Bin Furuya, uma das figura carimbadas nos eventos norte-americanos |
Tá certo que falar de tokusatsu no Brasil é lembrar da era Manchete (Jaspion e cia) e Power Rangers (apesar de meia dúzia de haters afirmarem o contrário do fato). São sinônimos fáceis de assimilar. Tudo bem até aí. O problema é que a divulgação de tokusatsu por estas bandas é muito limitada. Se a gente pesar na balança a divulgação que acontece aqui com o que acontece nos EUA, vamos ver que lá o tokusatsu tem um rico valor cultural muito acima do nosso.
Nada contra Jaspion, Power Rangers ou Rider/Sentai serem divulgados. O raciocínio não é esse. Aliás, gosto muito desses títulos. Mas tá na hora dos eventos brasileiros de cultura pop japonesa darem um upgrade nisso. Sabe o que falta por exemplo? Mais Ultraman. Ora, afinal, pra entender o universo que tanto amamos precisamos pesquisar e acompanhar a franquia. Querendo ou não, Ultraman é item obrigatório pra qualquer pessoa que diz ser fã de tokusatsu.
Infelizmente há falta de interesse do público que está mais acostumado a um "oba-oba" sobre o que passou na Manchete e sobre o que está rolando atualmente na TV japonesa. Por outro lado, há falta de interesse por parte de alguns organizadores que de repente acham que Ultraman e séries afim não dão retorno. Sei também que há pessoas interessadas em divulgar esse tipo de produto nos eventos (eu sou um deles) e a gente acaba se desanimando pela falta de cultura do público brasileiro.
Por experiência própria eu posso dizer o quão difícil é fugir da mesmice nos eventos. Em julho passado eu e um amigo apresentamos uma palestra sobre Ultraman, devido às comemorações de 50 anos da série original. Pude perceber na pele a dificuldade de "segurar" o público. Fiquei feliz por saber que, apesar do número mediano de público, jovens ficaram interessados na franquia. Fiquei feliz por eu ser um dos responsáveis e por ser um dos que estavam à frente do projeto. Foi bastante trabalhoso e muita gente gostou dos vídeos que eu produzi - modéstia à parte. Porém eu lamento com uma certa tristeza e desânimo que Ultraman não seja tão badalado entre o nosso nicho. Não foi nada fácil divulgar isso numa palestra de uma hora.
Enquanto isso, os eventos norte-americanos contam com as presenças de atores como Satoshi "Bin" Furuya, Hiroko Sakurai e Akira Takarada. As chances deles virem pra cá - do jeito que as coisa vão por aqui - é zero. Lamentavelmente. Seria legal ver um ator de alguma série Ultra com algum ator da era Manchete ou mesmo de Power Rangers. Seria democrático. Seria também de extrema importância dos organizadores de eventos terem o devido interesse de aprofundar mais o tokusatsu e explicar a importância do Ultraman na cultura pop em geral. E mostrar que isso vai além de um mero preconceito em achar que isso é "coisa de velho" ou que "não presta, tem efeitos ruins".
Agora, com todos o respeito aos amigos e companheiros de eventos - dentre eles estimados organizadores dos quais tenho boa relação e profundo apreço - e ao público dos eventos, mas está na hora de sairmos da zona de conforto. Se o tokusatsu é realmente uma causa, então devemos ser justos em divulgar títulos inéditos. Independente de gosto pessoal, de um determinado programa ser bom ou ruim, e de geração/efeitos especiais. Tudo bem que somos maioria da geração Manchete (do qual tenho imenso orgulho de ter vivido essa época). O tokusatsu é um universo muito vasto pra ficarmos presos a uma determinada época/franquia a ponto de colocarmos num pedestal. E não é porque Ultraman não tenha sido da nossa geração que tenhamos que faltar com respeito e subestimar a obra do "deus do tokusatsu" Eiji Tsuburaya. O mesmo vale para outras produções além-Tsuburaya das décadas de ouro.
Não digo aqui que devemos usar Ultraman e outros heróis da geração como substitutos de Jaspion e cia nem vice-versa. Seria mais justo ver todas as eras num mesmo equilíbrio. Poderia ser interessante e vale a tentativa de fazermos um teste. Haveria uma maior valorização do tokusatsu como acontece na terra do Tio Sam. Ainda somos pobres e precisamos chegar num nível avançado como acontece por lá.
Pela cultura que temos ,nao me espanta a TV pautar o conhecimento de uma nação!
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