terça-feira, 8 de novembro de 2016

Entrevista com Alexandre Nagado

Nagado e seu novo Almanaque da Cultura Pop Japonesa (Foto: Divulgação)

A segunda edição do Almanaque da Cultura Pop Japonesa, escrita por Alexandre Nagado, é o mais novo lançamento da Editora Kimera. A primeira edição foi lançada em 2007 pela Via Lettera e serviu de copilação de várias matérias escritas ao longo da carreira do redator que já passou por várias mídias como a famosa revista Herói e site Omelete. O foco da nova edição será voltada à nostalgia de vários seguimentos da cultura pop japonesa entre os anos 60 e 90 como anime, mangá, música e tokusatsu. A diferença é que esta é uma versão ampliada e trará novos conteúdos que estão recheadas de informações, curiosidades e muito mais. A Família Ultra é um dos fortes destaques no livro.

Nagado tem um papel importante para a história da divulgação desse entretenimento. É desenhista profissional e trabalhou nos roteiros de quadrinhos brasileiros de Flashman, Maskman e Changeman (séries tokusatsu da franquia Super Sentai exibidas pela extinta Rede Manchete) pela editora Abril, nos anos 90. Na mesma época, pela editora EBAL, escreveu histórias inéditas nos quadrinhos de Sharivan, Goggle V e Machine Man (séries tokusatsu exibidas pelas emissoras Bandeirantes e Record). Em 1993, Nagado trabalhou em 15 edições da revista Street Fighter II, se tornando um dos autores que mais criou histórias em quadrinhos oficiais da famosa franquia da Capcom.

Ministrou palestras em várias cidades do Brasil em eventos ligados ao gênero. Em 2008 foi ao Japão como um dos selecionados para o Jovens Líderes, programa promovido pela MOFA (Ministry of Foreign Affairs) que serviu como parte integrante das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.

Entrevistei Alexandre Nagado, que fala sobre a segunda edição do Almanaque da Cultura Pop Japonesa, além de temas atuais desse universo.


Blog Daileon: O que o levou a fazer uma nova edição do Almanaque da Cultura Pop Japonesa?

Nagado: Foi por insistência do editor Vanderlei Sadrak, da Editora Kimera. Em 2010, ainda na Via Lettera, o Almanaque havia passado por uma atualização ortográfica, pois estava em vias de ser comprado para distribuição em bibliotecas de escolas estaduais. A compra acabou não acontecendo e não mexemos mais nisso. Daí, em 2015, resolvi soltar o Almanaque em formato digital, mas isso durou pouco. O Vanderlei, que é amigo do meu amigo Tiburcio (da webcomic Meu Monarca Favorito) me procurou interessado em republicar o Almanaque. Fui bem resistente à ideia, pois tinha um outro projeto de livro em mente, mas acabei topando quando ele aceitou que a edição fosse ampliada. O processo de preparação foi bem demorado, mas compensou.

Blog Daileon: Quais são as novidades que encontraremos nesta edição?

Nagado: Além da nova capa, entraram algumas matérias que ficaram de fora da edição original, por falta de espaço. São textos sobre Cybercop (extraído da Herói), Lion Man (do extinto Nihonsite) e Cavaleiros do Zodíaco – Prólogo do Céu (do Omelete). Ainda, um texto de 2015 sobre o Ultraman X para o portal UOL. Dois textos antigos, um sobre J-pop e outro sobre a revista Shonen Jump, foram trocados por outros mais recentes.

Blog Daileon: Você é um grande fã da Família Ultra e ela é um dos destaques no novo Almanaque. Pra você, qual a importância dos heróis da Nebulosa M-78 no contexto histórico do tokusatsu?

Nagado: Foram os Ultras que sedimentaram o tokusatsu na televisão. Ultraman foi um enorme sucesso, seguido por Ultraseven. São séries cultuadas até hoje e que mostram diferentes momentos do tokusatsu, com histórias excelentes que são debatidas até hoje por fãs e pesquisadores. Em termos de público de nicho, hoje eles dividem espaço com Kamen Rider, Metal Heroes e Super Sentai, as franquias da Toei. Mas em termos mais amplos, falando de cultura pop japonesa de forma abrangente, não há paralelo com as demais franquias. Ultraman é praticamente uma instituição japonesa.


Blog Daileon: Entre as décadas de 1960 e 1990, quais suas séries favoritas de anime e tokusatsu e por quê?

Nagado: Meu animê favorito de todos os tempos é a Patrulha Estelar (Yamato). Gostava das naves, do clima de heroísmo clássico, do drama e da trilha sonora, que é apaixonante. Também gosto muito de Zillion, Speed Racer, A Princesa e o Cavaleiro, Sawamu e outros. Entre os tokusatsu, Ultraman, Ultraseven e O Regresso de Ultraman têm lugar garantido. Além deles, Robô Gigante, Spectreman. Do material anos 80, meus favoritos são o Jaspion, Changeman, Maskman, Metalder, Kamen Rider Black, RX e Jiraiya. Dos anos 90, tem Jetman e Dairanger, além do Ultraman Tiga. Falar do que eu gostava em cada um daria um livro...


Blog Daileon: Como você analisa o mercado de séries japonesas pelos canais de streaming?

Nagado: É um mundo de possibilidades infinitas. O simulcast oficial e legalizado é a maior conquista em termos de mercado.


Blog Daileon: Você já ministrou palestras em várias cidades do Brasil. Conte-nos um pouco sobre esta fase.

Nagado: Realmente viajei bastante dando palestras sobre cultura pop japonesa. Passei por cidades como Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza, Campo Grande e Recife, para citar algumas. Cada experiência teve suas peculiaridades e minhas palestras sempre foram adaptadas ao público, fossem universitários, adolescentes ou pessoal mais velho. No SANA de 2009 (Fortaleza, CE), lembro de estar esperando a vez de entrar no palco e estava conversando com a desenhista Erica Awano. Uma garota então nos abordou com os olhos brilhando e perguntou se tínhamos vindo do Japão. É que ela tinha conhecido poucos orientais na vida e estava literalmente encantada, pois adorava cultura japonesa e estava num evento com convidados do Japão. Que não éramos nós, claro. Lá estavam o Hironobu Kageyama, o Masaaki Endo e o Hiroshi Kitadani, do JAM Project.


Blog Daileon: Nos anos 90 era possível encontrar produções japonesas apenas com versões legendadas no mercado de TV por assinatura e home-video. Hoje em dia, parte do público brasileiro que acompanha anime/tokusatsu cria certa resistência por preferir acompanhar este tipo de material apenas com dublagem. Qual sua opinião sobre o assunto? 

Nagado: Gosto de boas dublagens, mas acho que devem existir as duas opções para o espectador. Isso é liberdade de escolha.


Blog Daileon: Atualmente você trabalha como funcionário público. Existe algum segredo para conciliar o tempo de serviço com este tipo de hobby?

Nagado: Segredo não tem, mas depende do seu ritmo. Eu trabalho na área de segurança patrimonial, com horários em escalas diferentes de um trabalho “normal”, de horário comercial. Não tenho finais de semana ou feriados, mas tenho metade dos dias do mês livres para cuidar de meus projetos. Eventualmente faço freelas de ilustração ou criação de texto e roteiro, além de tocar meu blog. E ainda faço minha parte pra cuidar da casa. Sou casado e tenho duas filhas pequenas. E criamos duas gatinhas também. A vida é corrida, mas consigo brechas para fazer um pouco coisas de que gosto. Mas sinto que a vida passa rápido demais...


Blog Daileon: Você tem alguma expectativa sobre o novo filme dos Power Rangers que estreia em 2017?

Nagado: Parece que vai ter um apelo meio sombrio. Que eu não acho que tem a ver com Super Sentai, mas não quero ter visões preconceituosas. Verei sem grandes expectativas. Não sou entusiasta de Power Rangers e mesmo Super Sentai sou bem seletivo, pois é a franquia que em geral menos me interessa.

Blog Daileon: Nagado, muito obrigado por sua entrevista e deixe um recado para seus leitores.

Nagado: Agradeço demais a oportunidade e a consideração por me convidar para uma entrevista. Para aqueles que curtem cultura pop japonesa de modo abrangente, convido a conhecer meu blog, o Sushi POP. E tokusatsu é um dos assuntos mais recorrentes por lá, especialmente Ultraman. Obrigado pela atenção.

PS: Nesta segunda (7) começou uma promoção-relâmpago promovida pelo TokuDoc, do grande amigo Danilo Modolo, para concorrer a DOIS almanaques. Saiba como participar através da fan page do canal no Facebook. Não perca essa oportunidade!

Um comentário:

  1. NÃO VIVI,NA ÉPOCA,MAS AGRADECE.POR TER TIDO A IDEIA DA REVISTA HERÓI. TENHO UMA

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