Para fechar a semana de aniversário dos 20 anos do anime Os Cavaleiros do Zodíaco -- e antes da estreia nacional do filme Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário no próximo dia 11 de setembro, hoje falaremos sobre O melhor filme de toda a série clássica. Os Cavaleiros do Zodíaco: O Filme (atualmente no Brasil como Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda dos Defensores de Atena) foi exibido nos cinemas brasileiros em meados do ano de 1995, época em que a série fazia um estrondoso sucesso acima do absurdo. O cosmo chegara a ultrapassar o sétimo sentido nas salas de exibição de todo o país.
Originalmente, Saint Seiya: Shinku no Shonen Densetsu (traduzindo: Saint Seiya: A Lenda do Jovem Escarlate) foi um filme lançado nos cinemas japoneses a partir de 23 de julho de 1988 (sábado) -- entre os episódios 86 e 87 da série de TV. Diferente dos outros três filmes do anime, exibido pela TV Asahi entre 1986 e 1989, este não foi apresentado diretamente para o extinto festival Toei Mangá Matsuri, onde cada filme da série tinha a habitual duração de 45 minutos. Este teve 1h15 de película, trinta minutinhos a mais, e foi exibido exatamente duas semanas após a edição de verão do festival (que curiosamente passou novos filmes, até então, de Dragon Ball, Kamen Rider Black, Bikkuri Man e Kinnikuman).
A história relata a misteriosa vinda de Abel, o filho de Zeus e também conhecido como o deus sol (que na realidade é Apolo na mitologia grega), cujo teria sido derrotado por seu pai e irmão por tentar usurpar o trono. Tendo assim o seu registro apagado das lendas mitológicas. Julgando que a humanidade estaria em rebeldia, os deuses permitiram a sua ressurreição nos dias atuais para selar a punição, afim de restaurar o domínio do Olimpo. Com isso, Abel ressuscita três Cavaleiros que o serviam desde as eras remotas. Estes que se revestem das armaduras da Coroa do Sol são: Atlas de Carina, Jaú de Lince e Berengue de Coma de Bernice. Abel também revive os cinco Cavaleiros de Ouro que morreram na batalha das Doze Casas do Zodíaco, no Santuário da Grécia.
O vilão se encontra com sua irmã Atena, que é reencarnada na era moderna como Saori Kido, e promete levá-la ao Santuário da Coroa do Sol. Para isso ela tem que abdicar de Seiya e os demais Cavaleiros de Bronze como seus guardiões. Tudo não passava de um blefe da deusa para tentar impedir o ataque de seu irmão, mas a tentativa foi em vão e sua alma é enviada por Abel para rumo aos Campos Elísios. Desesperadamente, e pronto para morrer, Seiya parte para o Santuário de Abel para salvar sua admirável e amada deusa. Logo Shiryu, Shun e Hyoga vão ajudar o companheiro nesta terrível batalha sangrenta.
Ao invés de rápidas batalhas mostradas nos filmes do Toei Mangá Matsuri, este possui tempo de lutas suficientemente aproveitadas. Dando um toque especial na dramatização como acontece no anime clássico. Apesar da história também ser non-canon, há uma ligação cronológica com os eventos do filme, pois os eventos ocorrem após a fase das Doze Casas. Porém, não se sabe se a história se situa antes ou depois das sagas de Asgard/Poseidon. É um furo desconexo que não deixa tantas lacunas abertas como nos dois primeiros filmes.
E os clichês estão lá: armaduras sendo trincadas durante as lutas; e o velho apelo para a Sagrada Armadura de Ouro de Sagitário como o último recurso para Seiya. A diferença é que Shiryu e Hyoga vestem também as armaduras de Libra e Aquário, respectivamente. Herança de seus mestres. A falha no clímax está justamente pelo fato de Shiryu e Hyoga serem vencidos facilmente por um golpe de Abel, e nem terem aproveitado o máximo para usarem de tais forças. Sobrou tudo pro Seiya, que já tinha sofrido nas mãos de Atlas e ficou com expressões que lembram - sem brincadeiras - um zumbi (♫'Cause this is thriller, Thriller night...♫). Em tempo, o filme antecipou fatos que o publico japonês veria mais tarde no final da saga de Poseidon e no decorrer da saga de Hades (quanto à ressurreição dos Cavaleiros de Ouro derrotados). Curiosamente, isso aconteceria em mangá no ano seguinte.
A trilha sonora do lendário e competentíssimo Seiji Yokoyama é sensacional. A melhor BGM tocada foi no momento em que Shura de Capricórnio e Camus de Aquário são mortos. Um dos pontos altos do filme. Fugindo do padrão do Toei Mangá Matsuri, o filme não teve a então abertura atual da série de TV e não encerrou com créditos finais com BGM instrumental. Mas teve uma das mais belas canções feitas para Saint Seiya. "You Are My Reason To Be" foi cantada pelo americano Oren Waters e a japonesa Hitomi Toyama. Oren é conhecido nos EUA por trabalhar em conjuntos para cantores como Neil Diamond, Paul Simon, o grupo Pet Shop Boys, além dos irmãos Micheal e Janet Jackson, entre outros. Além deste longa de Saint Seiya, contribuiu para trilhas sonoras de filmes como O Rei Leão, Matrix, O Gângster, etc. A música ganhou o prêmio de melhor tema de encerramento de animação japonesa de 1988.
E no Brasil? Claro que não poderíamos deixar de mencionar. Teve um dos marketings mais bem preparados para um anime no Brasil. Momento ímpar e épico na história dos Cavaleiros no Brasil. O filme estreou por aqui em 14 de julho de 1995 (sexta-feira) num momento escaldante da febre do sucesso. Pois novos episódios (53 ao 84) estavam sendo exibidos na saudosa Rede Manchete. Tamanho resultado foi devido também ao tema de abertura cantado por Larissa e William. Só na primeira semana, mais de 500 mil pessoas foram ao cinema para ver Seiya e cia nesta emocionante aventura. Tinha gente que deixou pai e mãe em pé, pois a lotação foi tremenda. Não haviam espaços suficientes pra tanto cosmo. Momento ímpar para quem viu os nossos heróis nas telonas.
Quem faz parte da nova geração de fãs do anime, pode estranhar o fato das BGMs originais serem trocadas pelas nacionais ao assistirem com a dublagem noventista - feitas exclusivamente para o filme - e mais algumas do álbum nacional em instrumental. Qualquer criança acima de 9-10 anos, da época, podia notar a diferença do fundo musical e na qualidade sonora do mesmo. Bem, o pessoal queria deixar uma impacto para o público, né? E deu certo, apesar das musiquinhas bem cafoninhas. A mais engraçada foi numa que tocou quando Ikki de Fênix aparece para enfrentar Afrodite de Peixes; e quando Seiya se prepara para atirar a flecha contra Abel. Hoje em dia é mais emocionante assistir com a versão da Dubrasil e com o áudio original. Claro, não desmerecendo o trabalho feito pela Gota Mágica quando o material foi lançado para as telonas. Sem dúvidas, vale a pena demais dar uma boa conferida pela carga de nostalgia que exerce neste material.
Os Cavaleiros do Zodíaco: O Filme passou na Manchete em meados de 1996, em horário nobre. Na faixa das nove da noite, logo após o extinto Programa de Domingo. Competindo então a audiência com Fantástico e Silvio Santos. O mesmo havia acontecido com as exibições de Saint Seiya (O Santo Guerreiro) e A Grande Batalha dos Deuses (lançados direto-para-vídeo) em dezembro do ano anterior. A última exibição na saudosa emissora dos Bloch se deu em 31 de dezembro de 1997 das 15h30 às 17h00. No dia seguinte e no mesmo horário, foi a vez de A Batalha Final (A Batalha do Armagedon). Foram os últimos suspiros dos Cavaleiros de Atena na Manchete. Ah, não esquecendo que algumas cenas do filme foram "spoiliadas" desde o mítico dia 1 de setembro de 1994 na abertura "Made in Spain" que veio pra cá.
Entre o final de agosto e início de setembro de 2014, a PlayArte preparou maratonas de Cavaleiros nos cinemas de São Paulo-SP, para a comemoração de aniversário do anime no Brasil. No dia 30 de agosto (sábado), o filme A Lenda dos Defensores de Atena voltou a ser exibido nos cinemas de forma oficial após 19 anos.
Nota: ✭✭✭✭✩ (muito bom)
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