodíaco rendeu um filão de animes na TV aberta. Na extinta Rede Manchete, mais precisamente, Seiya e cia foram importantes para os lançamentos de Sailor Moon, Samurai Warriors, Shurato e do bloco U.S. Mangá em 1996. No dia 24 de março do ano seguinte estreava Yu Yu Hakusho na programação e fez muito sucesso entre o público jovem.

Como todo ciclo tem seu final, os defensores de Atena se despediram da programação regular em 12 de setembro de 1997. Uma sexta-feira. No horário das 17h às 17h30, a Manchete reprisava o episódio 73, o último da saga das Doze Casas. A partir do dia 15 de setembro (segunda-feira) houve duas mudanças na programação de fim de tarde da extinta emissora carioca. No lugar de Cavaleiros era exibida a reprise de WMAC Masters, série norte-americana de artes marciais licenciada no Brasil pela Samtoy e que já estava sendo exibido em outro horário até a semana anterior: de segunda à quinta às 19h. A faixa que era de WMAC Masters no horário nobre foi ocupada por um novo anime, também trazido pela Samtoy, e que tinha um apelo diferente e tudo a ver com o Brasil: o futebol.

Supercampeões estreou por aqui 9 meses antes da Copa do Mundo de 1998, sediada na França. Seu título é Captain Tsubasa J e passou originalmente na emissora japonesa Fuji TV entre 21 de outubro de 1994 e 22 de dezembro de 1995. Foram 47 episódios semanais exibidos nas noites de sexta produzidos pelo Studio Comet. Na verdade essa foi a segunda versão animada da franquia Captain Tsubasa para a TV. A primeira é inédita no Brasil e foi ao ar entre 1983 e 1986, totalizando 128 episódios produzidos pela extinta Tsuchida Production e tinha uma narrativa mais infantil e trilha sonora contagiante. Mas tudo começou mesmo a partir da publicação do mangá original de 1981 pela Weekly Shonen Jump. Captain Tsubasa foi criado pelo mangaká Yoichi Takahashi e rendeu 18 séries de mangá desde então até 2004 quando saiu a publicação Rising Sun, de apenas dois volumes. 

Na época de Captain Tsubasa J, o Japão jamais havia participado de uma Copa. Coisa que só aconteceu a partir de 98. Desde então a seleção japonesa participou de todas as edições até o momento e jamais chegou à uma final. Com todo um surrealismo e efeitos que "romantizavam" as partidas ao melhor estilo de animação, Supercampeões narrava a jornada de Oliver Tsubasa (Tsubasa Oozora; nome e sobrenome na ordem), de 11 anos de idade, para se tornar um jogador de futebol e conquistar o mundial. Oliver conhece Roberto Maravilha (Roberto Hongo), considerado na ficção como o melhor futebolista brasileiro, que o treinara a partir de então.

Oliver desafia o esquentado goleiro Benji (Genzo) Wakabayashi e logo entra para o time juvenil Nankatsu onde se destacam Carlos (Taro) Misaki, o patético Ryo Ishizaki, além da durona líder de torcida Néia (Sanae) Nakazawa. O time de maior rivalidade foi Meiwa, que contava principalmente com o destemido Kojiro Hyuga e o estiloso goleiro Ken Wakashimazu. Sem contar outros times que passaram pela série. No meio da trama, Oliver conquista a carreira de jogador de futebol e representa o São Paulo FC. Numa partida realizada no Maracanã, Oliver enfrenta o rival Carlos Santana e seu time do Flamengo (originalmente chamado no anime de Flanoria). Oliver serviu de inspiração para outro jogador, Shingo Aoi, que aparece nos episódios finais e tem o sonho de ser um grande jogador. Captain Tsubasa J foi baseado em dois mangás da série: a original e a saga World Youth Hen (de 1994).


Ayako Yamazaki, a verdadeira
intérprete do tema de encerramento
A série clássica que passou no Brasil foi o último anime lançado na Manchete. Na época, várias revistas especializadas apontavam uma possível estreia de Ranma ½ em 1998, via Tikara Filmes. Infelizmente isso não aconteceu devido à crise que extinguiu a emissora carioca em maio de 1999. Supercampeões estreou numa má fase da Manchete e ficou na programação até 27 de setembro de 1998, quando era exibido apenas aos domingos. Teve um sucesso mediano e não obteve a mesma popularidade de Yusuke Urameshi e sua turma. O título teve mais êxito no México e na Itália, mas a empreitada não se repetiu no Brasil. Ironicamente o título foi um fiasco em pleno país do futebol e talvez seja o menos lembrado daquela geração, embora não tenha passado despercebido na época. A versão brasileira foi adaptada para ligar à última edição da Copa do Mundo do século XX. Com direito à risível narração ao estilo de locução de uma genuína partida de futebol que gritava "torcida brasileira" -- em plenos jogos com japoneses em campo. A marcante dublagem foi realizada pela extinta Gota Mágica.

Os temas brasileiros de abertura e encerramento eram infantis e bacaninhas, porém inferiores aos originais que infelizmente foram suprimidos. O single "Fighting!" ficou conhecido no Brasil quando era tocado como inserção em alguns episódios. Foi interpretado pela dupla FACE FREE e fez parte das duas versões de abertura da série. Já "Otoko Darou!" foi o tema de encerramento cantado pela idol Ayako Yamazaki, que se encontra fora dos palcos desde 1998. Veja os vídeos de suas respectivas apresentações ao vivo logo abaixo.

De outubro de 2001 a outubro de 2002, a TV Tokyo exibiu a terceira versão animada intitulada Captain Tsubasa: Road to 2002. Os 52 episódios desta versão foram exibidos no Brasil via Cartoon Network e RedeTV!. Ainda como Supercampeões, o resultado desta nova chance de emplacar popularidade - com uma nova cronologia - foi de sucesso mediano.

Supercampeões é um bom exemplo de história com determinação, vitória, amizade e outros elementos exigidos pela Shonen Jump. É uma série divertida para rever já nos meses que antecedem a Copa de 2018.

Assista ao vivo do inédito tema de encerramento cantado ao vivo por Ayako Yamazaki:

7 comentários:

  1. Olha, pra ser honesto eu nunca fui fã de futebol devido a Copa de 2014 (7 a 1, ugh) e nem sei se eu tenho disposição e interesse de assistir esse anime da mais porque ele foi um grande fracasso aqui no Brasil devido a Copa de 1998 (só recuperou em 2002, depois disso, não é mais o mesmo). Mas, vou ver o que eu posso fazer em 2018.

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    1. Então, Ranger Hawk. Super Campeões não foi bem um fracasso ao extremo no Brasil. Teve sucesso mediano como escrevi no post. Pode não ser tão lembrado quando se fala da nostalgia da era Manchete (Cavaleiros, YuYu, Shurato etc). Mas existem fãs que acompanharam e ainda guardam a série com carinho, mesmo com alguma coisa ou outra que vá além da realidade. E o fato de não ter tido popularidade não significa necessariamente que a série seja ruim, veja bem. Tem gente que não curte? Beleza. Eu assisto independente disso. E fica uma dica amiga: não se prenda só nas opiniões de massa da internet. Cada um deve ter sua própria opinião e é bom sempre acompanhar algo novo ou rever algo da infância pra comentar e um balanço do que gosta ou não. Eu recomendo Super Campeões. Assista e depois comenta aqui o que achou, ok? Forte abraço.

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    2. Certo, valeu pela força César.

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  2. Não sou estusiasta da geração anos 90 dos animes da Manchete enbora acompanhei alguma coisa e admiro esse anime que veio posso até dizer na contra mão do que a emissora estava apresentando na época com Armaduras,Valentões e pancadaria...! O que é natural pegar carona no que faz sucesso e trazer similares! Sem dúvida uma ótima aquisição ! E não tenha dúvidas esse anime é lembrado com muito carinho pelos fãs de animação. Parabéns pela matéria, por relembrar e também mostrar a nova geração que o mundo não gira só em volta do Goku .

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    1. Obrigado, Livre. Super Campeões é um animê que fez diferença, embora não tenha tido o mesmo êxito das séries que vieram antes ou mesmo das que já tinham espaço em outros canais. Não é o meu favorito, mas tenho um carinho pela série Captain Tsubasa J e mais recentemente pelo clássico inédito dos anos 80. Abraços.

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  3. Eu sempre via o Road to 2002, consegui ver todos os episodios 2 vezes na TV, e consegui comprar alguns volumes dos DVDs

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