Gai tem tudo pra fazer escola aos novos Riders (Foto: Reprodução/Crunchyroll) |
Sei que ainda é cedo pra dizer, mas sinto que Ultraman Orb deve ser uma grande revelação entre as séries tokusatsu deste ano. Não só pela divulgação bem elaborada da Tsuburaya, mas pelos diferenciais que o programa de TV tem mostrado até aqui. Uma equipe anti-monstros improvisada e bem humorada ajuda a fugir um pouco do velho formato que o público das séries Ultra está acostumado a ver. O mistério em volta da origem do herói, que leva ao público a formar teorias, também conta bastante.
Uma coisa que me chamou atenção no episódio desta sexta (15) foi a participação de Gai Kurenai (Hideo Ishiguro), o alter-ego de Orb, e do vilão Juggler (Takaya Aoyagi). Os dois são rivais antigos. Um quer despertar os grandes demônios na Terra enquanto o outro quer defender a paz em nosso planeta. Até aí tudo bem. A diferença é que ambos fogem dos padrões de herói e vilão que a Tsuburaya costuma apresentar desde quase todo o sempre nas séries de Ultraman. Lembrou muito o conceito que era apresentado até poucos anos nas séries Heisei Kamen Rider.
Gai tem o estereótipo que pode ser muito bem equiparado ao Shotarô Hidari (de Kamen Rider W/Double) em estilo/elegância - embora Gai não adote o Hard Boiled, tem um lado solitário de Eiji Hino (de Kamen Rider OOO/Ôzu) e quase um jeitão de Souji Tendou (de Kamen Rider Kabuto). Esse misto - que até onde se sabe é espontâneo - ajudou a formar um personagem misterioso que vaga pela cidade afim de combater o mal. Seria quase um Kenshin Himura dos nossos tempos. Já Juggler lembrou aquele esterótipo que me faz falta desde o final de Kamen Rider Gaim. Aquele do tipo de agente do caos misterioso que tem que cumprir sua missão de espalhar o terror.
São elementos assim que estão em falta nas séries Kamen Rider. Quem acompanha há longa data, vai entender o que estou falando. Nos últimos anos a Toei tem se perdido com as séries Kamen Rider e não tem mais o mesmo pique que tinha num passado não muito distante. O fato da Toei não criar hiatos de seis meses como a Tsuburaya faz desde Ultraman Ginga leva a "toda-poderosa" a cair num cansaço de roteiro. Hoje em dia as produções de anime e tokusatsu estão se tendenciando a trabalhar com séries e temporadas pequenas de um a dois cours (três a seis meses) para dar tempo em trabalhar com qualidade nos enredos. Nessa a Tsuburaya leva vantagem e está fazendo escola à sua concorrente.
Não dá pra dizer o mesmo do excelente Kamen Rider Amazons, pois é um caso à parte já que se trata de um programa com programação elaborada, voltado ao público jovem/adulto, é praticamente independente das imposições da Bandai (não que a Tsuburaya esteja livre disso), tem mais liberdade por ser uma série exibida direto-para-streaming e por ser dividida por temporadas (como teremos uma segunda em 2017). O problema da franquia Kamen Rider está mesmo na faixa matinal de domingo que precisa urgentemente dar umas merecidas férias aos heróis, assim como os Ultras tem tido. Os tempos são outros e é sempre bom dar aquela relaxada pra reciclar as ideias.
Kamen Rider precisa voltar ao estilo dos antigos heróis da primeira fase da era Heisei. É bom a Toei prestar bem atenção nisso e aprender com a Tsuburaya, pois a casa do "deus do tokusatsu" está fazendo isso em Ultraman Orb.
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