segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Há 15 anos estreava o Invasão Anime, da Fox Kids

O Cartoon Network e a extinta Fox Kids foram responsáveis pelo boom dos animes na TV por assinatura no início da década de 2000. A gente sabe que a grande febre começou mesmo nos anos 90 com Os Cavaleiros do Zodíaco (sendo que haviam outros animes exibidos por aqui antes de Seiya e cia). Mas esta época também tem sua importância na história dos desenhos japoneses no Brasil. Seja para o bem ou para o mal.

O Invasão Anime foi o primeiro bloco de animação japonesa na TV paga brasileira. Antes a Fox Kids - e também o Cartoon - exibiam animes desde meados dos anos 90. A partir de 2000 esse tipo de programa ficou em evidência nos canais devido às exibições de Digimon, Pokémon e outras séries do segmento. A Fox Kids promoveu uma pré estreia no carnaval de 2001. De 24 (sábado) a 27 (terça) de fevereiro daquele ano o canal fez mini maratonas de animes como Digimon Adventure, Monster Rancher, Flint - o Detetive do Tempo, a pré estreia de Dinozaurs e várias exibições do primeiro filme de Patlabor - inédito até então.

O lançamento oficial aconteceu na quinta-feira pós carnaval, em 1 de março de 2001. O Invasão Anime era o bloco de animes de maior duração diária. Iniciava sempre das 17h30, logo após a dobradinha de Power Rangers. Nos primeiros meses ia até às 20h, mas com o tempo ganhou uma hora a mais. Vale lembrar que entre 2002 e 2003, após as nove da noite aconteciam dobradinhas com reprises das duas recentes temporadas de Digimon até então, seguido do engraçadíssimo Shin-chan a partir das dez da noite. Mas já não eram incluídos no bloco. Ainda assim podem ser consideradas como uma "extensão" do Invasão Anime.

O bloco permaneceu até a extinção da Fox Kids, em meados de 2004, e algumas séries que estavam no ar continuaram no canal Jetix, canal infantil da Disney (também extinto) que ocupou a programação. Não foi o melhor bloco, mas alguns títulos deixaram lembranças, de alguma forma. Outros deixavam a desejar e não batiam de frente contra um bom Toonami.

Relembre os melhores e piores que passaram pelo Invasão Anime:



Digimon

A primeira temporada conhecida como Digimon Adventure estreou em julho de 2000, simultaneamente com a Globo (leia mais aqui). Nos primeiros meses do bloco foram de reprises até a estreia de Digimon Adventure 02 (ou Digimon 2) em julho de 2001. O tradicional horário das cinco e meia da tarde ainda recebeu as séries Digimon Tamers (Digimon 3) e Digimon Frontier (Digimon 4).



Monster Rancher

Antes da estreia na Globo no final de 2000, as aventuras de Genki e seus amigos contra o terrível Moo iniciaram na Fox Kids meses antes. Inicialmente aos sábados. A série ocupou a faixa das seis da tarde. Na Globo o anime foi exibido em substituição de Digimon e teve sucesso mediano.



Medabots

Estreou em 19 de novembro de 2001 - segunda-feira, substituindo Monster Rancher. Se passava no ano 2122 e contava a história de Ikki e seu robô Metabee numa disputa entre os Medabots (Medarot no original japonês). Praticamente na filosofia "Pokémon way of life". O anime, que teve distribuição no ocidente pela A.D. Vision, também ganhou popularidade na programação matinal da Globo. Destaque de dublagem para Wendel Goku" Bezerra como o Metabee, que sempre dizia "Ah, eu sou demais!".




Beyblade

Outro anime caça-níquel que fez carreira no Brasil na Fox Kids, seguido da famosa emissora dos Marinho. O enredo era sobre uma luta entre equipes que utilizavam poderosos peões numa "rinha" de monstros. Estreou no final de 2002, substituindo Medabots no horário das seis.



Flint - o Detetive do Tempo

Foi uma adaptação americana da Saban da série original Jikuu Tantei Genshi-kun (1998~99). Começa no século XXV onde viagens no tempo são comuns. Para deter ações da vilã Petra Fina (cuma?!), Flint, luta com seus amigos para impedir seus ataques. Esse talvez é o anime mais fraco que já passou pelo bloco (sendo um forte concorrente de Super Pig como o pior anime da Fox Kids). Um fiasco para quem "competia" com Dragon Ball Z (via Cartoon Network) na faixa das seis e meia da tarde. As histórias eram extremamente bobas e a gangue de Petra Fina era uma "contraparte" deformada da Equipe Rocket, de Pokémon. Também foi exibido na Globo, mas sem sucesso algum. Que bom.



Patlabor

Dentre os animes exibidos no Invasão Anime, esse era um dos poucos títulos dramáticos já exibidos, ao lado de Digimon. Patlabor (1989~90) tinha como protagonista a ex-jogadora de basquete Noa Izumi, que se une a uma unidade da policia e assume o controle do robô Ingram 01. Patlabor era essencialmente focado no cotidiano dos policiais que pilotavam os Labors (os mechas da série) e seguia um realismo que ia na contra mão de franquias renomadas como Gundam. Os primeiros episódios exibidos no Brasil contavam com as versões originais de abertura e encerramento, mas infelizmente estas ganharam versão em português. Quem assistia, provavelmente se constrangeu com o trecho "Me dê um abraço/Midnight Blue". Como citado no início do post, o primeiro filme (de uma trilogia) de Patlabor foi exibida antes da estreia da série, assim como no Japão. O segundo filme também foi exibido na Fox Kids. A dublagem era carioca e tinha vozes marcantes como de Iara Riça (como Noa), Felipe Grinnan (como Asuma), dentre outros. Infelizmente foi um anime injustiçado pelos próprios otakus da época e também pela Globo, que adquiriu os direitos da série e engavetou no baú do esquecimento. Bem que merece uma nova chance nos dias de hoje e melhor atenção do público.




Shaman King

Estreou em 2002 e é um dos animes mais lembrados daquela geração. Contava sobre um jovem xamã Yoh Asakura, um medium entre o mundo dos vivos e dos mortos que pode se unir a fantasma. Aparentemente pode ser visto como um caça-níquel como Pokémon/Digimon e gerou até falsas polêmicas no meio religioso. Mas tinha uma história séria, tentando chegar aos pés de YuYu Hakusho. Foi dublado pela extinta Parisi Vídeo e contou com nomes conhecidos como Rodrigo Andreatto, Fábio Lucindo, Letícia Quinto, Luiz Antônio Lobue, etc.



Dinozaurs

Adaptação ocidental da série original DinoZone (1998) que misturava animação com computação gráfica. A história era bizarra. Contava sobre a luta jurássica dos Dinozaurs contra os malignos Dragonzaurs que despertam na era moderna. Em meio a isso, Kaito, o garoto protagonista, que descobre o plano dos vilões. Sem contar que era guardião de uma das três adagas Dino que formava uma força vital na Terra. A animação (feita originalmente pela Sunrise) era de má qualidade e o enredo era de quinta. Teve pre-estreia no carnaval de 2001. Amargou apenas seis meses na programação - de 1 de março a 31 de agosto de 2001 na faixa das sete e meia, saiu sem deixar saudades, e passou na Globo apenas por sinal de parabólica. Um dos piores animes que passaram pela Fox Kids. Nem mesmo a imponente interpretação do dublador Walter Breda (o Mestre Ares na dublagem clássica de Os Cavaleiros do Zodíaco) ajudou a salvar o anime.



Shinzo

Outra adaptação americana da Saban que atendia no Japão pelo título original Mushrambo (2000), da Toei Animation. O anime se passava num futuro apocalíptico onde nosso planeta foi rebatizado de Enterra, por consequência de uma conquista dos monstros Enterranos. Três destas criaturas que foram banhados com os poderes de um estranho meteoro se empenham em defender uma sobrevivente humana chamada Yakumo. Assim começava uma jornada para levá-la até o castelo Shinzo. Apesar dos efeitos constrangedores feitos pela Saban, Shinzo tinha uma boa história e o lado sombrio foi mantido (dentro dos padrões norte-americanos). Estreou no Invasão Anime em 3 de setembro de 2001 (coincidentemente a mesma data de estreia de Samurai X no Cartoon) e substituiu dignamente Dinozaurs na faixa das sete e meia. Foi reprisado sequencialmente no bloco e ganhou uma única exibição na TV Globinho em abril de 2002.




Músculo Total

Mais conhecido no Japão como Kinnikuman (um grande clássico da Shonem Jump), o lutador passou no ocidente com distribuição da 4Kids Entertainment, a mesma de Pokémon e Yu-Gi-Oh! fora do Japão. Estreou em julho de 2003 na faixa das sete e meia da noite, substituindo Shinzo.


Autopista

Esta era uma animação sul-coreana. Era baseado em corridas de carros por controle remoto e apresentava o pequeno Jimmy que foi transportado para um mundo de um jogo que dá o nome à série (Track City no original). Jimmy, junto com os novos amigos, tinham que deter um vírus maligno. As coisas ficam confusas quando o sistema do jogo se engana e pensa que o protagonista é o Piloto Lendário. A dublagem paulista contava com Yuri Chesman (o Gohan adulto de Dragon Ball) como o protagonista. Estreou em meados de 2001 e inaugurou a faixa das oito da noite no bloco. Simplesmente era o mais leve que passou pelo Invasão Anime e tinha apenas 26 episódios.




Os Cavaleiros de Mon Colle

Em junho de 2002 a Fox Kids estendeu o bloco Invasão Anime para mais uma hora. A faixa das oito da noite foi inaugurada com Os Cavaleiros de Mon Colle (distribuído pela Saban Entertainment). Estreou sem muita divulgação e suas chamadas no canal eram medonhas. Tinha como protaginista Rockana, uma garota de 11 anos que viaja para uma outra dimensão ao lado de seu melhor amigo Mondo, afim de reunir seis elementos, antes que o vilão Eccentro pegue primeiro. O anime tinha humor excessivo e infantiloide. Foi dublado pelo extinto estúdio Herbert Richers. Mon Colle jamais foi exibido na TV aberta.



Transformers: Nova Geração

Também estreou em junho de 2002, inaugurando a faixa final das oito e meia. Originalmente como Transformers: Car Robots (2000), chegou no ocidente via Saban como Transformers: Robots in Desguise. Sem adrenalina, os fãs torceram o nariz para a então nova série. A Herbert Richers, que dublou a série clássica, fez mais esse trabalho e vale destacar Guilherme Briggs como Optimus Prime.



Transformers: Armada

Estreou em meados de 2003 no lugar da série anterior.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Erased não é apenas mais um anime. É tudo o que uma temporada de inverno precisa


Fazia algumas semanas que eu queria assistir o anime Erased (Boku Dake ga Inai Machi) e não tinha começado ainda por falta de tempo. Precisava tirar esse atraso o quanto antes pra me informar e saber o porquê da série ser a favorita da atual temporada. Inicialmente eu iria começar apenas assistindo os quatro primeiros episódios e quando dei por mim acabei torrando todos os sete exibidos na TV japonesa até agora.

Se você ainda não viu, Erased é um anime digno pra começar numa bela manhã chuvosa ou numa madrugada tranquila. Investigação, suspense e viagens no tempo são elementos que compõem o enredo. A história se passa em 2006 (nas vésperas da Copa do Mundo na Alemanha) e o protagonista é o iniciante a mangaká Satoru Fujinuma, que por algum motivo tem poderes sobrenaturais que permitem com que ele volte alguns minutos no tempo. Assim ele evita catástrofes ao seu redor. Até que um certo dia Fujinuma é acusado por um crime que não cometeu e acaba voltando 18 anos no tempo. Isso mesmo, mais precisamente em fevereiro 1988. Sem saber o motivo que fez com que ele voltasse a ter 11 anos de idade, Satoru resolve tentar salvar a vida de sua colega de classe Kayo Hinazuki que originalmente foi assassinada em março do mesmo. Para isso o garoto - com a mente de um jovem de 29 - corre para impedir que o assassinato de sua amiga aconteça e entre na lista dos crimes mais bizarros da era Showa. Uma vez que a barbárie lhe causou tristeza por toda a sua vida.

Erased consegue prender a atenção de quem assiste e a cada episódio você quer saber mais. Arrisco dizer que atrai até mesmo os amantes de investigação criminal. Não chega a ser frenético, mas a trama equilibra entre suspense, momentos leves e adrenalina. Pelo desenrolar já dá pra apostar em quem seja o assassino e imaginar qual sua possível ligação com sequestros de crianças na atual era (Heisei). No mais você acaba ansioso pra saber como e onde esse caso vai parar enquanto a gente torce pra que Fujinuma consiga salvar Hinazuki de alguma forma (ao mesmo tempo em que se vê atraído pela mesma). O que aumenta sempre a tensão, além de mais suspeitos surgirem na investigação. Não é a toa que Erased está fazendo a diferença e logo na temporada de inverno que geralmente costuma apresentar animes mais leves de madrugada e sem grande notoriedade às vezes. É bom ter animes imprevisíveis assim pra curar a ressaca do fim de ano e quebrar a cabeça com conspirações.

E aqui vai uma curiosidade pra quem é fã da cultura pop japonesa: nos primeiros episódios são citados o jogo de RPG Dragon Quest III e o tokusatsu Chojuu Sentai Liveman - ambos lançados em fevereiro de 1988. Detalhes sem grande relevância na história, mas bem interessante pra quem curte algum desses títulos. Sobre a série, o mangá de Erased será finalizado ainda neste ano e no próximo mês estreia um filme live-action estrelado por Tatsuya Fujiwara (o Light Yagami da trilogia Death Note e o Shishi Makoto dos dois últimos filmes do Samurai X).

Erased está disponível no Brasil pelos serviços oficiais Crunchyroll e Daisuki e está programado para ter apenas 12 episódios.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Anime de Next Dimension vai virar piada de 1 de abril


Incrível como o nicho da série Os Cavaleiros do Zodíaco não tem sossego e deixar parte do público afoito. É sempre um boato, um disse-me-disse de uma nova série baseada em algum mangá e muitas delas sem uma fonte oficial sequer. Foi o que aconteceu nesta terça (23) quando saiu uma nota de um site francês que ainda neste ano sairá uma nova série e desta vez baseada no mangá Next Dimension.

A nota nem é oficial (traduzindo: não veio da Toei, TMS, Bandai ou qualquer empresa ligada que seja) e muita gente saiu nas redes sociais vibrando, gritando e comemorando. Veja bem: como se fosse uma nota oficial. Nem adiantou os avisos de que ainda não é nada confirmado, mas mesmo assim uns desavisados vão atrás dessa boiada. Aliás, esse tipo de nota, se não é segura, nem deveria ser passada pra frente. Isso atrapalha pra caramba o foco de informações oficiais.

Olha, do jeito que a carruagem anda, mais dia ou menos dia essa história de anime do Next Dimension vai acabar virando piada de dia da mentira. Aconteceu algo parecido ano passado na Espanha (e cheguei a comentar aqui no blog). Ou não é que já esteja acontecendo esse tipo de brincadeira de mal gosto, né? Não tem dia certo pra pregar uma peça.

Não estou dizendo que não possa haver a possibilidade disso acontecer. Talvez em 2016 ou em 2061 (vai depender da boa vontade do Kurumada). O problema é como esse tipo de nota não oficial flui sem garantia. Esse tipo de falsa expectativa pode cansar o público e o aguardo perder a graça quando o anime for realmente lançado de vez.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Zyuohger tenta inovar com animais humanoides, mas não garante vingar entre os Super Sentais

O novo esquadrão em ataque

Tem séries Super Sentai que você tem que aguardar até o segundo episódio pra começar a ter alguma expectativa boa ou ruim da temporada, já que os episódios de estreia geralmente são introdutórios. Causar impacto depende muito do que a produção quer passar. Mas pelo que foi apresentado no primeiro episódio de Dobutsu Sentai Zyuohger neste domingo (14), a Toei está tentando inovar por um lado e reciclar os mesmos elementos de sempre por outro.

O que mais achei estranho foi o fato dos heróis serem animais, com exceção do líder Yamato Kazakiri/Zyuoh Eagle - que é humano. O restante são aliens Zyuman. Curiosamente as versões animais aparecem na abertura ao invés de humanos. Claro que isso é pra causar algum "impacto" no primeiro episódio - como se não soubéssemos - e deve mudar na semana que vem. O que todo mundo estranhou foi o fato do robô ZyuohKing ter aquela aparência Minecraft/Lego. Justifica pelo robô ser formado por cubos que se transformam em animais, mas a coisa também não caiu bem na tela na hora da ação. E o que dizer das velhas dancinhas, hein? Dispensável e dá aquela vontade de pular para o preview do próximo episódios sem dó.

Pra não dizer que é ruim (ainda é cedo pra julgar), Zyuohger teve boas cenas de ataques, pânico, explosões. O visual dos heróis são bem legais e o peitoral é facil de criar uma estampa de camiseta (que por sinal já está sendo vendido no Japão). Mas não são o suficientes pra garantir que a série seja uma das melhores e quebre a "maldição" das infantilizações. Você pode dizer o seguinte: "Ora César, Super Sentais são feito pra crianças". Verdade, mas não precisa chegar ao extremo a ponto de subestimar a inteligência da molecada. Aliás, nem mesmo Power Rangers, como seus altos e baixos, chegaram a tanto como acontece com suas contrapartes originais.

Zyuohger tem uma difícil missão numa temporada comemorativa de 40 anos dos esquadrões multi coloridos. Procurar equilibrar entre o carisma e a dramaticidade pra não deixar a peteca cair como aconteceu em ToQger e Ninninger. Não precisa ser um Changeman ou um Flashman da vida. Os tempos são outros, eu sei. Basta a Toei procurar melhorar e tentar uma manobra com elementos de roteiros que deram certo no passado, mesmo que seja na base da reciclagem. Pode ser que Zyuohger melhore ou piore. E o novo Sentai tem mais barreiras a quebrar: conquistar/convencer o público (infantil, ok) e recuperar as vendagens de brinquedos. Prejuízo deixado por Ninninger como herança, diga-se.

No mais, Zyuohger ainda não me empolgou e não me deixou tão animado. E não é saudosismo deste blogueiro.

Jetman, o cult noventista dos Super Sentai, completa 25 anos

O lendário Esquadrão dos Homens Pássaro

A estreia foi no fim de tarde do dia 15 de fevereiro de 1991. Ia ao ar pela TV Asahi, sempre às sextas-feiras, o maior e/ou provavelmente o melhor Super Sentai produzido pela Toei Company em 40 anos de franquia. Choujin Sentai Jetman (Esquadrão dos Homens Pássaro Jetman) foi a mais ousada por ter a árdua tarefa de atingir não só o o público infantil, mas também jovens e adultos.

O roteirista Toshiki Inoue (de Ranma ½, Yu-Gi-Oh! e Death Note) teve a difícil missão de criar uma série diferente dos Sentais anteriores, incluindo Turboranger e Fiveman, dos quais também havia trabalhado. Inoue usou elementos como traumas, personagens calculistas, conflitos interpessoais e outros que só ele sabe fazer como ninguém. Ingrediente assim foram imprescindíveis ao longo dos momentos mais importantes do programa. A direção foi de Keita Amemiya, outro grande nome dos tokusatsu, conhecido por trabalhar em séries como Jiban, Kamen Rider Black e Garo.

- Relembrando Gokaiger, a insuperável homenagem aos Super Sentais

- Ultraman Max, o primeiro tokusatsu da era pós-Ryukendo no Brasil

No ano 199X (que não demorou muito pra ser "revelado" como 1991), cientistas do centro de comando Earth Ship, da agência de defesa Sky Force, desenvolvem as Ondas Bardonic. Esta tecnologia concede habilidades sobre humanas. Quem estava à frente do projeto era a Comandante Aya Odagiri. Ela recrutou cinco oficiais de elite para usar tal tecnologia. Ryu Tendô foi o primeiro a ser banhado pelas Ondas Bardonic, assumindo então o codinome Red Hawk e a liderança do grupo.


Os heróis prontos para a transformação

Tudo parece um clichê até a imprevisibilidade vir à tona. Antes da irradiação nos demais quatro oficiais, uma organização maligna interdimensional Vyram ataca a tripulação. Três dos oficiais são exterminados. Os sobreviventes foram Ryu, sua namorada Rie (uma das oficiais recrutadas) e a Comandante Odagiri. Porém, Rie é raptada pelos Vyram.

Por causa da destruição da Earth Ship, feixes das Ondas Bardonic são irradiadas em quatro jovens civis que jamais se conheceram antes. Com isso, a meiga Kaori Houmekian torna-se White Swan, o fazendeiro Raita Ooishi em Yellow Owl, a colegial gananciosa Ako Hayasaka em Blue Swallow, e o bad boy Gai Yuuki em Black Condor. Ryu os encontra e consegue convencê-los alutar contra as forças do mal. Unindo suas forças, o quinteto Jetman passa a combater os perigosos Vyram.


Os antagonistas de Vyram





















Vyram é liderado pelo Conde Radiguet (leia: Radiguê). Seus integrantes são o robô Grey e o garoto humanoide Tran. Além dos Soldados Grinam e dos Jigenju (Feras Dimensionais) - os tradicionais monstros da semana. Rie é transformada na vilã Maria. Um dos pontos importantes para as reviravoltas na trama. Durante a série, os Vyram recebem a chegada da demoníaca Imperatriz Juuza. Outro momento marcante da série é a transformação de Tran para Imperador Tranza, um inimigo mortal que ameaça os heróis na proximidade da reta final.

Diferente de tudo o que foi visto até então em tokusatsu, Jetman explorou a fundo o tema romance como nunca houve igual. Kaori guarda uma paixão secreta por Ryu que sofre com a suposta morte da namorada, mas o coração da garota se torna objeto de cobiça para Gai. Situações como essa geraram conflitos que chamam atenção de quem vê determinados episódios da série, mesmo que descompromissadamente. Em momentos críticos, os Jetman foram auxiliados pelo trio de soldados da Dimensia. Em outra saga surgiam o quinteto Neo-Jetman, uma tropa especial formada pela Sky Force.


Gai Yuuki - o herói mais cultuado
dos super esquadrões
De longe, Gai é o melhor herói de Jetman. Costumo brincar ao dizer que ele é o Jece Valadão dos Super Sentais, pelo seu jeitão cafajeste de ser. Fumante, jazzista, conquistador, rebelde, egocêntrico, temperamental, etc. Essas definições politicamente incorretas para uma série infanto-juvenil ajudaram a construir um grandioso personagem que rivalizava o líder do quinteto por amor e interesse. Detalhe: uma rivalidade incomum em relação aos demais Super Sentais. Mas com o tempo Gai mostrou-se digino. Chegou a rivalizar contra Grey nos episódios finais.

Jetman rendeu um final curioso e teve um dos três melhores desfechos, segundo a própria Toei Company (saiba mais aqui). Três anos após a batalha final contra Vyram, Ryu e Kaori se casam. Gai é esfaqueado por um assaltante, enquanto estava à caminho da igreja. O herói consegue chegar à festa de casamento onde esconde seu ferimento e conversa rapidamente com Ryu. De forma triste, a série terminou de forma poeticamente irônica para um final que estava encaminhando para um final feliz digno de uma novela. E foi em partes.

O visual dos heróis são visivelmente inspirados na clássica série de anime Kagaku Ninjatai Gatchaman (conhecida no ocidente como Batalha dos Planetas, G-Force e Eagle Riders). Até pouco tempo, Jetman era o último Super Sentai a não ser adaptado como Power Rangers até Tokumei Sentai Go-Busters ficar de fora das versões estadunidenses. Porém havia sido cotado para ser a primeira adaptação de tokusatsu pela Saban, mas no final acabou sendo Kyoryu Sentai Zyuranger a servir de base para a formação do clássico grupo de adolescentes de Alameda dos Anjos. Jetman foi o primeiro Super Sentai a ter um terceiro robô gigante. Posteriormente os heróis ganharam uma game para a Nintendo Famicon.


Os Soldados da Dimensia
Em 1996 foi publicado pela revista B-Club um mangá non-canon chamado Chojin Sentai Jeman: Toki wo Kakete, que conta a história cinco anos depois da derrota de Vyram. É introduzido Jeffrey Kensaki, o sexto Ranger da equipe que atendia pelo codinome Green Eagle. A Toei também produziu o Toei TV Hero Encyclopedia Vol. 2 (o primeiro foi dedicado ao Kamen Rider Black) que mostra Ryu e Kaori seis anos após o fim de Vyram - três após os minutos finais da série. Curiosamente, na versão em mangá é dito que o casal tem uma filha chamada Aya Tendô (em homenagem à Comandante). Já no especial de TV, eles tem um filho chamado Gai Tendô (em homenagem ao Black Condor).

Jetman aparece no microfilme Super Sentai World (especial de 15 anos da franquia), de 1994, ao lado do então vigente Ninja Sentai Kakuranger e de outros esquadrões: Fiveman, Zyuranger e Dairanger. Em 2001, Red Hawk aparece ao lado de outros Reds no filme Gaoranger vs. Super Sentai. Gai Yuuki aparece no episódio 28 de Gokaiger, um dos mais belos da série comemorativa de 2011. Sem contar que o esquadrão também já passou pelos dois primeiros filmes da série Super Hero Taisen e também no episódio 6 de Hikonin Sentai Akibaranger.

Jamais haverá outro Super Sentai que iguale ou tente chegar aos pés de Jetman. Momento ímpar da história do tokusatsu que não volta jamais. É uma prova que se pode criar histórias maduras e inteligentes num produto feito genuinamente para o público infantil e expandir outros públicos além de determinada faixa etária ou mesmo nichos. Uma pena que a TV brasileira não experimentou esta maravilhosa série no auge da febre dos heróis japoneses.


Curiosidades:

Dentre o elenco de Jetman, o ator Kotaro Tanaka (Ryu/Red) se retirou dos holofotes em 2005. Além de Jetman, o ator se destacou na série Hana no Ran, drama da TV estatal NHK. Coincidentemente é xará - de nome e sobrenome - do ator que interpretou o AbareKiller de Abaranger. De acordo com o blog do ator Toshihide Wakamatsu, Tanaka atuou como diretor da empresa relacionadas com a TI.

Toshihide Wakamatsu (Gai/Black) foi cogitado nos bastidores para viver o vilão Chevalier em Fiveman (papel que ficou definitivamente com Kihachirô "Green Flash" Uemura). Também foi sondado para interpretar Kouji Segawa, o alter-ego do herói-título Kamen Rider J (vivido por Yuta "Tirano Ranger" Mochizuki), do filme de 1994. Foi convidado por Toshiki Inoue a participar do episódio 28 como Gai, que o insistiu bastante quando recebeu a proposta. Do contrário, não haveria tributo ao Jetman no Sentai de 2011.

Tomihisa Naruse (Raita/Yellow) participou de Gosei Sentai Dairanger, o esquadrão de 1993 como Kameo, o alter ego do mecha Daimugen.


Rika Kishida, a disputada Kaori
Rika Kishida (Kaori/White) fez uma participação no episódio 9 de Kakuranger como uma repórter. Apareceu também nas séries Solbrain e Janperson, da franquia Metal Hero.

Sayuri Uchida (Ako/Blue) havia aparecido dois anos antes nas séries Super Sentai no episódio 9 de Turboranger interpretando Yumi Sakakibara. Em 2001 fez outra participação em Gaoranger como Shimada.

Mikiko Miki (Aya Odagiri) também apareceu em Dairanger. Lá interpretou a mãe de Koh, o Kiba Ranger.

Os guerreiros da Dimensia foram interpretados por atores conhecidos dos Super Sentais. Ray era Yasuhiro Ishiwata, o Blue Flash de Flashman; Kanna era Kanako Maeda, a Pink Mask de Maskman; Já Dan/Birdman era Hideki Fujiwara, que interpretou (outro) Dan em Zyuranger no ano seguinte.

J1/Neo Jetman 1 foi interpretado por Yuta Mochizuki, que no ano seguinte foi o Tyranno Ranger em Zyuranger e mais tarde, em 1994, viveu o Kamen Rider J nos cinemas. Curiosamente em 2014 o ator participou do evento Power Morphicon, nos EUA, junto com Austin St. John, o Jason (contraparte americana de Geki) de Power Rangers.

J2/Neo Jetman 2 foi interpretado por Ryuji Kasahara. Trabalhou novamente com Yuta Mochizuki no musical de Sailor Moon, onde Ryuji era vilão e Yuta era o Tuxedo Mask.

J3/Neo Jetman 3 foi Minoru Watanabe, dublê de vários personagens de Super Sentai como Gaata, Oficial Watanabe (ambos em Changeman), Kiba Ranger (em Dairanger), etc. Trabalhou em produções como Godzilla vs. Megaguirus (como Megaguirus), Kamen Rider Black RX (como Gadorian) e no stage show de Magiranger (como Magi Yellow).

J4/Neo Jetman 4 foi Takeshi Miyazaki, dublê de heróis e monstros de Super Sentai. Curiosamente foi dublê de Reddle e Tento nas séries B-Fighter.

J5/Neo Jetman 5 foi Miyuki Nagato. Em 1986 foi a vilã Urk em Flashman e em 1993 foi Kuchibeni Utahime (forma humana e monstro) em Dairanger.

Haruki Hamada, o Change Dragon de Changeman, chegou a participar em um dos episódios como um velho amigo de Ryu. No episódio 8, Masaki Terasoma, o dublador original de Shadow Moon (de Kamen Rider Black), interpretou Kyotarô Tatsumi, amigo de Kaori. No episódio 21, o monstro Gomijigen foi dublado pela seiyu Rica Matsumoto, a voz de Ash de Pokémon.

Tranza foi vivido pelo veterano Yutaka Hirose. Conhecido como os vilões Wandar em Flashman, Dr. Kemp em Liveman, Jin Matoba em Dairanger, General Zander em Changéríon e tantos outros.

Os temas de abertura, encerramento e algumas de inserção foram cantadas pelo lendário Hironobu Kageyama. Cantor oficial de outros Sentais como Changeman e Maskman, além de liderar a banda japonesa JAM Project (do qual o brasileiro Ricardo Cruz integra como part-time).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crunchyroll lança mais um tokusatsu: Ultraman Gaia

E as novidades não param de chegar na Crunchyroll, pelo menos nas versões americana e britânica. Nesta semana a série Ultraman Nexus foi lançada na plataforma (leia mais aqui). 


A série de Gaia será distribuída
mundialmente em streaming
Na noite desta quinta (11) foi a vez da série Ultraman Gaia. Pelo visto um novo pacote de Ultra Series está chegando com força total para "dominar o mundo".

O herói-título é o terceiro herói da Família Ultra da era Heisei. O multiverso é diferente dos Showa Ultra (Man ao 80) e de Tiga/Dyna. Na trama, Gamu Takayama, um jovem oficial da XIG (eXpanded Interceptive Guardians), é irradiado pela luz de Gaia para lutar contra monstros gigantes. No meio da série, Ultraman Gaia tem o auxílio do secundário Ultraman Agul, que acredita que proteger a Terra não é necessariamente proteger a humanidade.

Tanto Nexus como Gaia tem transmissão GONFIRMADA no Brasil com legendas em português. Porém sem data de lançamento ainda. Isso pode levar alguns meses (dependendo dos tramites com a Tsuburaya) e deve chegar de surpresa. Lembrando que o mesmo aconteceu no por aqui e em outros países com o lançamento das séries Ultraman Leo, Ultraman 80 (Eighty), Ultraman Max, Ultraman Mebius e o recente Ultraman X. Ultraman Gaia teve um filme para cinema em 1999 intitulado Ultraman Tiga, Ultraman Dyna & Ultraman Gaia: A Batalha no Hiperespaço e foi lançado em DVD pela Focus Filmes, onde o herói foi dublado por Fábio Lucindo (o Ash de Pokémon). Este filme e mais seis atualmente estão disponíveis na Netflix. Ainda em 2016 está previsto o lançamento oficial da série Ultraseven X na famosa plataforma on demand.

Ultraman Gaia pode ser visto no momento com legendas em inglês optando no idioma em inglês (US ou UK) no painel inferior deste link. Mais uma vez o Blog Daileon reforça o apoio dos fãs de tokusatsu a acompanhar os novos materiais através das vias oficiais. Só e somente assim novas séries de tokusatsu chegarão mais rápido na nossa era digital e em tempos onde o estilo perdeu de vez espaço na TV brasileira.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Crunchyroll lança mundialmente o tokusatsu Ultraman Nexus

Nexus chega para reforçar as exibições da Família Ultra no Brasil e no mundo (Foto: Divulgação/Crunchyroll)

A Crunchyroll preparou mais uma surpresa para os fãs de Ultraman. Desde às cinco da tarde desta quarta-feira (10), pelo horário do do pacífico americano (onze da noite de Brasília), a série Ultraman Nexus está disponível nas versões americana e britânica da plataforma. A série será distribuída mundialmente para os membros dos acessos gratuitos e pagos do mundo todos (menos na Ásia).

Ultraman Nexus foi exibido originalmente nas manhãs de sábado do canal japonês TBS entre outubro de 2004 e junho de 2005. Sucedendo o live-action de Sailor Moon (da Toei Company) e precedendo Ultraman Max, a série teve um total de 37 episódios. A trama se passa no ano 2009 - cinco anos após os eventos do filme Ultraman: The Next - e apresentava a luta da organização TLC contra os Space Beasts. Os eventos de Nexus começam quando Kazuki Komon é atacado por um monstro e salvo por um gigante prateado conhecido como "Ultraman". Os dois são unidos em simbiose e passam a combater os monstros. Ultraman Nexus foi produzido pela Tsuburaya em parceria com a Ultra N Project e procurou fugir dos velhos padrões da franquia. Em especial, mostrando em cada fase outros hospedeiros do herói.

A série está GARANTIDA no Brasil, porém sem data de lançamento prevista no momento. Mas conhecendo o serviço, é provável que seja lançada nos próximos meses, como aconteceu com Ultra Series lançadas entre 2014 e 2015, e de surpresa (como é de praxe da Crunchyroll). No serviço estão disponíveis as séries Ultraman Leo, Ultraman 80 (Eighty)Ultraman Max, Ultraman Mebius e o primeiro tokusatsu simultâneo Ultraman X. Isso sem mencionar os filmes de Ultraman disponíveis na Netflix e o futuro lançamento oficial da série Ultraseven X (saiba mais aqui). Tais títulos - e mais o atual mangá publicado pela Editora JBC - são provas vivas de que a Família Ultra são rentáveis para o tokusatsu no Brasil nos dias atuais e que o estilo não parou com o fim da extinta Rede Manchete.

Enquanto não vem oficialmente, Ultraman Nexus pode ser visto aqui com legendas em inglês através das opções de idiomas no canto superior do link. Fica a dica do blog para o público fiel apoiar as séries de tokusatsu através das vias oficiais e ajudar com a vinda de mais séries através da nossa audiência. Schwatch!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Relembrando Gokaiger, a insuperável homenagem aos Super Sentais

Os piratas espaciais no glorioso episódio final

Próximo fim de semana estreia a série Dobutsu Sentai Juohger no Japão via TV Asahi. Particularmente falando, não guardo muitas expectativas sobre o novo Super Sentai. Provavelmente a comemoração de 40 anos da franquia dos heróis multi coloridos fique no mesmo nível de Gaoranger e Boukenger ou mesmo aquém a estes.

Talvez o tempo esteja provando a nós que tão cedo veremos um Super Sentai que tente chegar aos pés de Kaizoku Sentai Gokaiger (Esquadrão Pirata Gokaiger). E nenhuma série da franquia precisa ser igual. Gokaiger foi uma série ímpar e perfeita que procurou homenagear os 34 Super Sentais anteriores com fidelidade, embora nem todos tivessem um tributo próprio.

Todos os piratas espaciais foram marcados com muito carisma. Alguns com personalidades fortes como o Capitão Marvelous/Gokai Red, Joe Gibken/Gokai Blue e Luka Millfy/Gokai Yellow. Outros mais animados como Don "Hakasê" Dogoier/Gokai Green (erroneamente apelidado por aí como "Doc"), Ahim de Famille/Gokai Pink e o sexto integrante (e o único terráqueo do grupo) Gai Ikari/Gokai Silver. Cada um com dramas diferentes e que venceram seus demônios com garra e ousadia ao longo da série. Além de aprender a conviver com a humanidade e entenderem o porquê do nosso planeta ser tão amado pelos lendários heróis que passaram pela história.

Foram tantos tributos que resgataram alguns atores originais da franquia na pele de seus respectivos personagens. Destaco o episódio 28 onde Gai Yuuki/Black Condor, de Jetman, retornou. Simplesmente o melhor, por quebrar padrões e possuir uma carga dramática sombria jamais feita nos episódios de Gokaiger. Aliás, este foi o único roteirizado por Toshiki Inoue que fez questão de convidar o ator Toshihide Wakamatsu de volta ao papel que o consagrou. Do contrário, Inoue recusaria.



Outro episódio memorável foi o tributo ao Ohranger. Lá, os atores Masaru Shishidô e a exuberante Tamao Satô voltaram como Goro Hoshino/Oh Red e Momo Maruo/Oh Pink, respectivamente. Ao final do episódio, o vilão Basco revelou ter roubado os poderes supremos de Changeman, Flashman e Maskman. Coincidência ou não, logo os três esquadrões exibidos aqui no Brasil pela extinta Rede Manchete. Cair na brincadeira do tipo "o fantasma do Adolpho Bloch estar assombrando a Toei" era irresistível. Tinha também quem dissesse bobagens como o estúdio "odiar os Sentais exibidos no Brasil", mas ainda assim era curioso demais e de arrancar risadas desse tipo de situação.

Falando nisso, esse ponto rendeu um gancho para o que viria ao final da série com o tributo aos três esquadrões mais famosos no Brasil junto com Sun Vulcan e Fiveman. As emoções foram grandes, principalmente ao ver atores da era Manchete de volta como Kazuoki Takahashi (Sho Hayate/Change Griphon), Kihachirô Uemura (Dan/Green Flash) e Issei Hirota (Akira/Blue Mask). Poderia haver uma participação maior e individual. Ou mesmo eles poderiam aparecer socando os Gormin. Mas foi muito bom do jeito que foi.

O Império Zangyack teve seu valor, embora não fosse um Gear, não fosse um Gôzma, nem um Mess, um Tube, um Volt ou um Vyram da vida. Há de se concordar que seus ataques foram mais ofensivos que os demais que já passaram antes deles. Acho que o único problema era o Príncipe Warz Gill, por ser mimado e irascível. (Sim, Kylo Ren teria um rival à altura.) Dentre os Zangyack, gostava mais do Damaras e do Barizorg (este último infelizmente teve um fim prematuro e a desejar). Porém nenhum deles chegara aos pés de Basco Ta Joloika. Seu jeitão ligeiramente lembrava o Kamen Rider Diend, da série Kamen Rider Decade. Foi o que mais deu trabalho e dor de cabeça para os heróis. Fazia aquele tipo de vilão que você odiava pelo resto da vida por causa das suas maldades. E é esse elemento que se faz um "bom" vilão. Saburo Hatte (a equipe de roteiristas) acertou a mão na concepção do personagem.

Gokaiger tem um erro à parte na cronologia da franquia por deixar entender que os eventos da série se passam poucos anos depois do final de Tensou Sentai Goseiger. Talvez uns dois, no mínimo, mas jamais oficializado. Isso foi "corrigido" com a estreia do Sentai seguinte, Tokumei Sentai Go-Busters. Um dito por não dito no fim das contas. Durante esse "hiato", acontecia a Legend Taisen, que foi contada com certos detalhes no filme Gokaiger Goseiger Super Sentai 199 Hero Great Battle. Inclusive, o filme trouxe outras participações especiais como Mika Kikuchi (Umeko/Deka Pink), Sayoko Hagiwara (Rei Tachibana/Dyna Pink), Junichi Haruta (Kanpei Kuroda/Goggle Black), Kenji Ohba (Daigoro Oume/Denzi Blue), Hiroshi Miyauchi (Sokichi Banba/Big One), Keiichi Wada (Ryo/RyuRanger) e tantos outros. Pra quem ainda não viu a série, recomendo este filme à título de curiosidade. Outro filme marcante é o Kaizoku Sentai Gokaiger vs. Uchuu Keiji Gavan: The Movie, o primeiro crossover entre um Super Sentai e um Metal Hero. Pretendo escrever sobre estes dois filmes no futuro.


Yui Koike inspirou encantos como
Ahim de Famille/Gokai Pink
Antes da estreia de Gokaiger na TV japonesa, a TV Asahi exibiu um especial sobre os 35 anos da franquia, apresentado por Teruyuki Tsuchida, um grande fã de Gundam e tokusatsu, e com comentários da Azusa Yamamoto, a Frabijo de Hurricaneger. O interessante é que a Toei acabou escalando os seus três melhores finais de Super Sentai: Flashman, Jetman e Dairanger. O programa foi ao ar na manhã do dia 22 de janeiro de 2011 (sábado). O mesmo dia do lançamento do filme Tensou Sentai Goseiger vs. Shinkenger Epic On Ginmaku nos cinemas japoneses. Rolou até uma prévia da "primeira" aparição dos Gokaiger usando algumas Ranger Keys. O especial é raro na internet e na época pude assistir tudo em tempo real através do KeyHole TV.

Gokaiger foi um Super Sentai que de alguma maneira "roubou" a coroa dos Kamen Riders durante a temporada do Super Hero Time. Considerando que na década passada, os Motoqueiros Mascarados da atual era Heisei tinham mais destaque que os esquadrões. Hoje em dia a coisa fica no empate. Eram vários boatos por cima de notas oficiais. Uma confusão dos diabos. Alguém lembra, por exemplo, de Gokaiger vagar de ilha em ilha atrás das versões alternativas dos Super Sentais? Pois é. Loucuras como essa - a la Decade - eram discutidas quase que sem parar na tokunet e muitas vezes tomadas como verdade. Esse foi o exemplo mais bizarro que pude lembrar. Super Sentai não precisaria chegar a tanto, né?

O ano 2011 foi um daqueles bem movimentado para os heróis de tokusatsu. Gokaiger deixou uma marca para quem assistia semanalmente e cravou saudade com o seu final. Particularmente falando, uma atriz que marcou bastante foi a Yui Koike (Ahim/Pink) com sua graciosidade apaixonante que faz qualquer pai de família ficar louco para cortejá-la. Acredite, até escrevi versos românticos... mas isso é uma outra história. Ah, não venha me dizer que ela é feia só porque ter um dentinho torto. De japonesa do tipo princesinha este blogueiro entende bem e não fica atrás de uma Rin Takanashi, uma Yumi Sugimoto ou uma Suzuka Morita da vida.

Gokaiger foi um dos poucos Sentai que chegaram ao nível de excelência. Algo raríssimo após o final da saga dos piratas espaciais. Pode ser este o maior tesouro do universo perdido pela Toei atualmente.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Samurai X sem dublagem. Culpa da Netflix?

Kenshin está de volta

Numa das palestras que participei na última edição do Sana Fest alguém na plateia havia comentado sobre a Netflix ter um estúdio de dublagem em Miami. Na oportunidade disse que isso não é verdade e expliquei rapidamente como a coisa funciona. O que acontece é que o serviço - que tem uma função equivalente à qualquer emissora de TV - recebe materiais das distribuidoras que fecham uma licença para um determinado período de exibição/disponibilidade. Ou seja, a Netflix não banca dublagem, com exceção das suas séries originais (lê-se: exclusivas). Um caso a parte aconteceu com Glitter Force que teve uma dublagem brasileira mediana feita em Los Angeles (e não em Miami como alguns generalizaram na net afora). A adaptação americana de Smile PreCure! foi produzida pela Saban Brands (que optou por essa dublagem para economizar) e entrou no catálogo com exclusividade. Interpretações errôneas dizem que qualquer série que tem o selo "Original Netflix" é uma série vitalícia e que não está sujeita a expirações, como se não houvesse dependência de contratos e direitos autorais.

Vamos por partes: há um número considerável de animes inéditos chegando na Netflix com dublagem. Um certo burburinho reclama como se todo anime novo que está surgindo tivesse dublagem em Miami (e achando que foi feito num estúdio da Netflix que nem existe) e a informação errada acaba indo pra frente e confundindo o público. Ainda são poucos os títulos dublados em Miami. Dois se não me engano. Há animes dublados no catálogo da Netflix, sendo que dois "originais" foram dublados no Brasil. Um em São Paulo (Knights of Sidonia) e outro no Rio de Janeiro (The Seven Deadly Sins). Uma boa olhada nos próprios créditos de dublagem no final de cada episódio faz cair por terra qualquer mito infundado.

Incrível como parte do público negligencia uma boa pesquisa pra saber como funcionam os tramites. Ou melhor, tentar entender isso. Que há burocracia de algumas distribuidoras que levam os seus títulos para os serviços de streaming e também em TV e home-vídeo. Provavelmente esse é o caso de Samurai X (Rurounin Kenshin no original), que entrou na Netflix nesta semana sem a dublagem clássica da BKS. Apenas com os áudios em japonês e inglês. Era de se esperar reclamações dos fãs e alguns incautos andaram mais uma vez a acusar a Netflix como se a "mancada" fosse dela. Entenda que meus argumentos não são para advogar o serviço (sou imparcial) e sim explicar que a coisa não é como a gente pensa e pra isso a gente tem que se informar antes de jogar pedra.

Quem está distribuindo para a Netflix brasileira? É a Sony, que por sinal distribuiu a mesma série para a Netflix de outros países dessa mesma forma. Não dá pra dizer ou muito menos especular o que houve. Tem tramites que ficam só nos bastidores. Motivo para boicotar? Claro que não. É nessa hora que como fãs temos que dar força, assistir, marcar ponto, dar audiência e dar um retorno. Reclamar para a Netflix? Sim. Por que não? Mas desde que você saiba do que vai reclamar e porquê vai reclamar - sabendo que nem tudo depende exatamente dos serviços. Uma reclamação pacífica pode fazer com que distribuidoras como a Sony atenda o público da forma mais fidedigna e haja uma comuniçação melhor no futuro.

Eu mesmo esperava a dublagem clássica da BKS, mas fiquei ciente de que talvez isso não fosse possível. Por isso não alimentei esperanças (como muitos saudosistas infelizmente fizeram). Aliás, a dublagem escorregou como era comum nos anos 90, por falta de consultoria. Ainda assim é uma das melhores por conta da escalação de elenco. Falando nisso, a Focus Filmes tinha planos para lançar a série em DVD e com uma possível redublagem. Mas não aconteceu. Comercialmente falando, talvez a dublagem antiga se defase com o tempo e fique apenas nos materiais alternativos de divulgação. Caso um dia aconteça uma redublagem (o que particularmente acho necessário), vá com o mesmo destino de Os Cavaleiros do Zodíaco e YuYu Hakusho. Mantendo o elenco original e corrigindo erros de tradução.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Dupla de heróis ganham protagonismo merecido em Active Raid


Dias atrás eu comentava sobre Active Raid, um dos animes desta temporada que tem elementos policiais e mechas na trama. Uma coisa que achei estranha de início foi a falta de protagonismo dos heróis Takeru Kuroki (Oscar 1) e Soichiro Sena (Oscar 2), uma vez que a novata Asami Kazari (Oscar VI) é quem roubava cenas apenas com seu forte temperamento.

No episódio da semana passada a dupla teve um tratamento melhor do que nos episódios anteriores. Kuroki e Sena foram apresentados como dois caras que aparentemente não suportam um ao outro. Mas por algum motivo conseguem manter uma forte interação no trabalho. Fica parecendo que um tira sarcasmo do outro, o que ajuda a trama a ser envolvente.

A tendência da série é continuar a focar o ponto de vista de Kazari e a dupla dos mechas Oscars serem secundários. Independente disso, é interessante deixar Kuroki e Sena aparecerem mais de vez em quando.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Stan Lee e Nelson Sato seriam odiados por tentarem adaptar tokusatsus originais no ocidente?

Nelson tinha planos para uma adaptação brasileira de Cybercop (Foto: Reprodução/Jbox)

Infelizmente a tokunet brasileira carrega uma mancha vergonhosa que, digamos, continua beirando na desinformação quando o assunto é Power Rangers e derivados. Ainda há quem defenda essas crendices como a Saban proibir tokusatsus no Brasil e coisas do tipo. Uma visão tapada gerada pelo saudosismo mancheteiro e que criaram absurdas lendas com o tempo. Nada como uma boa pesquisa aprofundada pra derrubar os mitos numa cajadada só.

Mas antes de Haim Saban adaptar Zyuranger nos EUA, tivemos dois candidatos que seriam seus precursores. O primeiro é Stan Lee. Pra quem não sabe, a Marvel foi parceira da Toei Company por quatro anos - de 1978 a 1982. O clássico nipônico Spiderman foi o primeiro fruto dessa parceria, seguido de Battle Fever J, o primeiro Super Sentai (até então). A Marvel trabalhou nas séries Denziman e Sun Vulcan como co-produtora. Foi mais pra cumprir o tempo restante de contrato. Em 1983, a divisão japonesa da Marvel tinha planos de levar tais produções japonesas para a TV americana, especialmente Sun Vulcan. Uma das emissoras visadas era a HBO. Já em 1985, foi gravado um piloto de uma adaptação americana de um Super Sentai, mas o projeto foi rejeitado pelas grandes emissoras estadunidenses.

Aqui no Brasil aconteceria uma coisa parecida. Na época da febre de Cybercop no começo dos anos 90, o diretor Jayme Monjardim conversava com Nelson Sato e na oportunidade deu uma ideia para o empresário de uma criação de uma versão brasileira dos Policiais do Futuro. Porem não deu certo, uma vez que a Manchete estava focada na produção da novela Pantanal. Segundo entrevistas à revista Gyodai (em 2005) e recentemente ao site Jbox (em 2015), Sato deu a entender que tal versão usaria cenas de ação da série japonesa enquanto os atores seriam brasileiros.

Daí a gente pode perguntar o seguinte: Lee e Sato seriam odiados no Brasil? Com certeza não. E nem merecem por isso. Essa forma de divulgar tokusatsu é válida e no mínimo interessante. No caso do primeiro: Changeman ainda estaria sendo exibido no Japão e obviamente ninguém no Brasil conhecia a ponto de vivenciar a febre que foi, junto com Jaspion. Caso a adaptação americana do estúdio de Stan Lee desse certo, nada disso iria interver na chegada das mais séries japonesas por aqui. O mesmo vale para o segundo caso: a exibição seria nacional seria uma e a série japonesa também. Talvez a versão brasuca faria sucesso ou talvez não. Acredito que sem grandes pretensões.

Com essa conclusão surge outra pergunta: Então pra que odiar Haim Saban se as séries originais continuam nos seus devidos lugares, independente da existência dessas adaptações? Nem se trata de defender o empresário israelita, até porque sua empresa acertou e errou como a Toei e qualquer produtora desse planeta azul que a gente chama de Terra. Power Rangers, assim como qualquer série japonesa, estão sujeitas a ter uma história boa ou ruim. Vai depender muito da criatividade e do empenho dos roteiristas.

Olha, hoje em dia fica mal informado e passa vexame quem quer. Uma coisa é questão de gosto, que não se discute. Outra é odiar e fazer uma campanha peregrina contra uma produção que sequer tem domínio no assunto pra falar. Por ironia do destino, um dos maiores divulgadores de Power Rangers são os próprios haters, que são genuinamente brasileiros (por que será?). Então, parabéns pela campanha que levou ao sucesso dos heróis americanos e vai continuar por várias e várias gerações.

Stan Lee ao lado do Homem-Aranha japonês