quinta-feira, 7 de abril de 2016

Spielvan, o inesquecível guerreiro dimensional, completa 30 anos

O segundo "Jaspion" contemplando o pôr-do-sol

Depois de um resultado mediano da série O Fantástico Jaspion (erroneamente interpretado por algumas correntes no Brasil como "fracasso no Japão"), a Toei resolveu investir numa releitura da trilogia dos Uchuu Keiji (Policiais do Espaço - Gavan, Sharivan e Shaider) para tentar recuperar parte da audiência perdida.

O ator Hiroshi Watari vivenciou mais uma vez um herói da linhagem dos Uchuu Heroes (heróis do espaço). Outrora dublê da Japan Action Club (atual Japan Action Enterprise), ator principal da série Sharivan interpretou também o detetive Boomerman em alguns episódios de Jaspion. Com a retirada de pinos em uma de suas pernas, devido um acidente de moto que sofreu em setembro de 1984, Watari precisou se retirar da série. Seria talvez um herói secundário fixo, só que sem uma suit de combate. Foi através de um convite do produtor Susumu Yoshikawa, durante um passeio de esqui com dublês da JAC, em dezembro de 1985, que Watari foi convidado para estrelar o novo herói espacial da Toei no ano seguinte.

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O projeto da série Jikku Senshi Spielvan (Guerreiro Dimensional Spielban) nasceu de um plot de um antigo projeto para a série que se candidatara a ocupar o horário das 19:30 das sextas-feiras da TV Asahi após o final de Shaider, em 1985. Ginsei Ouji Big Bang (Príncipe da Estrela de Prata Big Bang) - que seria apenas um Henshin Hero - contaria sobre um jovem fugitivo de um planeta natal destruído por uma rainha do mal. Tais elementos só foram usados em 1986.

O herói-título e sua parceira Diana são sobreviventes do Planeta Clin, que foi dizimado pelo Império Water (Waller no original). Liderado por um espírito guardião que dá o nome ao império e sub-comandado pela Rainha Pandora, Water havia sequestrado o cientista Dr. Paul (Dr. Ben) e sua filha mais nova Helen. Respectivamente, o pai e a irmã de Spielvan. Paul foi transformado no Dr. Bio e passou a criar mechanoids para dominar qualquer planeta que possua uma grande abundância de água. Viajando e adormecendo durante um período na nave Defender (Grand Nasca), Speilvan e Diana (seus respectivos nomes são claramente homenagens ao cineasta Steven Spielberg e à falecida Princesa Diana de Gales) aprendem sobre a humanidade e treinam com a missão de destruir Water sem misericórdia.


O Império Water

Spielvan herdou vários elementos dos Uchuu Keiji, mas era um herói que não tinha um comandante. O clima da série era triste e carregado que os demais antecessores da franquia Metal Hero. Não tão sombrio quanto Sharivan, mas superando Jaspion. As lutas seguiam um padrão, mas era de se notar que a Toei estava tentando inovar em sequencias de ação mais ousadas que as séries anteriores da franquia. Arrisco a dizer que seu visual é o mais belo dentre os Metal Heroes, a começar pelo seu capacete arrojado que lembra uma nave espacial. Spielvan marcou também por lançar a primeira Metal Heroine da franquia, Lady Diana (Diana Lady). Mais tarde um novo aliado surgiria como o primeiro Metal Hero secundário (sem spoilers para quem ainda não assistiu), ideia que naturalmente vingou com as aparições de outros ao longo da franquia como Top Gunder (em Metalder), Eminin Emiha (em Jiraiya), Gun Gibson (em Janperson), Gold-Platinum (em Blue SWAT), entre outros.

Os primeiros episódios tiveram seus altos e baixos. Ponto positivo é a procura angustiante de Spielvan por sua irmã que passou a ser controlada por Pandora e se transforma em Herbaira (Helvira [lê-se: "hell váira" no original]), sem o consentimento do herói. Algo que deixa qualquer espectador na ponta do sofá ou mesmo quem assiste algum desses momentos sem compromisso. Ponto negativo, de longe, é o núcleo do laboratório do "cientista" Daigorô Koyama. Uma tentativa fracassada e de muito mal gosto se suceder Kojiro Ooyama (o alívio cômico da trilogia Uchuu Keiji). A sua atuação mais patética foi no segundo episódio quando Daigorô pensou ter criado uma fórmula para a invisibilidade e quase fez um strip-tease (é sério!) na frente de crianças e mulheres. Constrangedor. Felizmente ele saiu na metade da série e é um personagem que jamais fez falta sequer por ser uma baita vergonha alheia.

Spielvan melhorou na segunda metade com a aparição do Imperador Guillotine. Um homem vindo do ano 2201 que por algum motivo vivia como um mendigo. Infelizmente a gênese do herói foi um grande furo de roteiro, mas por incrível que pareça nem isso impediu a evolução de um vilão calculista que deu trabalho. Outro vilão que marcou a série nos momentos finais foi o Fantasman (Youki) e sua investida rendeu um clímax frenético jamais visto até então nas séries Metal Hero. Coisa de deixar o telespectador na ponta do sofá.

Com todo um conceito espacial formado em seus 44 episódios, Spielvan teve um final decepcionante e com um grau nonsense acima da compreensão humana. Pra se ter uma ideia, até hoje nem mesmo Watari conseguiu entender o que realmente aconteceu. Pois a resolução criou um desconexo que serviu de "caminho largo" para a Toei fechar com um final feliz e um sorriso estampado de orelha à orelha. Seria melhor vê-lo na Terra ou partir para outro planeta para combater algum outro ser espacial. Ainda assim, Spielven deve ser visto, analisado, apreciado, e ver como a série cresceu com o tempo. Apesar do nó deixado na cabeça de quem acompanhou até o final medonho. Uma grande série como Spielvan merecia um final digno e respeitável.


Diana e Spielvan no clock-pit da nave Defender (Grand Nasca)

Jikku Senshi Spielvan teve grandes nomes no elenco. Destaco as participações de Ichirô Mizuki, tanto como Paul quanto cantando os eletrizantes temas da série; a lindíssima Naomi Morinaga como Helen; e a nossa saudosa Machiko Soga como Pandora. Vale lembrar que Watari teve mais dois trabalhos em comum com seus colegas. Ele voltou a contracenar com Makoto "Diana" Sumikawa, nos episódios 25 e 26 de Metalder, série que sucedeu Spielvan (e que serviu de "companhia" numa determinada versão nipo-americana de tokusatsu). Em 2014, Watari e Morinaga retornaram como seus respectivos personagens da trilogia Uchuu Keiji (Den Iga e Anne) na saga NEXT GENERATION. E junto com Soga, Watari e Morinaga trabalharam no jogo Uchuu Keiji Tamashii, onde a atriz consagrada à vilã voltaria a interpretar Mitsubachi Doubler (de Gavan) e Dark Galaxy Queen. Aliás, esta foi sua última personagem. A atriz morreu em 7 de maio de 2006 - 18 dias antes do lançamento para PlayStation 2.

Spielvan é um tokusatsu que assisti desde sua estreia na Sessão Super-Heróis, em 22 de abril de 1991, na extinta Rede Manchete, e que tive como um dos favoritos depois de adulto e entender melhor o enredo. Seu lançamento veio através da Everest Video (do sr. Toshihiko "Toshi" Egashira), junto com Maskman e Kamen Rider Black. A estreia das três séries foram marcadas também pelo retorno de Cybercop que trazia uma nova remessa de episódio inéditos trazidos pela Sato Company (do sr. Nelson Sato). Infelizmente os últimos quatro episódios não foram dublados devido a um problema no traslado das fitas masters originais vindas do Japão. Queria muito ouvir a dublagem e arrisco dizer um nome de um dublador que seria ideal para substituir o saudoso Ézio Ramos. Mas isso é assunto para um outro post.



Esta é uma rara chamada exibida originalmente durante os últimos episódios de Jaspion. Ao final do anúncio vemos sem película Spielvan e Diana no clock-pit da nave Defender (Grand Nasca) e mais a reunião de parte do elenco convidando os espectadores a acompanhar então nova série. A estreia aconteceu no dia 7 de abril de 1986 e era exibido sempre às segundas-feiras às sete da noite.



Trecho de um programa de variedades da TV Asahi em que anunciava as atrações daquela segunda-feira - 1 de setembro de 1986 - na faixa das sete da noite. Os previews do episódio 21 de Spielvan (19:00) e do episódio 19 do anime Ginga: Nagareboshi Gin (19:30), este último se encontrava na reta final.

PS: Amanhã teremos no blog mais uma resnha especial de nostalgia com mais um tokusatsu aniversariante, e que está hoje em exibição no Brasil. Dica? A Sally vai. Esteja verde.

7 comentários:

  1. Helen é Irmã mais velha do Spielvan.

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  2. porque vc disse que o jaspion foi um fracasso?

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  3. Olá, tami e dudu pignatel. Tudo bem? Você prestou bem atenção no texto? Se sim você vai ver que não foi bem isso que escrevi. Abraços.

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  4. Sem falar nas cenas com a Blade Slace e a Frase " O Meu Ódio irá destruí-lo" eram muito legais, mas também cagou na aparição daquele Robô gigante.

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  5. Quem construia os Mecanóides era o General Deslock, Dr Bio Criou alguns bio-monstros. até hoje não sei se era mesmo necessário terem sequestrado o Pai de Spielvam já que ele era sub-utilizado na equipe de vilões (pelo menos na invasão da terra).

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  6. Eu gostava de ver na serie o momento em que o heroi dizia:O meu ódio irá destruí-lo,em seguida acionava o Cosmic Blade,e com o golpe Blade Slace destruia os monstros.Até hoje não entendo pq os episódios finais não foram exibidos.Recentemente baixei o video do ultimo episódio,legendado,é claro.

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  7. Gostava de assistir a série,e quando Spielvan dizia:O meu ódio irá destruí-lo,era demais,então acionava o Cosmic Blade,e com o golpe Blade Slace dizimava os inimigos.Até hoje não entendo porque os episódios finais não foram exibidos.Só consegui ver o último episódio de Spielvan(legendado)porque baixei da internet.

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