Zero e X: dois Irmãos Ultra em plataformas oficiais distintas no Brasil |
Semanas atrás escrevi aqui no blog minha visão sobre algumas fansubs que acabam batendo de frente contra as séries de tokusatsu que estão em exibição nos serviços de streaming. Melhor dizendo, violando os direitos autorais de séries que estão atualmente no Brasil. É o caso das Ultra Series na Crunchyroll. Sei da repercussão daquele post nas redes sociais da tokunet e fico feliz por muitos terem entendido a mensagem de conscientização que quis passar e da extrema importância destes títulos inéditos de tokusatsu por aqui, e de outros que deverão pintar em breve através do on demand.
Por outro lado, teve lá uma minoria que defende o uso indevido (em questão) da "pedra lascada" e adotar uma posição sem muita contextualização e inexperiência no assunto. Parecendo com a atitude de muitos - e tão criticados (pelos mesmos) - otakinhos quando a Crunchyroll chegou no Brasil há cerca de três anos. De repente virei "oportunista em querer ganhar assinatura vitalícia do Silvio Santos", "hipócrita", "aparecido" e coisas do tipo. Teve até quem pensou que eu estivesse detonando a TV brasileira, quando na realidade eu explicava que ela já definiu seu próprio rumo e as chances de novas séries japonesas irem pra lá serem minúsculas. Visto que hoje a salvação está nos serviços oficiais de streaming, e por serem legalizados chegam mais rápidos e com segurança. Nem é preciso se "aventurar" nos downloads quando o seu material pode ser visto por lá. Por isso merece divulgação maciça dos mais variados e sérios meios da tokunet brasileira em geral.
Disse naquele post e repito aqui: no texto deixei bem claro que não tenho a intenção nenhuma de receber algo em troca da Netflix, da Crunchyroll, da vindoura Daisuki ou de qualquer outro serviço. E digo mais: delas só espero conteúdo e qualidade. E se vier alguma oportunidade, por que não pegar, né? Problema nenhum até aí. (rsrs)
Brincadeiras à parte, não sou contra as fansubs. Reconheço o esforço quando encaram em divulgar alguma série inédita do segmento e não devem ser mais do que isso. Eu mesmo tenho um amigo que é fansuber. Minha crítica era quanto o fato de que as fansubs não deveriam jamais copiar tais séries vigentes no Brasil. Nem preciso dizer que isso sim é contra a lei, e é crime no país. Antes de qualquer coisa, o que eu estou falando não tem nada haver com as séries não-licenciadas ou com direitos expirados no Brasil. Pois elas estão aí genuinamente na web como divulgação em nosso país. Se as fansubs realmente nasceram com a missão de divulgar um determinado segmento, então porque não incentivar os referidos materiais licenciados? Visto que isso foi uma atitude de uma fansub americana especializada em Ultraman quando chegaram novas séries da franquia nos EUA - através do streaming legal.
Esse tema deve ser repensado e debatido fortemente nos mais variados grupos de tokusatsu no Brasil. O que adianta uma distribuidora local ou internacional licenciar uma determinada série japonesa pra cá se ela corre o risco de ser pirateada e desviada da real audiência? Pois do contrário, o tokusatsu no Brasil está ameaçado e jamais veremos séries da Toei Company (como Kamen Rider e Super Sentai) fazerem bonito por aqui e chegarem em primeiríssima mão. Pirataria é uma coisa que está longe de ser extinta na internet, mas não deveria ser incentivada na tokunet. Poderia ser feita a diferença nesse meio e com campanhas unidas de conscientização, como acontecem durante a exibição de Os Cavaleiros do Zodíaco - Alma de Ouro, por exemplo. Considerando que temos pouquíssimos materiais de tokusatsu no país. Que os downloads sejam incentivados, mas quando haja realmente a necessidade de divulgar uma determinada série ou filme de tokusatsu que não esteja atuando no Brasil. E pra que piratear quando as assinaturas dos serviços são bastante acessíveis, os episódios chegam primeiro e as traduções oficiais vem diretamente do japonês (sem as eventuais adaptações descontextualizadas a la TV-Nihon)? Além do mais, com pouco ajudamos a indústria do tokusatsu. O equivalente a uma bugiganga bacanuda que compraríamos numa Akihabara da vida. O mesmo vale para o segmento dos animes.
Gente, o tokusatsu está vivo sim. Aliás, muito bem vivo no Brasil. Há quem diga com pessimismo que "não está" e que "não volta jamais. Mas repare comigo: as Ultra Series são as únicas que estão segurando a barra em nosso país. Mais precisamente no serviço oficial de animes e dramas. Não vamos longe. A Crunchyroll não é a única. A Netflix está com os oito primeiros filmes lançados recentemente pela Focus Filmes. Ultraman Saga deverá surgir em breve por lá. Quer mais? Jaspion, Changeman e demais clássicos da Manchete, incluindo o Garo, reforçarão o tokusatsu nos streamings. Sem contar que há uma imensidão de diversos títulos de anime e live action na ativa através destes meios. A cultura japonesa está em alta, comercialmente falando. A TV brasileira poderia ter um pouco disso? Com certeza. Mas independente do interesse dos canais, não haveria a mesma flexibilidade, mobilidade, variedade e poder de escolha que só os streamings tem. E olha, imitação nenhuma faz igual pra gente. Fala a verdade.
No meu caso, eu assino a Crunchy e a Netflix. Quando algum anime e tokusatsu está em falta nos catálogos (por não haver nenhuma distribuidora que mande seus próprios materiais), o jeito é partir pros meios alternativos. Isso, ainda sim, seria uma divulgação lícita. Porem não-oficial. Em tempo, a tendência é no futuro não muito distante o tokusatsu se firmar nos on demand, como os animes e J-dramas se firmaram no Brasil. Logicamente, isso depende responsavelmente do retorno dos próprios tokufãs. A tokunet precisa ficar atenta, se informar/atualizar e deixar de ser um nichozinho formado apenas de meios alternativos e desconhecido pelos leigos.
Agora, salgando um pouco mais a ferida: recentemente o estúdio Manglobe (o mesmo de animes como Samurai Flamenco e Gangsta) anunciou estar passando por uma terrível crise e decretou falência. O que diriam as fansubs sobre o caso? Tem que copiar mesmo pra matar de vez o mercado das séries do segmento "defendido" pelos mesmos e satisfazer o ego de uma minoria? E se a próxima vítima fosse a nossa querida Tsuburaya (que está licenciando séries no Brasil e outros países por própria conta)? Essas questões eu deixo pras mesmas responderem. Se puderem, obviamente.
PS: Se Kamen Rider Ghost estivesse em simulcast agora, a história seria outra. Vamos sofrer mais atrasos de episódios em até uma semana por pelo menos mais um ano.
Mas Garo ainda não foi lançado via streaming.
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