Aviões do Forró está longe de virar um clássico de renome (Foto: Divulgação) |
Hoje cedo eu estava escutando o programa do Paulo Oliveira, na Rádio Verdes Mares (daqui de Fortaleza) e no bate-papo de sempre com Tom Barros eles tocaram mais uma vez sobre a questão da qualidade musical de ontem e de hoje. Ambos os radialistas curtem música clássica e lamentam quanto a atual geração que acabam sendo refém das programações de rádio que, para não perder audiência, tocam tudo o que é porcaria. Por aqui o principal ritmo é o forró, que tinha uma boa tradição e hoje virou sinônimo de "música" com duplo sentido, palavrões e tudo de ruim que você puder imaginar.
Eu também sou bem crítico quanto à qualidade musical de hoje. É inevitável um balanço com as músicas do passado e é fácil perceber o que é clássico e o que é bizarro. Não sou fã de música clássica (erudita), mas reconheço e respeito sua qualidade. Sou voltado mesmo para MPB, música romântica, internacionais, jovem guarda, tertúlias e coisas do tipo. Se a gente ver como esse tipo de música era investida entre as décadas de 60 e 90, vamos perceber que há um abismo muito grande entre as músicas atuais ou mesmo desde os anos 2000.
Não sou lá um grande especialista em forró e tampouco fã do gênero. Mas tenho apreciação por umas músicas da Eliane. Até quem não curte o gênero pára pra ouvir a rainha do forró, por exemplo, porque havia nos anos 90 uma qualidade sonora e as letras eram românticas de fato. Eliane é um clássico do forró e -diferente de um Aviões do Forró ou um Wesley Safadão da vida - tem respeito e reconhecimento. Não só o forró, mas até o sertanejo sofre com esse problema. Nem preciso dizer que Leandro & Leonardo, Chitãozinho & Chororó, por exemplo, são clássicos. É claro que há exceções. O mesmo vale para o funk que outrora tinham ícones como Tim Maia e Sandra de Sá como referência e hoje é sinônimo de imoralidade.
A questão aqui não é julgar quem curte músicas com duplo sentido, cheia de barulhos e refrões chiclete que não dizem absolutamente coisa nenhuma. Com todo o respeito a quem trabalha na área, mas a qualidade é pífia e fadada ao descarte. Verdade seja dita. É lamentável que a grande maioria dos jovens prefere ouvir esse tipo de coisa e acabam não explorando canções com mais consistência e valor. Quem curte uma boa música acaba sozinho ou trancado num nicho específico. E o que é pior: tem muita gente boa tentando espaço, mas os besteirois da vida não permitem. Assim fica mais difícil descobrir um novo Belchiror, um novo Roberto Carlos, um nova Joanna, uma nova Elis Regina, um novo Wando, uma nova Rosanah, um novo Fagner e por aí vai.
O mundo evoluiu, mas a música brasileira segue em decadência plena. Não acredito que essa juventude (sem generalismo) vá atrás de um clássico da minha época ou mais antigos daqui a 10, 20, 30 anos. A tendência é a cada dia aparecer um besteirol que vai ser pior que outro. Assim, a distância entre a boa música se torna gritante e a memória musical vai caindo gradativamente e se destinando numa amnésia ferrenha. A boa música vai tomando rótulo de "música de velho careta" ou se já não está sendo agora, né? É triste.
Lamentável. Mas eis uma verdade recorrente em varias areas no Brasil ,la fora a espaço pro descartavel eo que tem qualidade,embora tb , existisse um espaço maior ,ainda assim ha pluralidade .Aqui apenas nichos ,que precisam de alguém com vontade de procurar algo novo e forao do padrão AB vigente : Alta Baixaria
ResponderExcluirVerdade, Job. Artistas com vontade temos, mas não reconhecidos. Infelizmente a baixaria musical é gritante.
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