Mordomo de Preto está em cartaz no cinemas |
A Sato Company está voltando a apostar no ramo de séries e filmes japoneses no mercado brasileiro. E uma dessas "fichas" que está sendo lançada atualmente é o filme Black Butler - O Mordomo de Preto (Kuroshitsuji em japonês; Black Butler na romanização oficial em inglês), que esteve em cartaz em março deste ano nos cinemas do Rio de Janeiro e passou por algumas mostras de cinema e arte. A partir do dia 23 de junho, o filme estreia nas cidades de Fortaleza, Recife e Salvador, como parte do Projeto Cinema de Arte, pela Rede Cinépolis. Outras capitais como João Pessoa e Natal devem receber o filme a partir do dia 30 do mesmo mês.
Baseado na série de mangá/anime da autora Yana Toboso, a produção conta com o cenário japonês do ano 2020 (originalmente se passa na Inglaterra, século XIX) e gira em torno de Genpô Shiori, também conhecida como a aristocrata Genpô Kiyoharu (Ayame Goriki), que teve seus pais assassinados e passou a assumir identidade masculina para liderar o posto da família. Afim de vingar a morte de seus país, Kiyoharu contrata o demônio Sebastian Michealis (Hiro Mizushima), que atua como seu mordomo fiel, em troca de sua alma.
O filme carrega elementos urbanos, empresariais e aborda o tema sobre máfia/terrorismo de forma apropriada. Kiyoharu e Sebastian são convocados para trabalhar numa investigação sobre uma organização criminosa que inicialmente vitima seus alvos com mumificação e passa a trabalhar com a fabricação de uma droga letal capaz de ameaçar a existência da humanidade. Tal caso pode ter alguma ligação com interesses pessoais no passado da família Genpô.
Mesmo para quem não é aficionado pela cultura pop japonesa, O Mordomo de Preto atrai atenção pelas suas sequencias de ação e uma elaborada linha investigativa que leva a várias pistas e surpreendentes revelações. Uma falha a ser apontada seria inclusão de diálogos em meio à plena linha de fogo. Mas esse detalhe é o menos importante e não chega a atrapalhar o desenrolar. Aliás, tais diálogos são imprescindíveis para acrescentar o teor do enredo. Com adrenalina e drama bem equilibrados, o longa passa rápido e deixa um gostinho de "quero mais".
Produzido pela Warner Bros., Mordomo de Preto estreou nos cinemas do Japão em 18 de janeiro de 2014 e contou com o excelente trabalho dos diretores Kentarô Ôtani e Keiichi Sato (este último trabalho em Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário). O astro principal é Hiro Mizushima, mais conhecido no universo tokusatsu como o Kamen Rider Kabuto da série homônima da Toei Company de 2006. Ele perdeu 5kg para interpretar o mordomo demoníaco. A produção marcou o seu retorno na mídia após 4 anos (devido à um desentendimento com a agência que o representava). Nesse tempo, Mizushima passou a dedicar sua carreira escrevendo para peças e roteiros. Vale reparar na interpretação de Mizushima que deu um tom mais sarcástico e sombrio do que o famoso "Minha vó dizia que...".
A atriz Ayame Goriki também brilhou no meio tokusatsu na adaptação cinematográfica de Gatchaman, em 2013. Além da atriz Yuku, que surpreende no papel de tia de Shiori. Outro destaque vai para o ator Masatô Ibu (como Kuzo Shinpei) que já trabalhou em filmes de tokusatsu como Sukeban Deka, Godzilla vs. Megaguirus, Godzilla Final Wars, Tetsujin 28-gô e em alguns animes importantes como Patrulha Estrelar (1973) e The Ultraman (1979). Curiosamente o ator Ken Kaitô aparece diversas vezes em flashbacks e está no elenco principal da série Atelier (o primeiro J-drama original da Netflix).
Infelizmente, pelo menos para os mais insistentes, Mordomo de Preto não possui dublagem brasileira. O próprio licenciador Nelson Sato, em entrevista exclusiva ao portal Jbox, explica que teve problemas com este tipo de custeio (que é caro sim) e que tinha o desejo de inserir o áudio em português. Há de ser considerado o provável fator crise do qual o Brasil ainda enfrenta. Independente disso, não é desculpa de não prestigiar a produção que está e exibição oficial. Mordomo de Preto vale cada centavo. Quem sabe mais filmes japoneses possam ser evidenciados com o tempo. E é isso mesmo que a Sato Company pretende com um novo filão que inclui títulos como Garo, por exemplo. Se depender da boa vontade do público, claro.
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