Na terça-feira, 29, os cantores Gilberto Gil, Roberto Carlos e Erasmo Carlos -- da Associação Procure Saber -- falaram em vídeo na internet sobre suas posições em relação a polêmica sobre a proibição de biografias não autorizadas. Durante cerca de quatro minutos e meio eles ficaram falando e tentando convencer o público de que não são contra a censura, que o Poder Judiciário estão (auto-convencidamente falando) do lado deles, como se isso estivesse ferindo diretamente suas privacidades e intimidades.
Pra começo de conversa, qual biografo de boa índole iria querer perder tempo em criar histórias sobre a vida íntima destes, quando elas nunca foram publicadas? Quais seriam as fontes de tais afirmações que os cantores temem tanto? É bem verdade que as biografias não autorizadas barradas, principalmente pelo rei Roberto Carlos -- de quem não escondo ser eterno fã -- são nada mais e nada menos que fruto de estudos e pesquisas bibliográficas de suas histórias. Ou seja, fatos que sabemos e que foram contados ao longo dos anos de suas carreiras.
Roberto, que tem histórias mais interessantes ao lado de Erasmo e mais do que Caetano Veloso e seus censores, é o que mais teve exposição de vida na mídia em mais de cinco décadas. Um bom exemplo disso são as várias manchetes em capas de revistas. Não só as biografias não autorizadas, como existem também vários programas de rádio feito por profissionais da área e fãs/pesquisadores/admiradores do rei. Além de sites, blogs, colunas, revistas e inúmeras mídias que sempre falam sobre sua vida de maneira parcial e bastante dedicadas. Estes mesmos fãs nunca foram além daquilo que os artistas temem tocar e ferir privacidade, como estão alegando os artistas.
Destacando os principais pontos dos depoimentos, aqui vai uma crítica à tais afirmações, replicando as mesmas:
- Gil diz: "Nunca quisemos exercer qualquer censura; ao contrário, o exercício do direito à intimidade é um fortalecimento do direito coletivo. Só existiremos enquanto sociedade se existirmos enquanto pessoas."
- Erasmo diz: "Se nos sentirmos ultrajados, temos o dever de buscar nossos direitos. Sem censura prévia. Sem a necessidade de que se autorize por escrito quem quer falar de quem quer que seja."
- Roberto diz: "Não negamos que esta vontade de evitar a exposição da intimidade, da nossa dor, ou da dor dos que nos são caros, em dado momento nos tenha levado a assumir uma postura mais radical."
- Gil diz: "Mas a reflexão sobre os direitos coletivos e a necessidade de preservá-los, não só o direito da intimidade, à privacidade, mas também o direito à informação, nos leva a considerar que deve haver um ponto de equilíbrio entre eles."
- Gil diz ainda: "Queremos sim, garantias, contra os excessos, as mentiras, os aproveitadores. O debate nos faz bem, nos amadurece, nos faz humanos, mais humildes. Agradecemos a todos os que se expuseram conosco, que tiveram suas vidas expostas em nome de uma ideia e que por isto foram chamados de censores"
- Roberto diz: "O direito de sermos cidadãos que têm uma vida comum, que têm família e que sofrem e amam, às vezes a dois ou na solidão, sem compartilhar com todos, momentos que são nossos."
- Gil diz: "Não queremos calar ninguém. Só queremos o que a constituição já nos garante, o direito de nos defender e nos preservar".
O interesse maior dos verdadeiros biógrafos não é de expor a vida intima de ninguém. Pois estes dificilmente teriam acesso. E sim de valorizar a obra e curiosidades de bastidores sobre fatos marcantes da vida profissional, desde que haja conhecimento do público para melhor aprofundamento. O assunto vai render muito ainda, principalmente na audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) nos dias 21 e 22 de novembro. É um caso que deve ser revisado várias e várias vezes. Podem ter certeza que este capítulo negro na carreira dos envolvidos será eternizado por tal mediocridade. Quem não deve, não teme.
Confira o polêmico vídeo do Procure Saber:
Nota do blog: Um estimado leitor (que não citarei o nome por questão de ética) me reclamou outro dia sobre uma postagem anterior ao assunto na semana passada, afirmando que eu estaria "sem assunto" pro blog. O que não é verdade de fato. O Blog DAILEON é um espaço onde falo de qualquer assunto relacionado à cultura pop, seja oriental ou ocidental. Quem já o frequenta nesses poucos meses de existência pode ver a descrição ao lado e entender numa boa a proposta multi-temática do espaço. A Música Popular Brasileira é cultura popular, querendo ou não. Então eu não deveria me omitir diante de um assunto que pode interessar a uns e nem tanto a outros. A verdade é que isso pode envolver o meu direito de expressar e o direito dos amigos leitores de concordar e discordar de mim, desde que haja respeito. Roberto, Erasmo, Caetano e o resto dessa "turma", são ícones de todas uma geração que influenciou as demais que vieram até hoje. Gostar deles ou não vai depender do ponto de vista de cada um. Mesmo sendo fã de Roberto e Erasmo, como já citei neste post e em alguns outros, não vou me calar e passar a mão na cabeça deles sabendo que suas posturas são contrárias à uma liberdade de expressão genuína e garantida por lei federal. Concordo que o rei faça sua autobiografia, mas não concordarei jamais com a ideia de proibição de conteúdo público que não fere integridade alguma. Enquanto o assunto estiver em voga, críticas surgirão aqui. Doa a quem doer!
Na verdade, os três são ícones da música que marcaram época e vão deixar pra gerações futuras um legado, Roberto é o único que se mantém ativo lançando anualmente sua coletânea, Erasmo é seu parceiro, são amigos desde a juventude e Gilberto marcou época na MPB, então assim sendo é impossível não ter um fã, fã clubes, que venha a ter curiosidade sobre artistas que embora vivos já marcaram gerações. É saberem conciliar as situações, pois excessos pode trazer degaste diante seus admiradores.
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