sábado, 9 de abril de 2016

Atelier, o primeiro J-drama original da Netflix

O elenco da web série japonesa

Antes da estreia, cheguei a comentar sobre esta série num determinado papo de roda e um desavisado que estava no meio chegou pra mim e disse o seguinte: "esta série vai ser cheio de boiolagem por causa desse nome". Quase dei dele por dizer tamanha sandice. Eu que já tinha lido a sinopse tinha alguma noção do que poderia se tratar e como poderia ser, conhecendo o estilo dos J-dramas. Julgar alguma produção sem sequer ter assistido ou ao menos antes da estreia é uma tremenda frescuragem em plena era digital e considero imperdoável em qualquer área da cultura pop.

Assisti todos os 13 episódios de Atelier, o primeiro drama japonês ("terebi dorama") original/exclusivo da Netflix que estreou em dezembro do ano passado. Gostei bastante e pretendo assistir de novo qualquer dia desses. E posso adiantar que é agradável, vale a pena e o título é bem mais que um mero programa sobre lingerie que possa vir à sua mente. Entre 13 de novembro e 5 de dezembro de 2015 a Fuji TV exibiu (durante três noites de sexta e uma tarde de sábado) a série Atelier (Underwear no original), antes de seu lançamento mundial pelo famoso serviço on demand.

A engrenagem que move a série é a agência de design chamada Emotion, que é especializada em criar modelos de roupas íntimas, que fica em Ginza, distrito de Tóquio. As duas protagonistas são a novata Mayuko Tokita (Mirei Kiritani) e a chefe Mayumi Nanjo (Mao Daichi). A primeira impressão que fica é de estar diante a uma versão japonesa do filme O Diabo Veste Prada (estrelada por Meryl Streep e Anne Hathaway), mas o roteiro segue um rumo diferente. A equipe da Emotion passa a se unir em prol dos eventos e da divulgação dos seus produtos quando Mayuko começa a questionar sobre certas políticas de Nanjo e no desenrolar da série aparecem vários imprevistos.

Os primeiros episódios de Atelier mostram lições de companheirismo, perseverança e vitória. Como uma boa "novela" japonesa, há quem queira bater de frente e disputar com jogada suja. Até isso está presente. Um dos momentos que deixam expectativas, embora o enredo não tenha grandes pretensões de causar. O romantismo não é o forte de Atelier, apesar de ser movimentada nos episódios finais por um sujeito atrapalhado que é perdidamente apaixonado por Mayuko. Tal carinha acaba suprindo a estranha ausência de Hajime Sousuke (Dori Sakurada) na segunda metade do programa.

O interessante é que Atelier aborda diferentes visões sobre a profundidade da moda e isso gera um eterno debate sobre "mulher não se vestir para os outros, mas para si própria" entre as protagonistas Mayuko e Nanjo. Atelier consegue divertir e emocionar em vários momentos. Em outros decepciona sem constranger. Ainda assim vale a pena entrar de cabeça numa maratona. Por um lado, Atelier dá uma aula de como ser bem sucedido no campo profissional, às vezes com toque melodramáticos (e até exagerados em certos momentos).

A atriz principal Mirei Kiritani (atualmente vista no filme Assassination Classroom: Graduation, nos cinemas japoneses) conquistou o público com seu carisma e docilidade de sua personagem, Mayuko. Ela é toda atrapalhada no começo e comete algumas burradas por tomar decisões próprias e imaturas. A qualidade de Mayuko é que ela consegue conquistar facilmente amizades de profissionais da moda que se encontram em baixa estima e que por algum motivo desistiram. Mayuko evolui como profissional ao enfrentar o verdadeiro mundo da moda, apesar de ser metódica demais com seus conceitos e pagar de coitadinha, o que faz com que ela fique chata às vezes. A veterana Mao Daichi, admiravelmente, foi quem mais se destacou na série. Com charme e elegância, Nanjo é o tipo de chefe durona que esconde um bom coração. Por trás de uma mulher bem sucedida, carrega um triste segredo de seu passado que é revelado num episódio isolado na reta final.

Alguns nomes de peso nos J-dramas e também alguns rostos conhecidos do tokusatsu estão presentes como Mayuko Kawakita (Yuri Kouno, a melhor amiga de Mayuko) da série Shiratori Reiko - que deve chegar ao Brasil em breve via Crunchyroll, Ken Kaito (o manager Jin Saruhashi) do filme live action Mordomo de Preto, Dori Sakurada (o assistente Hajime Sousuke) dos filmes do Kamen Rider Den-O como Kotarô Nogami/Kamen Rider NEW Den-O, além do veterano Hisahiro Ogura da série Kamen Rider Wizard como Shigeru Wajima/Kamen Rider Mage.

Atelier antecedeu a estreia de outro J-drama da Fuji TV, Terrace House, uma espécie de reality show que reúne grupos de homens e mulheres que tem que se virar para convier uns com os outros. Esta última não teve tanta divulgação assim pela própria Netflix, apesar de receber o seu"original". O que atrapalha um pouco em meio a tantos títulos de pesos como House of Cards, Demolidor, etc. No caso de Atelier, a série merece um tratamento igual às pratas da casa, ainda mais por ser o primeiro drama japonês do serviço.

Um comentário:

  1. Acabei de assistir e vim parar aqui exatamente pesquisando sobre o sumiço repentino do Hime na metade. Não fez nenhum sentido começarem um romance entre ele e a Mayu e do nada o cara sumir, fiquei absurdamente curiosa sobre o que aconteceu. Você descobriu alguma coisa? No mais, amei Atelier e concordo com a sua análise, muito boa, parabéns!

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